DE 500 ESCOLAS PÚBLICAS ANALISADAS NO
ESTADO DE SÃO PAULO, 84% JÁ FORAM ALVO DE ALGUM TIPO DE VIOLÊNCIA, MOSTRA
PESQUISA
PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS
SE REFEREM À DEPREDAÇÃO DO PRÉDIO, DETONAÇÃO DE BOMBAS, ROMBOS, TRÁFICO DE
DROGAS E RIXA ENTRE ALUNOS; ESCOLAS DO ENSINO FUNDAMENTAL, QUE ABRIGAM ALUNOS
DE 6 A 14 ANOS, SOFREM COM O MESMO PROBLEMA
Recentes pesquisas realizadas em escolas
de todo o Estado de São Paulo concluíram que 84% das escolas da rede estadual
sofrem periodicamente algum tipo de violência, como depredação e rixas entre os
alunos. Quanto às instituições de ensino fundamental (de 1ª. a 4ª séries) a
situação é a mesma, com registros de depredação do patrimônio, agressão física
entre os próprios aluno e alunos e professores, além de roubo e tráfico de
drogas. Apesar de esses casos serem verificados com maior frequência nas
escolas de ensino médio e durante o período noturno, eles também existem nas
instituições de ensino fundamental (que geralmente abrigam crianças de 6 a 14
anos).
Das 500 escolas públicas analisadas do
Estado e que serviram de base para a pesquisa, em 33% delas houve depredação de
automóveis de professores e demais funcionários da unidade. Outras 51% sofreram
arrombamento. Em mais de 3,5% ocorreu, no interior do prédio, detonação de
granadas, e outras 3% sofreram disparos de armas de fogo. Em 88% dessas escolas
não há policiamento preventivo.
Na opinião da direção e do Conselho de
Escola, uma das principais causas para que o ensino público no País atingisse
esses níveis é a degradação familiar. "A violência tem origem em casa.
Muitos dos alunos transgressores fazem na escola aquilo que aprendem nas ruas e
dentro da própria casa. A maioria deles vem de famílias desfeitas, em que a mãe
trabalha durante o dia todo, uma grande porcentagem vive longe do pai, que está
cumprindo pena na cadeia", afirma a diretora de uma das escolas que
serviram de amostra à pesquisa, Ruth dos Santos.
O Conselho também aponta a falta de
profissionais qualificados na sala de aula ou daqueles que se sintam
verdadeiramente motivados a trabalhar. Baixos salários, jornada excessiva
de trabalho, formação deficiente, falta de habilitação, metodologia inadequada,
rotatividade excessiva, falta de treinamento e de capacitação contribuem para
que o professor se torne cada vez mais um profissional insatisfeito e
desmotivado a cumprir o seu papel.
O sistema de aprovação progressiva
(em que o professor é impedido de reprovar o aluno) também é apontado como
vilão da crise escolar por tirar o pouco de poder que se atribuía ao docente.
"A recuperação nas férias constitui uma aberração didática, pois, sem
nenhum planejamento, alunos vão encontrar professores que nunca viram na vida,
para trabalhar aquilo que nunca aprenderam (ao longo do ano letivo), num espaço
de tempo que nunca foi o suficiente (cerca de vinte dias úteis)", desabafa
um profissional.
Atualmente, o Brasil ocupa segunda
posição na América em analfabetismo e desigualdade social. Em primeiro está o
Haiti.
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