sexta-feira, 14 de agosto de 2009

PALCO DE GUERRA


Palco de guerra
No que se refere a futebol, o Brasil está sempre entre os primeiros colocados. Um dado recente, porém, dá ao País uma liderança mundial digna de protestos e indignação: é o campeão de mortes relacionadas com futebol, segundo pesquisa do sociólogo Maurício Murad, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade Salgado de Oliveira, também no Rio. De 1999 a 2008, ocorreram 42 mortes de torcedores no interior ou nos arredores de estádios brasileiros. E com o País de olho da Copa de 2014, os números preocupam ainda mais. A maioria das vítimas tem entre 14 e 25 anos, pertence às classes baixa ou média baixa, é desempregada e curiosamente não pertence aos setores considerados mais violentos das torcidas organizadas. E a violência só cresce. Se em quase 10 anos houve média de 4,2 mortes por ano, entre 2007 e 2008, foram 14 casos. “Essa situação reflete o aumento da violência em toda a sociedade, provocado por impunidade, corrupção e falta de medidas públicas, e também por aspectos específicos do futebol, como venda de bebidas alcoólicas em alguns estádios, ação dos cambistas, incentivo de dirigentes à rivalidade entre torcedores, e falta de transporte público e policiamento nas saídas dos jogos”, analisa Murad. Segundo o sociólogo Carlos Alberto Pimenta, da Universidade Federal de Itajubá (MG), “até os anos 80, havia uma formação social voltada para o coletivo. A partir daí, passou-se a valorizar mais o aspecto do consumo e da individualidade, o que funciona como pólvora em grupos sociais onde há tensões”. Heloísa Helena Baldy dos Reis, autora do livro “Futebol e Violência”, aponta uma possível saída: “O futebol é espaço de autoafirmação masculina, por isso, a presença das mulheres na arquibancada é importantíssima, pois elas inibem a agressividade dos homens.” (G.B.)

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