terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dificuldade para engravidar e cobranças sociais ou religiosas podem causar sintomas reais de uma gestação imaginária.


Dificuldade para engravidar e cobranças sociais ou religiosas podem causar sintomas reais de uma gestação imaginária. Mulheres com depressão têm mais risco de apresentar o distúrbio




Enjoos, ausência de menstruação, ganho de peso e aumento do abdome são descrições típicas de uma gravidez, mas podem esconder um fenômeno raro. A ansiedade de ser mãe, ou mesmo o medo de engravidar, além da pressão social para gerar um filho levam algumas mulheres a desenvolver a pseudociese, também conhecida como gravidez psicológica. 

“O problema está relacionado a conflitos inconscientes, como dificuldade de engravidar, sensação de perda de um filho ou cobranças sociais e religiosas”, diz a psicóloga Elisangela Batista Secco. Na gravidez psicológica, diz ela, a paciente acredita estar gerando um bebê e sente todos os sintomas de uma gestação, mesmo que os exames provem o contrário. Mulheres com quadros de psicose ou depressão têm mais risco de apresentar o distúrbio.

A falsa gravidez tem origem psicológica, mas provoca mudanças reais que duram vários meses. Maria de Fátima Rezende Francisco, psicóloga obstétrica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que o diagnóstico é difícil porque muitas pacientes não aceitam a avaliação do médico. “O exame dá negativo, a mulher não acredita e vai a outro médico. Muitas têm leite e sentem até movimentos semelhantes aos de um bebê. É um sofrimento muito grande”, avalia.

Na capital paulista, o Hospital São Paulo, da Unifesp, tem especialistas para atender a casos do tipo e registra entre três e quatro ocorrências por ano, número considerado muito pequeno na avaliação de Maria de Fátima.

O tratamento da pseudociese inclui terapia com psicólogo ou psiquiatra, além de acompanhamento com outros médicos. Em alguns casos, a mulher recebe medicamentos para reduzir sintomas, como a produção de leite e as dores abdominais. “É realizado um trabalho para tirar as idealizações e frustrações ligadas à maternidade. Mesmo quando a mulher já tem consciência de que é uma gravidez psicológica, demora um tempo até todos os sinais desaparecerem”, diz Elisangela Secco.

Para Maria de Fátima, o apoio da família e dos amigos é essencial. “É necessário entender que a mulher não está mentindo. Ela está doente e precisa de cuidados.”

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