sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Dor de cabeça afeta 72% dos brasileiros


Dor de cabeça afeta 72% dos brasileiros
Estudos mapeiam a cefaléia no Brasil e mostram que a enxaqueca está entre as dores mais comuns e atinge cerca de 15% da população
Cláudia Pinho, do R7
Foto por Getty Images
Há mais de 150 tipos de dores de cabeça reconhecidas internacionalmenteUm estudo liderado pelo neurologista Luiz Paulo de Queiroz, da Universidade Federal de Santa Catarina, e membro da Sociedade Brasileira de Cefaléia, mostrou resultados bastante impressionantes sobre a incidência de cefaléia no Brasil. Depois de entrevistar 3.848 pessoas de 18 a 79 anos, de todas as regiões do país, ele constatou que 72% da população apresentaram algum tipo de dor de cabeça em 2008. Existem 150 tipos de dores de cabeça reconhecidas internacionalmente, mas as mais comuns são a cefaléia tensional, que causa dor leve ou moderada e dá uma sensação de peso ou aperto na cabeça; a enxaqueca, que se manifesta de maneira pulsante e tem intensidade moderada a forte; e a CCD (Cefaléia Crônica Diária), que como o nome diz, é uma dor que persiste por vários dias. Além daquelas chamadas secundárias, que são sintomas de outras doenças. Entre os entrevistados brasileiros, 13% sofrem com a tensional, 15%, com a enxaqueca – índices semelhantes aos mundiais -- e 6,9% com a CCD. Esta última chamou a atenção dos pesquisadores. Caracterizada pela maior incidência de crises, que podem ocorrer várias vezes por semana, durante várias semanas, ela costuma ser consequência de outras dores de cabeça não tratadas adequadamente. Ela se mostrou mais incidente nas regiões norte e centro-oeste, onde, de acordo com o pesquisador, o atendimento médico é mais precário. Para Queiroz, “os pacientes que cuidam bem de sua cefaléia tem menos chances de desenvolver cefaléia crônica”. O grande problema é convencer os pacientes – e até mesmo os médicos – de que dor de cabeça pode ser tratada. Principalmente a enxaqueca. Doença capaz de interferir de maneira cruel na vida das pessoas, ela causa dores que variam de intensidade. Em sua menor escala, a dor não atrapalha as atividades diárias do indivíduo. Mas quando ela aperta, sai de baixo. Ela complica muito a rotina da pessoa. Muitos “enxaquecosos” , como são chamados, não conseguem sequer trabalhar ou até mesmo sair da cama. A psicóloga Karen Kiss Gelisk sabe bem o que é isso. Há 15 anos ela convive, não tão pacificamente, com sua enxaqueca. - Ela começa de manhã, e piora à tarde. Tenho náuseas e já cansei de desmarcar compromissos e sair mais cedo do trabalho devido à dor. Mal consigo abrir os olhos e eles lacrimejam. Sem contar que não posso sentir cheiros, nem ouvir barulho e som alto. Os efeitos da exposição a esses fatores externos são bem comuns em quem sofre de enxaqueca. A explicação, segundo Queiroz, é que a “doença afeta os neurônios que controlam a irritabilidade do cérebro. Isso causa uma sensibilidade extrema a alguns estímulos”. Em uma pesquisa anterior sobre quais doenças eram mais incapacitantes para os pacientes, a enxaqueca saiu na frente, deixando para trás vários outros males, incluindo a hipertensão. Para Deusvenir de Souza Carvalho, chefe do setor de cefaléia da Unifesp (Universidade de São Paulo), o impacto negativo de uma doença não é só em relação à morte. - Diz respeito também ao impedimento de manter a rotina de trabalho e de lazer. A enxaqueca faz a pessoa querer se isolar, ficar no escuro e em silêncio até a passar a crise.

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