quarta-feira, 29 de julho de 2009

DISTIMIA:DEPRESSÃO LEVE

DISTIMIA: DEPRESSÃO LEVE

Doença afeta cerca de 180 milhões de pessoas e traz prejuízos sociais, familiares e profissionais

CLARISSE WERNECKAGENCIA UNIPRESS INTERNACIONAL
Todo mundo já teve um colega de trabalho que “vivia” de mau-humor ou tem um familiar que está sempre quieto, calado e que prefere evitar eventos sociais. Ou, ainda, conheceu um adolescente rebelde. Saiba que essas pessoas podem sofrer de distimia.A distimia é uma doença do humor, como a depressão. No entanto, seus sintomas são mais brandos do que na chamada depressão maior, mas ocorrem de uma forma crônica, com a persistência da tristeza por longo tempo, podendo durar muitos anos ou até a vida inteira do indivíduo. Estima-se que ela acometa entre 3% a 5% da população mundial (cerca de 180 milhões de pessoas). Mas é pouco diagnosticada, pois muitos portadores não sabem que têm a doença.
Enquanto na depressão maior a pessoa tende a ficar prostrada, o distímico mantém a sua rotina normal, fazendo com que a enfermidade, muitas vezes, passe despercebida pelas pessoas que o cercam e até por ele mesmo. O psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, Uriel Heckert, no entanto, explica que essa “rotina normal” mantida pelos distímicos é relativa. “Esses pacientes encontram mais dificuldade para realizar as tarefas cotidianas, pois tudo lhes é custoso, exigindo maior esforço. Os relacionamentos tornam-se difíceis e o rendimento profissional acaba comprometido. Por viverem sempre insatisfeitos e irritadiços, tem seu funcionamento orgânico afetado, ficando mais sujeitos a doenças físicas, o que pode deixá-los ainda mais tristes. A distimia pode causar muito sofrimento e prejuízo”, explica.
Muitas vezes, os distímicos apresentam desempenho abaixo de sua capacidade, tanto no trabalho, quanto na escola. Relutam em realizar atividades “de risco”, como convidar alguém para sair ou ir a entrevistas para emprego. São ainda pessimistas, facilmente desencorajáveis e apresentam dificuldade em completar tarefas. Dr. Uriel Heckert explica que a distimia caracteriza-se pela presença, em grau moderado, de tristeza, desânimo, desinteresse por atividades prazerosas, pessimismo e sentimentos infundados de culpa. “Também pode ocorrer irritabilidade, alterações do sono e do apetite. Para se firmar o diagnóstico, os sintomas devem estar presentes de forma prevalente ao menos pelo prazo de dois anos. Não se trata de eventuais alterações do humor ou de uma reação negativa diante de eventos desagradáveis”, diz.
Humor oscilanteSegundo a psicóloga Adriana Araújo, a maioria dos distímicos não consegue demonstrar muito como está seu humor, se estão alegres ou tristes. “Muitos artigos na internet referem-se ao distímico como irônico ou com humor sarcástico, mas essa não é a regra; a maioria é mais introspectiva e com pouca expressão dos sentimentos e emoções”, diz.
O perfil típico do distímico é o de uma pessoa mal-humorada, quieta demais ou que está sempre triste. Na maioria dos pacientes, a doença começa cedo: na infância, adolescência ou início da idade adulta, por isso ela é facilmente interpretada como o jeito de ser da pessoa. Em crianças, muitas vezes expressa-se por irritabilidade e mau humor ou isolamento. Em adolescentes, pode associar-se à rebeldia ou abuso de drogas, além de irritabilidade ou isolamento.
“A tendência geral é considerar o quadro como característica da personalidade daquela pessoa e, portanto, como algo irremediável. Os distímicos acabam ganhando má reputação e passam a ser alvo de críticas que não consideram o grau de sofrimento em que eles vivem”, afirma Heckert.
Depressão e tristeza"Todas as pessoas se sentem tristes em algum momento da vida. Eventos adversos como perda de um emprego, separação, morte de uma pessoa próxima, mudanças que não são bem-vindas, entre outros, podem causar muita tristeza. Entretanto, mesmo tristes, essas pessoas conseguem executar as tarefas, mantendo algum bom humor e esperança, até que um dia superam esse sentimento.
Na depressão e na distimia, a experiência emocional é muito mais intensa e duradoura e a pessoa sente-se sem esperança e vitalidade, acha-se incapaz e tem autoestima baixa, podendo chegar até a ideias suicidas. O fato de não conseguir ver o lado bom das coisas, interfere de forma decisiva em seus afetos, nos comportamentos e planejamento de vida.
Mas a depressão é uma doença completamente tratável, desde que o paciente e a família tomem a atitude de procurar um médico e seguir suas recomendações."
O tratamentoComo os sintomas da distimia acompanharam o paciente por muitos anos de vida, ele pode levar um tempo até conseguir se livrar dos efeitos da depressão crônica. De imediato, um psiquiatra deve ser consultado. Ele poderá receitar medicamentos para eliminar o máximo de sintomas possível (humor deprimido, falta de sono, alterações de apetitite, etc). Depois, a psicoterapia é recomendada para auxiliar no redirecionamento de sua vida.
"A psicoterapia envolve técnicas para detectar necessidades de mudanças, aumento de energia e vitalidade, planejamento e ação", diz a psicóloga Adriana Araújo.
O psiquiatra Uriel Heckert recomenda ainda a terapia familiar, para ajudar na superação dos problemas nos relacionamentos causados pelos sintomas da distimia.
Para a geriatra Margarete Henriques, o apoio da família é muito importante para a cura da enfermidade. "A família deve entender que os comportamentos do paciente são originários de uma doença", diz.
Em seu consultório, ela encaminha pacientes seus com suspeita de depressão ou distimia a psiquiatras ou psicólogos, com frequência, sem que, no entanto, a família tenha percebido algo de errado com eles. "O próprio portador da depressão ou distimia, muitas vezes, se recusa a procurar um médico por achar que seu ‘mal-estar’ é resultado de problemas particulares ou sociais que está atravessando. Esta recusa é sinal de que algo não vai bem!", diz a especialista.
SintomasA maioria dos doentes não apresenta todos os sintomas relatados abaixo, mas se forem observados pelo menos oitos deles, um psiquiatra ou psicólogo deve ser consultado:¡ tristeza, humor deprimido;¡ sensação de desamparo;¡ dificuldade de concentração;¡ dificuldade para tomar decisões;¡ baixa autoestima;¡ baixo nível de energia;¡ fadiga;¡ problemas de sono (insônia, sono não reparador, sonolência exagerada, etc.);¡ alterações do apetite (falta ou excesso de apetite, descontrole com relação a certos tipos de alimentos, como doces);¡ falta de memória;¡ isolamento social;¡ irritabilidade;¡ dificuldade para realizar atividades de risco (entrevista para emprego, convidar alguém para sair, etc.);¡ facilidade para ser desencorajado;¡ pessimismo;¡ falta de esperança;¡ mau humor;¡ abuso de álcool ou drogas;¡ enxaqueca;¡ náuseas;¡ desmotivação;¡ pensamentos suicidas;¡ autocrítica exagerada;¡ crítica (aos outros) exacerbada.






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