sexta-feira, 12 de agosto de 2011

No limite

Brasileiras aparecem em quarto lugar em ranking das mulheres mais estressadas do mundo

Talita Boros

talita.boros@folhauniversal.com.br

Você se sente pressionada para ter uma sólida carreira profissional e ao mesmo tempo manter as responsabilidades da vida familiar? Se sua resposta for sim, você está entre a maioria das mulheres do País que sofre para conseguir conciliar todas as obrigações da vida moderna. As brasileiras aparecem em quarto lugar no ranking das mais estressadas do mundo, realizado pela consultoria Instituto Nielsen em 21 países. A pesquisa, chamada de The Women of Tomorrow (A Mulher do Amanhã, em português) mostrou que duas em cada três brasileiras se consideram estressadas.


Com 67% das entrevistadas no Brasil afirmando viver em constante pressão, o País fica atrás apenas da Índia (87%), México (74%) e Rússia (69%). Segundo o estudo, o estresse feminino é atribuído às múltiplas funções desempenhadas por elas – em casa e no trabalho –, e à falta de tempo para o descanso. Para a psicóloga Ana Elizabeth Luz Guerra, do Centro Internacional de Análise Relacional (Ciar), a inserção da mulher no mercado de trabalho e a crescente necessidade de mão de obra contribuíram para as superposições dos papéis atribuídos socialmente a elas. “É fato que a mulher não pode ser mil ao mesmo tempo. As consequências disso são os sentimentos de inadequação, incompetência, frustração, estresse, além de doenças”, explica. Ao todo, a pesquisa ouviu 6,5 mil mulheres, incluindo 318 brasileiras, entre fevereiro e abril deste ano.


No outro extremo da lista estão as suecas e malaias, consideradas as mais tranquilas do mundo. Nesses dois países, menos da metade (44%) delas afirma estar estressada na maior parte do tempo. “A divisão das tarefas do lar entre homens e mulheres se faz naturalmente mais igualitária em países desenvolvidos, como a Suécia”, destaca Ana Elizabeth.


Para Maria Isabel Bellaguarda Batista, também psicóloga do Ciar, o acesso a sistemas de educação e saúde confiáveis, tanto para si como para seus familiares, assegura à mulher possibilidades de ausentar-se do território familiar para exercer suas funções no trabalho de forma mais leve e com menos culpa. “A possibilidade de ter tempo para cuidar de si, para vivenciar o prazer de encontrar amigos, por exemplo, pode diminuir os níveis de estresse”, diz Maria Isabel.


A dica das especialistas para aliviar a sobrecarga do estresse é investir no autoconhecimento para dominar habilidades e limites. “A mulher sofre as consequências da modernidade de forma mais direta pelo fato de não se sentir compreendida e valorizada suficientemente. Parece que elas sempre estão em falta com algo ou com alguém”, ressalta Maria Isabel.

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