terça-feira, 20 de março de 2012

Livre-se dos tiques.

Movimentos ou emissão de sons involuntários são sintomas de transtornos neurológicos que podem ser atenuados com o tratamento certo

À primeira vista, pode parecer engraçado. A pessoa pisca os olhos repetidamente, faz caretas, torce o nariz e pode até pigarrear. Sem querer, vira motivo de piada no trabalho e até entre a família. Mas os popularmente chamados tiques – movimentos ou vocalizações involuntários – não têm nada de cômico. São, na verdade, sintomas de vários transtornos neurológicos. Os tiques, porém, se manifestam com maior frequência em um tipo específico de transtorno: a síndrome de Tourette. Suas causas ainda são desconhecidas, mas sabe-se que existem influências principalmente de fatores genéticos e ambientais.


Segundo a neurologista Marcia Lorena Chaves, integrante do Departamento de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, muitos tiques são comuns na infância e tendem a desaparecer com o crescimento. Até 10% das crianças em idade escolar apresentam transtornos de tiques, segundo estudo da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência. "Movimentos com a mão, boca, fazer caretas e até misturar sons são comuns na infância. Eles podem desaparecer a partir dos 10 anos. Isso tudo faz parte do desenvolvimento da criança", explica.


Existem dois tipos de tiques: os simples e os complexos. Entre eles, há os motores e os vocais. De acordo com a Associação Brasileira de Síndrome de Tourette, Tiques e Transtorno Obsessivo Compulsivo, os tiques motores normalmente são representados por contrações repetitivas e rápidas de grupos musculares, como piscar os olhos, encolher os ombros, espasmos de pescoço e fazer careta. Formas mais graves incluem cheirar ou tocar objetos ou até fazer gestos obscenos, por exemplo.


Já os tiques vocais incluem o ato de tossir, pigarrear, roncar e fungar, estalar lábios, emitir sons de sucção, soluçar e suspirar. Neste grupo, há também os complexos, que são a repetição de palavras, frases ou até o disparo de palavras obscenas fora de contexto. Segundo a neurologista, cada tique pode estar ligado a um tipo de síndrome de transtorno de movimento – a de Tourette é uma delas –, e existe tratamento para atenuar os sintomas por meio de medicação. Ela destaca que o mais importante é procurar um neurologista para o diagnóstico correto.

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