A velha definição biológica de que o homem nasce, cresce, se reproduz e morre, hoje, foi alterada para "o homem nasce, consome, cresce, continua a consumir, se reproduz (não necessariamente nessa etapa da vida) e morre". O "ter", portanto, suplantou o "ser", conceito este que se estendeu não apenas aos bens materiais, mas também às relações humanas.
O relacionamento homem-mulher (e todas as demais variantes), assim, acabou também por se tornar mercadoria de consumo. Um bom exemplo disso é a contabilidade realizada pelos jovens, durante uma "balada", para verificação de quantas garotas eles conseguem "consumir". Relacionar-se com outro, portanto, se tornou mercadoria. Não a mercadoria típica do capitalismo moderno, mas aquela da Idade Média, comercializada à base de troca.
HOMENS, MULHERES E PACOTINHOS DE SAL
Homens e mulheres vivem, atualmente, o cenário típico de um mercado feudal. A única diferença é que, agora, são pessoas. Os jovens de hoje trocam de parceiro com a mesma frequência que um mercador da antiguidade trocava seu pacotinho de especiarias por um punhado de sal. Diante desse comportamento, que muitos rotulam de moderno, não seria exagero questionar quem sofreu maior desvalorização, se o pacotinho de sal ou os homens e mulheres modernos. A dúvida persiste.
CASO OU COMPRO UMA BICICLETA? VOU A UMA BALADA PARA FICAR COM ALGUÉM OU FAÇO UM BOLO DE FUBÁ?
O amor de balada, instantâneo, passageiro e quase relâmpago, de amor quase nada tem. Esse "sentimento" se tornou apenas forma imediatista de que o indivíduo dispõe para saciar suas necessidades físicas de consumo carnal. Portanto, o caráter humano desses pseudo-relacionamentos, que é a base de qualquer tipo de interação entre seres humanos, se dissolveu por completo e a relação virou simples passatempo. Ou uma diversão comum e boba. "Não sei se me caso ou compro uma bicicleta". "Não sei saio pra ficar com alguém ou se faço um bolo de fubá"!
Tais atitudes revelam, indubitavelmente, que o amor de balada ou de qualquer outra variante do tipo pode ser um pouco de tudo: a banalização desse sentimento, um passatempo, um modo animalesco de saciar desejos ou, então, um estilo de vida próprio daqueles que, cansados da frustração amorosa, resolveram aderir à profissão de mercador feudal do século 21.
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