sexta-feira, 24 de julho de 2009

Choque térmico


Choque térmico
Por Natália Mazzoni natalia.mazzoni@folhauniversal.com.br Para ter todas as funções em ordem, o corpo humano precisa ter, em média, 37ºC. Quando a temperatura está abaixo do normal, a chamada hipotermia, pode ocorrer problemas que comprometem o funcionamento do organismo. Mas o frio nem sempre é o vilão. Se aplicadas de forma correta, baixas temperaturas podem ser usadas a favor da saúde. É por isso que cientistas e médicos se dedicam cada vez mais à hipotermia terapêutica, que tem sido usada, com ótimos resultados, em procedimentos cirúrgicos e tratamentos. A técnica mais conhecida, e muito usada por atletas, é a aplicação de bolsas com gelo ou gel congelado ou até imersão em piscina com gelo para tratar lesões esportivas. "Os benefícios do uso adequado do gelo são a diminuição da fadiga muscular, recuperação de processos inflamatórios e recuperação de atletas após o treino", diz o especialista em fisioterapia esportiva, David Homsi. Mas a hipotermia vai além das lesões musculares. A aposentada Maria de Nazareth Diz Meireles de Assis, que luta contra um câncer desde 2006, sabe bem disso e sentiu na pele as vantagens de se tratar com temperaturas abaixo de zero. Ela é um dos dez pacientes de quimioterapia do Instituto Paulista de Cancerologia (IPC) que começaram a usar uma touca com gel congelado a uma temperatura de 25°C negativos para combater a queda de cabelo, um dos efeitos colaterais do tratamento contra o câncer. Segundo dados do instituto, as pessoas que se submeteram à nova técnica, conhecida como hipotermia local, perderam apenas 20% dos cabelos durante o tratamento, enquanto o comum é um paciente de quimioterapia perder 70% dos fios. O médico responsável pelo projeto, e diretor do IPC, Hézio Jadir Fernandes Junior explica que a touca produz um processo de contração dos vasos sanguíneos. "A baixa temperatura provoca essa vasoconstrição e diminui o fluxo sanguíneo. Dessa maneira, a droga quimioterápica causadora da queda do pelo não chega até o folículo piloso (base do cabelo), o que evita que o fio caia”, diz. Maria passa por ciclos de quimioterapia a cada 20 dias, que duram 4 dias seguidos. Neste ano, a touca usada por ela em todas as sessões – colocada 15 minutos antes do início do tratamento e trocada a cada 45 minutos – veio para ajudar em um dos sintomas que mais incomodavam a aposentada. "Nunca me acostumei a usar perucas. Sempre me virei usando lenços ou boinas. Desta vez, meu cabelo não caiu quase nada. É o primeiro inverno que não sinto frio na cabeça", comenta. Especialistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também usam a hipotermia local, em casos de cirurgias de aneurisma cerebral. Durante a operação, a temperatura no local da cirurgia é diminuída em até 30°C, com a aplicação de uma espécie de soro fisiológico gelado que é feita na região da cabeça que está exposta. Dessa maneira, é reduzida a produção de substâncias excitantes que são formadas quando o cérebro sofre uma lesão, e podem levar o paciente à morte. "Com a hipotermia local, o paciente tem muito mais chances de sobreviver. Desde que começamos com esse procedimento, não tivemos nenhum óbito", diz o neurocirurgião Mirto Prandini, professor e diretor do Laboratório de Técnicas Neurocirúrgicas da Unifesp.

Um comentário:

  1. Este post deveria ser mais difundido pela internet, a fim de ajudar àqueles que estão passando por tratamentos quimioterápicos!

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