Abuso no poder
Da redação redacao@folhauniversal.com.br Dois juízes de comarcas do interior de Pernambuco, que também atuavam na Vara da Infância e Juventude, foram afastados por abuso sexual de adolescentes e podem sofrer processos criminais. As acusações são gravíssimas e, segundo a Corregedoria do Tribunal de Justiça desse estado (TJ-PE), estão bem documentadas. O caso ganhou destaque nacional após a revista “IstoÉ” publicar detalhes em 21 de novembro, incluindo o nome dos acusados. Como não houve condenação criminal e existe a possibilidade de ambos serem considerados inocentes, a Folha Universal optou por não divulgar fotos nem o nome dos juízes suspeitos de pedofilia. Em um dos casos, além de abuso de adolescentes, os desembargadores responsáveis pela denúncia apontam a existência de uma rede criminosa que inclui um padre e um coronel da Polícia Militar e que seria responsável pelo assassinato de três testemunhas. Os detalhes dos supostos crimes e o envolvimento de cada juiz foram contados pelo presidente em exercício do TJ-PE, desembargador Bartolomeu Bueno, e pelo corregedor-geral, desembargador José Fernandes de Lemos, em entrevista coletiva no dia 24 de novembro, no Palácio de Justiça. Para o primeiro juiz afastado, acusado de viver e manter relações sexuais com um adolescente, uma corte formada por 15 desembargadores determinou aposentadoria compulsória em julho de 2009. Para o outro, que estaria envolvido com a quadrilha especializada no aliciamento de garotos, até 1º de dezembro sequer havia sido aberto o procedimento administrativo que pode terminar com aposentadoria compulsória. Os dois juízes alegam inocência e afirmam que as acusações são baseadas em perseguição política e foram feitas por inimigos insatisfeitos com o resultado de julgamentos. Nas pequenas cidades do interior de Pernambuco é comum juízes cuidarem de diferentes áreas, decidindo sobre processos que vão de cassações eleitorais a crimes comuns. O acusado de estar envolvido na rede criminosa chegou a anunciar que se candidataria a prefeito. Viu a possibilidade desaparecer ao ter a reputação destruída. O primeiro juiz, antes de ser obrigado a se aposentar, havia sido investigado pelo Ministério Público Estadual, que recomendou o arquivamento do caso. As suspeitas de abuso surgiram com base em uma denúncia anônima feita em 20 de novembro de 2006 e ganharam força após uma empregada doméstica afirmar que ele dormia na mesma cama com um garoto. O magistrado defendeu-se alegando que a relação era paternal e que ambos eventualmente dormiam juntos porque o garoto tinha medo de escuro. O adolescente, segundo o juiz, ficava no local porque os pais moravam em outra cidade e ele não tinha onde dormir durante a semana escolar. O magistrado bancava os estudos do menino e dos irmãos e costumava levá-lo em viagens para outros estados. Em 22 de fevereiro de 2008, o promotor Paulo Bartolomeu Rodrigues Varejão recomendou que o caso fosse arquivado por falta de provas. De acordo com o desembargador Bueno, agora que foi aposentado compulsoriamente, o juiz não tem mais direito a foro privilegiado e pode ser punido criminalmente. “Se houver denúncia do Ministério Público, ele pode ser condenado e perde todos os privilégios”, explica o representante da cúpula do Judiciário pernambucano, que ressalta considerar um absurdo o ex-colega ganhar mais de R$ 11 mil por mês em função da aposentadoria. O segundo caso também chegou a ser arquivado, só que pela própria corregedoria. O juiz acusado de promover orgias com a participação de um padre e de um coronel da Polícia Militar e de participar da execução de testemunhas dos esquemas de pedofilia começou a ser investigado ainda em função de uma denúncia anônima feita em 18 de outubro de 2006. Ele seria o responsável por promover festas homossexuais com adolescentes e teria se envolvido na morte de criminosos que agenciavam garotos da cidade. Em 29 de fevereiro de 2008, o então corregedor auxiliar, Alfredo Hermes Barbosa de Aguiar Neto, recomendou que o caso fosse arquivado e alegou ser impossível avançar nas apurações. A investigação foi retomada recentemente. Conforme Bueno, novas provas foram e colhidas pelo departamento de inteligência do TJ-PE. Ainda segundo ele, a apuração, que inclui fotos de adolescentes entrando na casa do magistrado e um relatório detalhado, foi feita pela Polícia Militar que presta assistência para o órgão, sob o comando do tenente-coronel Sebastião Gondim, não autorizado pelo presidente em exercício da Corte a dar entrevistas sobre o caso. O advogado de defesa do juiz, João Campos, que trabalha para a Associação de Magistrados, desqualifica a apuração feita pela polícia e diz que o relatório é todo baseado em especulações e relatos informais, sem provas concretas. Pesou a favor da reabertura do caso o fato de notícias de pedofilia envolvendo magistrados pernambucanos terem chegado ao corregedor nacional de Justiça do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Gilson Dipp. Informado sobre o caso, ele pediu esclarecimentos aos representantes do Judiciário local, que informaram sobre as investigações em curso e as providências já tomadas.
Juízes Pedófilos.
ResponderExcluirOs casos pernambucanos são apenas a ponta de um iceberg que está deixando a cúpula do judiciário estarrecida. Visto que são pessoas pagas para proteger a nossa sociedade, mas ao invés disso, vem cometendo crimes contra ela.
Ao meu ver, o papel da CPI da pedofilia vem justamente contribuir para que os agressores sejam punidos e tirados do meio da sociedade.
Os casos de pedofilia hoje envolvem geralmente pessoas influentes, vale lembrar o caso do juiz Antonio Carlos Branquinho, do Tribunal Regional do Trabalho do Amazonas, que foi flagrado em pedofilia em meados de julho deste ano, mas que mesmo assim conseguiu evitar sua convocação na CPI da pedofilia no Senado Federal.
O juiz ainda não satisfeito com isso, impetrou Habeas-Corpus no STF e o ministro Marco Aurélio de Mello suspendeu cautelarmente a presença do magistrado na CPI.
O processo hoje corre em segredo de justiça e como se não basta-se a sua atitude de pedofilo, o juiz questiona no STF os "limites de poderes de investigação" de uma CPI. Uma tremenda falta de respeito com a sociedade brasileira.
Abraços, Juliana Barros.