segunda-feira, 27 de julho de 2009

Pesadelo amazônico


Pesadelo amazônico
Um barco com o motor desprotegido e uma menina com cabelos longos. A combinação já fez centenas de vítimas, principalmente na região amazônica. As escalpeladas são mulheres de todas as idades que perderam o cabelo, o couro cabeludo e até orelhas e parte do rosto nas engrenagens do principal meio de transporte local. Como os motores dos barcos não são apropriados para a navegação, eles são fixados no meio do veículo. Para transferir força para a hélice, que fica na parte traseira, há um eixo exposto, que gira a uma velocidade de 1,8 mil rotações por minuto. Alguns segundos de descuido são suficientes para que acidentes bárbaros, porém comuns, façam com que mulheres fiquem completamente deformadas ou morram de hemorragia. Segundo dados da Comissão da Amazônia, existem cerca de 100 mil barcos navegando na região. Um terço deles transita sem qualquer fiscalização. Mas isso deve mudar. No último dia 13, o vice-presidente José Alencar sancionou a lei 11.970/2009, da deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP), que determina que os responsáveis pelas embarcações, que navegam nos rios da Amazônia, têm até o dia 6 de agosto para protegerem os eixos dos motores. A reivindicação à deputada partiu da Associação das Mulheres Escalpeladas do Amapá. A presidente da associação, Maria do Socorro Pelaes Damasceno, sofreu um escalpelamento aos 7 anos e já fez várias cirurgias plásticas para reconstruir o rosto e o couro cabeludo. Resta saber se a lei vai pegar, já que a maioria dos donos de embarcações não teria dinheiro para comprar os kits de proteção, vendidos a cerca de R$ 90. “O sofrimento não se resume ao acidente. Depois vêm inúmeros curativos, cirurgias e não é só isso. O momento mais difícil é a hora de encarar o espelho, sempre cruel e implacável ao revelar as mutilações do escalpelamento”, diz o cirurgião plástico Claudio Brito, criador da organização não-governamental Sarapó, que presta atendimento e distribui kits de proteção no estado. Além da dor física e da perda da autoestima, essas mulheres ainda têm de enfrentar o preconceito. “Eu sabia que as pessoas iam olhar pra mim assim: ‘nossa, aquela garota não tem cabelo, não tem orelha’, isso foi difícil pra mim”, diz uma vítima. O tratamento é doloroso e dura mais de 10 anos. A primeira etapa é repor a pele do crânio com enxertos retirados das pernas. Quando o acidente não é tão grave, há uma possibilidade de se recuperar o couro cabeludo. Nos últimos 20 anos, quase 200 vítimas foram atendidas na Santa Casa de Belém (PA), e 5% delas morreram. A cada mês, dois acidentes, em média, são registrados no Pará.

Um comentário:

  1. Ola amigos do blog,a materia muito chocante pois a maioria das mulheres amam os seus cabelos, mas o mais importante não e o exterior, mais o interior

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