LUCROS DEPOIS DA MORTE.

Lucros depois da morte

Por Guilherme Bryan guilherme.bryan@folhauniversal.com.br É instantâneo. A perda de um grande ídolo leva sempre ao aumento repentino na venda de produtos relacionados ao astro. Desde que o cantor Michael Jackson faleceu, no dia 25 do mês passado, os CDs e DVDs gravados por ele não param de vender milhares de cópias. Na semana seguinte à notícia do falecimento do cantor, 422 mil discos dele foram adquiridos nos Estados Unidos. Apenas nos dias 26 e 27 de junho, saíram das prateleiras inglesas 125 mil álbuns – 80 vezes mais do que havia sido vendido nos 2 dias anteriores à morte dele. Com isso, o artista voltou a liderar as paradas britânicas, o que não ocorria desde 2003, quando foi lançada a coletânea “Number Ones”. O CD saiu da 121ª para a primeira posição. Além disso, mais de 2,3 milhões de canções de Jackson foram compradas pela internet só nos Estados Unidos. Ele superou as vendas obtidas após a morte de dois outros ícones da música: Elvis Presley e John Lennon. Segundo uma lista de celebridades que dão lucros depois de mortos, publicada pela revista norte-americana “Forbes”, no ano passado, Elvis era o artista falecido mais lucrativo do mundo, por ter rendido, no aniversário de 20 anos da morte dele, US$ 52 milhões (R$ 102 milhões). Em segundo lugar, aparece o criador do personagem de quadrinhos Snoopy, Charles Schultz, com US$ 33 milhões (R$ 64,7 milhões). Já o ex-beatle John Lennon ficou em sétimo lugar, com US$ 9 milhões (R$ 17,6 milhões). No Brasil, durante os 3 anos que sucederam a morte do roqueiro Renato Russo, em 1996, os discos da banda dele, Legião Urbana, haviam vendido 10,2 milhões de cópias, e os três discos-solo, 2 milhões de exemplares. A perda dos integrantes do grupo Mamonas Assassinas, em acidente aéreo, em 1996, fez com que as vendagens do único disco deles, “Mamonas Assassinas”, atingissem a marca de 2,8 milhões de cópias, além de outros produtos, como álbum de figurinhas. Ainda este ano, será lançado um documentário sobre eles, “Mamonas, o Doc”, com parceria da “Record Entretenimentos”.Após a morte de Michael Jackson, um dos biógrafos dele, Ian Halperin, anunciou a existência de cerca de 100 músicas inéditas e que agora, especula-se, serão utilizadas para saldar dívidas do astro de cerca de US$ 400 milhões (R$ 784,8 milhões). Já a empresa responsável pelo arquivo musical do “rei do pop” anunciou a posse de dezenas de músicas gravadas durante sessões de estúdios. “Há muito de sua genialidade no material”, prometeu Tommy Mottola, ex-chefe da gravadora Sony Music, ao jornal “The Times”. Para ele, durante pelo menos 30 anos, os fãs do artista não terão do que reclamar. Mesmo após terminar, em 1970, a banda britânica Beatles, cuja metade dos direitos autorais pertencia ao próprio Michael Jackson, tem todo ano uma novidade lançada. “Na época dos Beatles, eram gravadas em estúdio várias brincadeiras e versões de uma mesma música. Por isso, muitas vezes, vêm à tona coisas que eles provavelmente não gostariam, mas, para um colecionador, são ótimas. Acredito que, nos próximos 50 anos, ainda surgirão coisas dos Beatles, incluindo fotos e vídeos raros”, diz Ricardo Puggiali, autor do livro “Beatlemania”. Os fãs do guitarrista Jimi Hendrix, morto em 1970, vira e mexe, também são agraciados com algumas criações inéditas e póstumas. A irmã dele, Janie Hendrix, anunciou, em março, o lançamento de dois álbuns e um DVD com imagens nunca divulgadas.