sábado, 8 de agosto de 2009

ALZHEIMER



ALZHEIMER: CASOS TENDEM A CRESCER

Nos próximos anos, mais de 80 milhões de pessoas serão vítimas da enfermidade

VANESSA SENDRAAGÊNCIA UNIPRESS INTERNACIONAL
Olhares distantes, mentes com dificuldade de raciocínio, vida sem expectativas, um verdadeiro estado vegetativo da alma. Esta é a realidade das vítimas do mal de Alzheimer, uma patologia também conhecida como esclerose ou, popularmente, “caduquice”. Estima-se que, até 2040, cerca de 81 milhões serão portadores da enfermidade. Alzheimer é uma doença do cérebro, degenerativa, que gera atrofia progressiva, sendo mais comum em pessoas após os 65 anos de idade, com maior incidência depois dos 80.
Segundo o neurologista Luiz Felipe Rocha Vasconcellos, graduado pela Universidade Gama Filho (UGF), com residência e mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a patologia é um dos tipos de demência que se caracterizam pelo comprometimento não só da memória recente, mas também das alterações de comportamento, fala, resolução de tarefas, entre outros sintomas. “É importante ressaltar que há perda de capacidades cognitivas (estruturas básicas que servem de suporte a todas as operações mentais) prévias com prejuízo nas atividades do dia a dia, como, por exemplo, incapacidade de sair sozinho, fazer compras, etc.”, orienta.
As causas da enfermidade são desconhecidas. O doutor Luiz Felipe esclarece que o que provoca a doença é a morte de neurônios (células do sistema nervoso). “Eles produzem acetilcolina, uma substância química que também está envolvida no processo da memória.”
Uma série de fatores aumenta a probabilidade de um indivíduo desenvolver a doença de Alzheimer. “Envelhecimento, síndrome de Down, histórico familiar, sexo feminino, baixo nível de escolaridade e hipertensão arterial mal controlada”, ressalta o neurologista.
O diagnóstico é clínico, baseado no que o paciente e o acompanhante falam e na realização de exames específicos para avaliação cognitiva. “Em alguns casos, é necessário um teste mais detalhado e extenso, como o neuropsicológico, feito por um psicólogo ou médico especializado. Os complementares como tomografia do crânio e exames de sangue também são importantes para descartar outras causas de demência.” Vasconcellos acrescenta: “A enfermidade só pode ser diagnosticada por um médico capacitado, ou seja, neurologista, geriatra ou psiquiatra.”
A análise de cérebros de pacientes com Alzheimer demonstra principalmente: atrofia cerebral mais intensa do que o esperado para a idade; depósito de substâncias que matam e bloqueiam os neurônios, as chamadas placas amilóides e presença de proteínas alteradas que se acumulam dentro das células do sistema nervoso.
Na fase inicial da patologia, o indivíduo portador da doença fica confuso, esquecido e tem dificuldade para se comunicar. Pode apresentar, também, descuido com o visual, falta de iniciativa e autonomia para as atividades diárias.
Já na intermediária, o doente precisa de grande ajuda para as tarefas do dia a dia, pode não reconhecer os familiares, apresentar incontinência urinária e fecal (caracterizada pela perda involuntária de urina e fezes), impossibilidade de fazer julgamento, necessidade de assistência para vestir-se, se alimentar, tomar banho, ingerir medicamentos e realizar demais necessidades fisiológicas e de higiene. Além disso, pode se comportar de forma incorreta, se irritar, ser desconfiado, impaciente, agressivo, depressivo e apático.
No período final, existe perda de peso, dependência de maneira geral, incapacidade de realizar qualquer atividade de rotina, falta de concentração, reações a medicamentos, infecções bacterianas e problemas nos rins. Na maior parte dos casos, a causa da morte não tem nenhuma relação com a enfermidade, mas sim com aspectos em relação à idade.
A doença não tem cura. “O tratamento é à base de remédios que aumentam no cérebro a quantidade do neurotransmissor acetilcolina. O resultado do tratamento é variável e, com o tempo, os pacientes passam a não ter a mesma resposta de antes. Também é necessário uso de medicações para controle de agressividade, depressão e alucinações.”
Atenção dos parentesA patologia não atinge apenas o indivíduo portador, mas todos que estão próximos a ele. Os familiares devem estar preparados para momentos muito difíceis, pois terão sobrecarga emocional, física e financeira. É preciso que o doente tenha a atenção dos parentes, cuidados gerais, acompanhamento médico e visitas.
Dona Luzia de Campos, 81 anos, ex-funcionária pública, atualmente aposentada, é portadora do mal de Alzheimer e está na fase intermediária. O filho, Fabiano Guedes, 28, editor de videotape, conta como é difícil aceitar a dura realidade da mãe, que sempre foi uma mulher ativa e trabalhadora. “Ela era eficiente no trabalho, sempre exigente com limpeza, organizada e amorosa. É muito triste ver que aquele exemplo de vida não te reconhece, nem consegue fazer as atividades básicas”, desabafa.
Fabiano mudou a arrumação da casa e teve grande alteração no orçamento mensal devido à doença de dona Luzia. “Tive que esconder os utensílios domésticos, estocar alimentos e guardar comidas preparadas para ela não estragar. Além disso, devido à incontinência urinaria e fecal, tive mais despesas com produtos de limpeza, energia e novas roupas”, esclarece.
Como os sintomas vão se agravando diariamente, o editor de videotape fala que está muito impaciente e cansado. “Nos dias que minha mãe tem insônia, bagunça a casa, arrasta móveis e grita; isso atrapalha os vizinhos, pois moro num apartamento. Devido a todos estes acontecimentos, atualmente, me irrito com facilidade e tenho alterações no sono”, afirma.
Com a enfermidade, Fabiano perdeu a privacidade e vida pessoal. “Somos somente eu e minha mãe, com isso não posso ausentar-me muito de casa, pois tenho que ajudá-la”, relata.
É fundamental que a pessoa que cuida de um portador de Alzheimer tenha tempo para cuidar de seu bem-estar físico e mental. “Aconselho realização de atividades de lazer como: caminhadas, cinema, teatro, cursos de curta duração e, em alguns casos, acompanhamento psicológico”, diz o especialista.
Luiz Felipe Rocha Vasconcellos enumera alguns hábitos que ajudam a reduzir o risco de uma pessoa desenvolver a patologia ou retardá-la: “Realização de qualquer atividade que estimule o cérebro, como leitura, cursos com objetivo de adquirir novas capacidades (artesanato, informática ou dança), controle rigoroso de doenças crônicas (hipertensão arterial e diabetes) e ainda envolvimento em atividades sociais.”

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