22 de maio de 2010 N° 16343AlertaVoltar para a edição de hoje
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CÉLULA SINTÉTICA
Agora é lucrar com a descoberta
Possibilidade de usar o micro-organismo para transformar o CO2 da atmosfera em combustível pode valer cerca de US$ 1 trilhão
Era um sonho que começou há quase 15 anos, quando o veterano da Guerra do Vietnã Craig Venter, 63 anos, se tornou geneticista, resolvendo, um dia, criar um novo genoma – e com isso, fazer a primeira forma de vida sintética. Na noite de quinta-feira, em um anúncio bombástico, no qual o acusavam de brincar de Deus, Venter disse que o sonho havia se tornado realidade, ao contar que havia criado um organismo com DNA sintético.A façanha, aclamada como um avanço científico por alguns e um desenvolvimento alarmante por outros, foi realizada por cientistas no Instituto J. Craig Venter, em Rockville, Maryland (EUA), usando pouco mais do que um computador, micróbios comuns, um sintetizador de DNA e substâncias químicas.O resultado – além de US$ 40 milhões gastos e mais de uma década de trabalho – é o primeiro micróbio que cresceu e se reproduziu com apenas um genoma sintético para guiá-lo.Enquanto cientistas e filósofos já debatem as potentes consequências e as implicações morais da realização, a força motivadora para Venter é comercial. A equipe dele tem um sonho ainda mais ambicioso: criar organismos não somente inovadores, mas também lucrativos. Venter tem um contrato garantido com a gigante petrolífera ExxonMobil para desenvolver algas que possam absorver CO2 da atmosfera e convertê-lo em combustível – uma inovação, ele acredita, que pode valer mais de US$ 1 trilhão.– A nova bactéria é a prova de que podemos fazer, na teoria, mudanças em um genoma inteiro de um organismo. Podemos adicionar novas funções, eliminar aquelas que não queremos e criar uma nova gama de organismos industriais que coloca todo o esforço deles naquilo que nós queremos que eles façam. Até este experimento funcionar, tudo era teórico. Agora é realidade – conta o cientista californiano.Cientistas reconhecem os riscos da descobertaA realização atraiu críticas imediatas daqueles que temem que isso possa provocar um desastre ambiental ou ser um presente aos terroristas inclinados ao desenvolvimento de armas biológicas.– O potencial está em um futuro distante, mas real e significante: lidando com poluição, novas fontes de energia, novas formas de comunicação. Mas os riscos também são inigualáveis. Isto pode ser usado no futuro para criar a mais poderosa arma biológica que possamos imaginar – diz Julian Savulsescu, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.Venter concorda que regras rigorosas são necessárias para garantir que os organismos sintéticos não escapem e causem estragos:– É claramente uma tecnologia de duplo uso, e isso requer uma imensa responsabilidade para quem usá-la. Nós estamos entrando em uma nova era emocionante, na qual estamos limitados apenas, na maior parte das vezes, por nossa imaginação.E se o micróbio, de alguma maneira, escapar do rigoroso sistema de segurança do laboratório de Venter?– Ele não irá crescer fora do laboratório a não ser que seja deliberadamente injetado em uma cabra. E nós não trabalhamos com cabras.
Venter perseguia a criação de um novo genoma há 15 anos e defende controle rigoroso da sua utilização
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CÉLULA SINTÉTICA
Agora é lucrar com a descoberta
Possibilidade de usar o micro-organismo para transformar o CO2 da atmosfera em combustível pode valer cerca de US$ 1 trilhão
Era um sonho que começou há quase 15 anos, quando o veterano da Guerra do Vietnã Craig Venter, 63 anos, se tornou geneticista, resolvendo, um dia, criar um novo genoma – e com isso, fazer a primeira forma de vida sintética. Na noite de quinta-feira, em um anúncio bombástico, no qual o acusavam de brincar de Deus, Venter disse que o sonho havia se tornado realidade, ao contar que havia criado um organismo com DNA sintético.A façanha, aclamada como um avanço científico por alguns e um desenvolvimento alarmante por outros, foi realizada por cientistas no Instituto J. Craig Venter, em Rockville, Maryland (EUA), usando pouco mais do que um computador, micróbios comuns, um sintetizador de DNA e substâncias químicas.O resultado – além de US$ 40 milhões gastos e mais de uma década de trabalho – é o primeiro micróbio que cresceu e se reproduziu com apenas um genoma sintético para guiá-lo.Enquanto cientistas e filósofos já debatem as potentes consequências e as implicações morais da realização, a força motivadora para Venter é comercial. A equipe dele tem um sonho ainda mais ambicioso: criar organismos não somente inovadores, mas também lucrativos. Venter tem um contrato garantido com a gigante petrolífera ExxonMobil para desenvolver algas que possam absorver CO2 da atmosfera e convertê-lo em combustível – uma inovação, ele acredita, que pode valer mais de US$ 1 trilhão.– A nova bactéria é a prova de que podemos fazer, na teoria, mudanças em um genoma inteiro de um organismo. Podemos adicionar novas funções, eliminar aquelas que não queremos e criar uma nova gama de organismos industriais que coloca todo o esforço deles naquilo que nós queremos que eles façam. Até este experimento funcionar, tudo era teórico. Agora é realidade – conta o cientista californiano.Cientistas reconhecem os riscos da descobertaA realização atraiu críticas imediatas daqueles que temem que isso possa provocar um desastre ambiental ou ser um presente aos terroristas inclinados ao desenvolvimento de armas biológicas.– O potencial está em um futuro distante, mas real e significante: lidando com poluição, novas fontes de energia, novas formas de comunicação. Mas os riscos também são inigualáveis. Isto pode ser usado no futuro para criar a mais poderosa arma biológica que possamos imaginar – diz Julian Savulsescu, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.Venter concorda que regras rigorosas são necessárias para garantir que os organismos sintéticos não escapem e causem estragos:– É claramente uma tecnologia de duplo uso, e isso requer uma imensa responsabilidade para quem usá-la. Nós estamos entrando em uma nova era emocionante, na qual estamos limitados apenas, na maior parte das vezes, por nossa imaginação.E se o micróbio, de alguma maneira, escapar do rigoroso sistema de segurança do laboratório de Venter?– Ele não irá crescer fora do laboratório a não ser que seja deliberadamente injetado em uma cabra. E nós não trabalhamos com cabras.
Venter perseguia a criação de um novo genoma há 15 anos e defende controle rigoroso da sua utilização
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