quinta-feira, 30 de maio de 2013

Quem é normal? Manual psiquiátrico aumenta número de doenças e causa polêmica

A partir de agora você pode se descobrir doente mental do dia para a noite. Uma publicação da Associação Americana de Psiquiatria está causando muitas controvérsias. A nova edição do “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais” (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, ou DSM-5, na sigla em inglês), conhecido como a “bíblia da psiquiatria”, amplia o leque de doenças mentais, englobando comportamentos que são vistos como normais e outros que eram vistos como sintomas de outros transtornos. A publicação é utilizada por médicos em todo o mundo, inclusive no Brasil, como base para se definir o que é “normal” e o que não é. 

Se hoje em dia os diagnósticos de depressão e transtorno bipolar se avolumam e medicamentos controlados são vendidos aos montes, quanto mais não serão depois dessas novas regras, em que até mesmo o período de luto, se prolongado por mais de duas semanas, poderá ser diagnosticado como depressão? Muitos médicos criticam o novo manual, enquanto outros certamente o receberão de braços abertos, como têm feito há tantos anos, junto com os representantes dos laboratórios e suas cápsulas de respostas às doenças listadas no manual. A cada nova doença, um novo medicamento.

Os críticos dessa edição apontam falhas nos critérios para efetuar diagnósticos (além de questionarem os novos “transtornos”). Com menos sintomas a serem considerados, agora temos uma margem muito mais estreita do que é realmente normal. “As fronteiras da psiquiatria continuam a se expandir, a esfera do normal está encolhendo”, afirma o psiquiatra Allen Frances, que, ironicamente, coordenou a quarta edição do manual, lançada em 1994.

Agora, a criança que se joga no meio do supermercado, gritando e esmurrando o chão, pode ser diagnosticada como portadora de “Transtorno Disruptivo de Desregulação do Humor” . Crianças (de até 18 anos!) que apresentam “irritabilidade persistente e episódios frequentes de extremo descontrole comportamental” pelo menos três vezes por semana, ao longo de 1 ano, poderão ser diagnosticadas com esta nova doença. “Meu temor é que crianças normais com ataques de birra sejam diagnosticadas equivocadamente e recebam medicação inapropriada”, alerta Frances. Seu temor tem fundamento. Se não abrirmos os olhos, poderemos nos tornar uma massa consumidora de pílulas para qualquer coisa que alguém diga que é um distúrbio.

Agora que fomos todos, em menor ou maior grau, etiquetados como “doentes mentais”, quem sabe a sociedade abra os olhos e se dê conta do quão ridículo é entregar a algo ou alguém o poder de definir quem é normal.

Confira algumas novas “doenças”

Compulsão alimentar periódica

Quem devora quantidades excessivas de comida descontroladamente, e em período de até 2 horas, agora é considerado doente mental

Skin-picking

Esse transtorno consiste em cutucar a pele constantemente, causando ferimentos. A nova doença foi incluída no capítulo sobre transtorno obsessivo-compulsivo e doenças relacionadas

Transtorno Disfórico Pré-Menstrual

Uma forma mais grave de TPM (Tensão Pré-Menstrual), o Transtorno Disfórico Pré-Menstrual é classificado como doença mental

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