quinta-feira, 30 de julho de 2009

NO CAMINHO DA CULPA





No caminho da culpa

Muitas pessoas se autoflagelam por causa deste sentimento, que leva à depressão e até mesmo ao suicídio

AGÊNCIA UNIPRESS INTERNACIONALAlice Mota
Culpa é um sentimento que pode provocar a autopunição. Muitas religiões ainda o tratam com requintes medievais e obrigam seus seguidores a pagarem penitências. Há seitas islâmicas que praticam a autoflagelação - o dilaceramento do próprio corpo. No Brasil, há alguns grupos de penitentes, no Nordeste, que também praticam rituais de autoflagelo, como a Ordem dos Penitentes.
Como destacou a psicóloga Martha Padrão, por causa deste sentimento, muitos têm sofrido de depressão e até mesmo cometido o suicídio.
Segundo a especialista, a culpa também pode levar a pessoa a sentir-se vítima. “Existem aquelas pessoas que se matam com o intuito de fazer uma outra se sentir culpada.”
Constantes acusaçõesNa família, muitos pais se culpam pela rebeldia e pelo fracasso dos filhos. Casais se acusam pelo insucesso no relacionamento e acabam se separando.
No entanto, em recente Concentração de Fé e Milagres, que acontece todos os domingos na Catedral Mundial da Fé, na Zona Norte do Rio de Janeiro, bispo Clodomir Santos, responsável pelo trabalho evangelístico, alertou para que as pessoas não aceitem o sentimento de culpa, que na maioria das vezes é causado por constantes acusações entre os próprios membros da família. E, por conta disso, lares têm sido desfeitos.
“Não se pode alimentar o sentimento de culpa. Alimente-se de sentimentos e pensamentos de Deus. Não dê ouvidos a ninguém, não aceite palavra de condenação. Se você fez alguma acusação a alguém, vá até ele e peça perdão”, destacou o bispo.
Exemplificando o que dizia, o bispo contou a história de um rapaz que era usuário de drogas e freqüentava a igreja em busca de libertação. Até que um homem lhe dirigiu uma palavra de acusação dizendo que tipo de crente era ele. O rapaz deixou aquela palavra entrar na sua vida, sentiu-se culpado e se afastou da igreja.
Graves conseqüênciasEntre as principais conseqüências do sentimento de culpa, a autoflagelação é freqüente em muitos movimentos e religiões. O “Opus Dei” é um deles. Em seu site, o movimento é denominado como “instituição da Igreja Católica(...)”. Pessoas que trabalham neste movimento são conhecidas como numerárias, divulgam casos de autoflagelação e de que modo cometem esses atos.
PuniçõesO cilício é o instrumento que os integrantes do “Opus Dei” fabricam para se autoflagelarem. Entre as punições cometidas com este instrumento de martírio corporal está a de colocar uma tira de arame com pontas no alto da coxa durante duas horas por dia e açoitar as nádegas nuas uma vez por semana com um chicote de corda trançada.
Rituais de autoflagelação do grupo da Ordem de Penitentes no Nordeste do País são feitos de diversas maneiras, desde longas caminhadas pedindo esmolas, até a martirização do corpo com instrumentos próprios.
Cacho é instrumento de suplício utilizado por estes penitentes, formado por lâminas de ferro e que pertenceu ao fundador da seita. A autoflagelação é feita junto aos cruzeiros, nas portas das igrejas ou nos cemitérios, sempre de madrugada e longe da visibilidade.
“Meus pais sofriam com meus vícios”
“Eu me sentia culpado ao ver meus pais sofrendo por causa do meu vício em cocaína e crack, que me destruía, e a culpa me atormentava”, lembra o jovem Rômulo de Araújo Oliveira, 29 anos, que por várias vezes foi internado em clínicas particulares para desintoxicação. O rapaz chegou a perder a sanidade mental por causa dos efeitos das drogas.
Para sustentar o consumo frenético das substâncias alucinógenas, Rômulo furtou objetos da família e utensílios domésticos. “Eu me sentia horrível, mas não conseguia me controlar. A tristeza e a depressão faziam com que eu me afundasse ainda mais nos vícios. Fiquei louco e também tentei o suicídio.”
As orações da mãe, Celeste Araújo, nas correntes de libertação, que acontecem da Igreja Universal, foram fundamentais para a total recuperação de Rômulo. “Sou testemunha da eficácia dos propósitos da Sessão de Descarrego, porque somente através da fé em Jesus Cristo, das orações fortes e dos ensinamentos alcancei a libertação do vício em cocaína e crack, que me levaram ao inferno”, declara.
COLABOROU: Ticiana Bitencourt
“Carrego muita culpa”
A jovem Suzana* conheceu Paulo* e começaram a namorar, mas em pouco tempo descobriu que a vida dele era uma farsa. Através da própria mãe de Paulo e da sua ex-mulher, Suzana ficou sabendo que ele usava as mulheres para se esconder da justiça, por causa de acusações de estelionato e homicídio. E, por saber da participação dele em um caso de homicídio, Suzana se sente culpada por não tê-lo entregue à polícia.
“Como todas as outras mulheres que ele se relacionou, eu fui ameaçada por ele. Mas o medo que sinto não é maior do que a culpa que carrego. Me sinto culpada também de ter morado com um marginal e por deixado meu filho, ainda criança, conviver com ele”, lamentou Suzana.
Suzana diz que lhe falta coragem para avisar a atual mulher dele sobre quem ele é realmente.“Não quero que aconteça com ela o mesmo que aconteceu comigo e com outras mulheres. É horrível conhecer o autor de um crime e não carregar uma culpa de não entregá-lo à polícia”, declarou.
Suzana também contraiu uma dívida de R$ 6.000,00 sendo vítima de Paulo nos golpes de clonagem.
“Ele fazia clonagem de telefonia fixa e cartões de crédito com limites de R$ 2.000,00”, contou Suzana.

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