sábado, 22 de maio de 2010

IURD Folha Universal Comente esta charge


Geração canguru
Por Guilherme Bryan guilherme.bryan@folhauniversal.com.br Um em cada quatro jovens adultos de 25 a 34 anos mora com os pais no Brasil. Veja como é essa convivência Comodidade, ausência de conflitos, adiamento das responsabilidades e busca de melhor formação educacional são razões para muitas pessoas de 25 a 34 anos ainda morarem com os pais. Elas formam a denominada “geração canguru”, porque, assim como os filhotes desse animal, estão muito ligadas à mãe ou aos pais. Nas últimas décadas a quantidade de jovens adultos que ainda vivem com os pais praticamente dobrou entre os homens, passando de 13,7% (em 1986) para 24,2% (2008) do total de pessoas nessa faixa etária. Entre as mulheres, foi de 13,7% para 18,3% no mesmo período, segundo pesquisa da demógrafa Regiane Lucinda de Carvalho, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), baseada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. O designer Rafael Mazzari, de 26 anos, faz parte dessa geração e garante que a comodidade de ter roupa lavada, comida feita pela mãe e contas pagas o leva a permanecer na casa dos pais. “Eu só sairei quando tiver emprego fixo e oportunidade de adquirir um imóvel, o que me dará segurança para me casar. Porém, não vou sair para ter outro padrão de vida pois nunca tive conflito com meus pais nem me senti cobrado por eles. Além do mais, tudo me estimula a ficar: um quarto só para mim, poder levar a namorada em casa e ter carro”, afirma. “O prolongamento da convivência entre pais e filhos é resultado de fatores como não haver mais pressão cultural tão grande para os jovens se casarem e terem filhos como ocorria em décadas anteriores. A difícil inserção no mercado de trabalho e a necessidade de aumento da escolaridade faz com que os jovens optem por permanecer com os pais até conseguirem posição econômica segura”, avalia Regiane. O fenômeno é registrado principalmente nas classes média e alta, das quais atinge 3,3 milhões de famílias, segundo dados do instituto de pesquisas LatinPanel, de abril do ano passado.O personal trainer Luis Fernando Pereira da Silva, de 28 anos, formado há 5 anos em Educação Física, mora com a mãe a e irmã de 25, sem a obrigação de contribuir com as despesas. “Às vezes me sinto um pouco incomodado, mas nada que me irrite a ponto de querer largar da barra da saia dela. Só farei isso para me casar ou trabalhar em outra cidade”, garante. A mãe de Luis, a secretária de escola Leda Pereira da Silva, de 57 anos, pensa do mesmo modo: “O fato de eu ter saído de casa quando me casei, aos 27 anos, faz com que considere normal eles estarem comigo nessa idade. Quando saírem ficarei triste, mas com a sensação de missão cumprida.” Ficar tanto tempo na casa dos pais pode ser prejudicial, segundo alguns especialistas. “A mordomia, a superproteção e a falta de limites dadas pelos pais fazem com que os filhos fiquem acomodados e, o que é mais grave, podem gerar neles falta de confiança e incapacidade de lidar com as críticas. Por isso é preciso ajudá-los a terem sólida estrutura emocional para lidar com problemas, se sentirem produtivos e serem mais independentes”, acrescenta Tânia Zagury, professora-adjunta da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora do livro “Encurtando a Adolescência”. O apoio da família também é praticamente garantido para quem não deu certo morando sozinho ou no casamento. O publicitário José Luis de Morais Abdal Junior, de 34 anos, casou quando tinha apenas 19 e saiu da casa dos pais. Depois de 12 anos, pai de dois filhos, resolveu se mudar com a família para o Canadá. Porém, os filhos e a esposa obtiveram o visto do país e ele não. Resultado: voltou para a casa dos pais temporariamente e já está ali há 3 anos, mas contribui financeiramente. “Como saí de casa muito novo, voltei para conviver melhor com meus pais e meus sete irmãos. Assim não tenho que pagar todas as contas, mas tive que me adaptar a uma nova situação. Com a cabeça mais madura tenho conflitos com meu pai no modo com que ele e eu encaramos a paternidade”, observa José Luis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

MACACO LADRÃO PM 1