sábado, 11 de agosto de 2012

De olho no glaucoma


Ainda sem cura, maior causa de cegueira no País será tratada com remédio liberado por lente de contato que está em fase de pesquisa

Pesquisadores brasileiros criaram uma espécie de lente de contato capaz de liberar medicamento nos olhos que promete ser um grande aliado no tratamento do glaucoma. A doença, ainda irreversível, precisa de tratamento contínuo. O uso inadequado de colírio, o esquecimento ou a falta de recursos mostram a ineficiência do combate ao problema, que, segundo o professor da pós-graduação em glaucoma da Universidade Federal Paulista (Unifesp), Paulo Augusto de Arruda Mello, atinge 1,2 milhão de pessoas no País e é a maior causa de cegueira no Brasil.


"Concluímos a fase de bancada da pesquisa com sucesso. Usamos um princípio ativo que diminui a pressão do olho em um dispositivo de liberação controlada. A forma da lente ainda será desenvolvida até chegarmos ao modelo mais confortável para o paciente, mas trabalhamos com silicone como matriz no dispositivo que estamos usando", explicou José Roberto Rugero, coordenador da pesquisa realizada durante 3 anos no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), com ajuda de profissionais da Unifesp e apoio do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da empresa Ophthalmos.


Agora, a pesquisa será testada, o que exige um financiamento em torno de R$ 1 milhão, segundo Rugero. A previsão é de que sejam necessários mais 2 anos de estudo até o produto chegar ao mercado. "Iria facilitar muito a adesão ao tratamento", acredita o presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Aderbal Alves Jr. "Como o glaucoma é comum em idosos, há problema de esquecimento de um tratamento que tem de ser diário e durante a vida toda."


De acordo com Mello, a fidelidade ao tratamento é a grande vantagem de usar um dispositivo que libera a droga na concentração adequada, diferentemente do colírio. Segundo ele, o glaucoma se dá pelo aumento da pressão no nervo ótico, o que pode ser detectado em exames oftalmológicos. A doença, afirma ele, apesar de não ter sintomas em 80% dos casos, é mais comum começar a se manifestar em quem tem mais de 40 anos, em negros, pacientes com mais de 6 graus de miopia e ainda por herança genética.

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