Conheça a origem das festas juninas
Deixe a sua opinião
publicado em 20/06/2017 às 00:15.
Da Redação / Imagens: Wikimedia, Shutterstock, Thinkstock
Tags: festas juninas
As
populares festas juninas envolvem diferentes formas de celebração, de
acordo com o país. No Brasil, é voltada para os personagens
bíblicosPedro e João Batista, tidos como santos, assim como o canonizado
frade português Antônio de Lisboa, que viveu na virada dos séculos 12 e
13. Aqui, as festas não seguem exatamente os dias voltados para eles
nos calendários, mas abrangem os meses de junho e julho. Porém, a
devoção aos santos perdeu campo, e a temática rural é o maior foco, com
vestimentas e comidas típicas do interior.
A origem das festas
estaria nas celebrações pagãs do solstício de verão – quando a
incidência solar medida a partir da linha do Equador é a maior do ano
(ou seja, a luz do dia) –, simbolicamente o início “oficial” do verão no
que concerne à mudança climática e, portanto, o início da época de
plantio (dias mais quentes e mais longos, em uma época dependente da luz
natural para quase toda prática ao ar livre). Como o solstício coincide
com as datas voltadas aos santos, o sincretismo religioso se apoderou
da festa com o pretexto de celebrá-los, na Idade Média.
A palavra
"junina" remete à deusa pagã Juno, que a Igreja Católica adaptou para
“joanina”, relativa a João. Hoje, voltou à baila “junina”, por muitos a
usarem relativa ao mês de junho.
Por muitos cristãos, as festas
são vistas como idólatras, enquanto outros consideram que não se
desligaram da origem pagã, sobretudo pelas crendices que remetem à
feitiçaria, como as chamadas simpatias.
Não só as festas dos dias
de santos estão no contexto junino. No Brasil, 12 de junho, o Dia dos
Namorados, foi instituído na véspera do dia de Santo Antônio, tido pelos
seus adeptos com o “santo casamenteiro” – assim como os namorados do
Hemisfério Norte a atrelaram ao dia de São Valentim (o Valentine's Day),
14 de fevereiro. Só que nem para a Igreja Católica Valentim é um santo
oficial, pois não há dados suficientes para comprovar se a sua história
foi real – a de um bispo que realizava casamentos secretamente em uma
época em que eram proibidos pelo imperador romano Cláudio II, no século
3. Muitas são as simpatias para conseguir um cônjuge nessas datas. Dessa
forma, é compreensível que muitos não separem as festas juninas do
paganismo.
Fogo e danças
Ligadas
ou não ao catolicismo sincrético, as fogueiras que os pagãos acendiam
para a festa do solstício permaneceram em várias culturas, ainda que
hoje não tenham mais tanto sentido católico ou pagão para muitos. As
imensas fogueiras da festa de Midsummer (médio-verão) são bastante
presentes (principalmente em margens de rios, lagos ou praias oceânicas)
no Norte da Europa, em países como Suécia, Noruega, Lituânia, Letônia,
Finlândia, Estônia e Dinamarca, assim como outras nações europeias, como
Reino Unido, Irlanda, Galícia, Espanha, França, Itália, Malta,
Portugal, Polônia, Rússia e Ucrânia. A colonização anglo-saxã levou o
costume para países como Estados Unidos, Canadá (onde os festejos se
misturam à data máxima da província francófona do Québec, em 24 de
junho) e Austrália.
No solstício de inverno, as pessoas faziam um
percurso em grupo, em filas, portando tochas, com as quais acendiam a
fogueira – de onde teria vindo o costume das procissões com velas
acesas. Para eles, o fogo afugentava os maus espíritos. Daí também
teriam vindo as lanternas coloridas de papel.
A Igreja Católica
medieval tentou se apoderar das fogueiras usando-as como um símbolo
pseudocristão. Criaram a tradição com base em uma lenda em que Isabel,
prima de Maria, mandou acender uma fogueira no alto de uma montanha para
avisar a mãe de Jesus que engravidara (de João Batista).
Quando
os colonizadores portugueses trouxeram os festejos juninos para cá,
incluíram a tradição dos fogos de artifício (para “acordar” João
Batista) e os balões (que levavam pedidos ao céu). No Brasil, a prática
de soltar balões é oficialmente proibida, pelos sérios riscos de
incêndio.
As
danças, por sua vez, têm origem tanto nas coreografias pagãs para
adorar falsos deuses quanto na dança de salão francesa quadrille (de
onde vem o seu equivalente em português, quadrilha), uma evolução da
antiga contradança – que, por sua vez, deriva de danças inglesas de
camponeses (mais uma vez a ligação com a lavoura). Como hábitos
franceses eram um grande interesse dos portugueses e foram amplamente
difundidos na corte brasileira a partir da vinda de Dom João VI, a
quadrilha se popularizou por aqui, fundindo-se a danças e ritmos
brasileiros – na Bahia, ganhou até o espantoso apelido de “Baile
Sifilítico”, pela participação de prostitutas.
A famosa “dança do
mastro”, realizada em vários países e com uma variante bem popular na
Suécia, tem, para alguns estudiosos, uma conotação fálica (comum a
rituais de fertilidade do paganismo), com os dançarinos dando voltas ao
redor do objeto.
A comida era distribuída em grande quantidade de
propósito, para inspirar a fartura desejada nas lavouras, e muitos
estudiosos defendem que parte dela era consagrada às falsas divindades –
como ainda hoje é feito por adeptos do ocultismo.
Mesmo que hoje as festas não tenham uma ligação tão explícita com a religião, cabe a cada um pensar sobre o costume.
E você, o que acha das festas juninas? Costuma participar? Deixe a sua opinião nos comentários.
Nenhum comentário:
Postar um comentário