CONFRONTO E CONTRASSENSO: DEPOIS QUE TRÊS ESTUDANTES FORAM FLAGRADOS FUMANDO MACONHA NA USP, GRUPO DE ALUNOS EXIGE QUE PMs DEIXEM DE PATRULHAR CÂMPUS; EM MAIO DESTE ANO, NO ENTANTO, ELES SE MOBILIZARAM POR REFORÇO NO POLICIAMENTO LOCAL, QUANDO ESTUDANTE FOI BALEADO E MORTO DURANTE ASSALTO
OS CONFRONTOS ENTRE ESTUDANTES E PMs QUE FAZEM PATRULHAMENTO no campus da USP da capital, localizado no bairro do Butantã, acontecerem depois que três jovens foram detidos por policiais militares porque estavam fumando maconha no estacionamento da universidade. Revoltados com a abordagem, outros estudantes tentaram evitar que o trio fosse levado a uma delegacia. Iniciava-se, assim, um dos maiores conflitos já registrados na Cidade Universitária.
"MACONHA É NATURAL,
COXINHA É QUE FAZ MAL"
(Um dos 'gritos de guerra' dos estudantes, em repúdio à ação da PM no câmpus)
NAQUELA MESMA NOITE DE 27 DE OUTUBRO, ALUNOS DA FACULDADE de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) começaram a exigir que a PM abandonasse o território da USP. O bate-boca então começou. Um cavalete foi jogado nos polícias, que reagiram usando cassetetes e bombas de gás para dispersar o grupo. O prédio da administração da FFLCH foi invadido e depredado pelos manifestantes.
AO LONGO DA NOITE, MAIS ALUNOS SE JUNTAVAM AO "GRUPO DOS REBELDES". Por volta das 20h, já havia cerca de 300 protestando contra a presença da PM dentro da USP. gritando palavras de ordem como "Maconha é natural, coxinha é que faz mal!", "Fora PM do mundo" e "Ditadura, assassinatos e tortura. Não esquecemos".
O TENENTE-CORONEL DA PM LOSÉ LUIZ DE SOUZA, QUE ACOMPANHOU AS MANIFESTAÇÕES, disse que a abordagem de alunos é normal e que não houve excessos no modo de abordagem. "Não é um excesso. A abordagem é um dos recursos para reprimir ilícitos de maneira geral. É um poder legal da polícia", disse.
PROFESSORES EM DEFESA DOS "REBELDES"
EM ARTIGO PUBLICADO NO SITE DO DIRETÓRIO CENTRAL DOS ESTUDANTES (DCE), Lincoln Secco, professor livre-docente em História Contemporânea, afirmou que a imprensa retratou os alunos da USP como "um bando de usuários de drogas em defesa de seus privilégios". Em outro trecho de seu artigo, Secco escreve que "é inaceitável que um espaço dedicado á reflexão, ao trabalho, à política, às artes e também à recreação de seus jovens estudantes seja ameaçado pela força policial".
O GOVERNADOR DO ESTADO, GERALDO ALKIMIN (PSDB), REBATEU AS CRÍTICAS DE SECCO e afirmou que "ninguém está acima da lei". O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), também se mostrou contra os protestos estudantis. "A USP está dentro da cidade de São Paulo, do Estado de São Paulo e do Brasil. Ela não é um país à parte e, portanto, está condicionada à Constituição Brasileira".
UM OUTRO GRUPO DE ESTUDANTES, favorável à permanência da PM na universidade, foi formado logo em seguida. Estes contam com o apoio do prefeito de São Paulo e do governador do Estado, que disse que a polícia continuará atuando dentro do câmpus com o mesmo rigor que atua fora dele.
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