Mulheres, pobres e desempregadas
Por Guilherme Bryan guilherme.bryan@folhauniversal.com.br Ainda que o Brasil tenha enfrentado a crise com menos turbulências que boa parte do mundo, há um dado sobre o desemprego que ainda estarrece e preocupa. Quem sofre com a ausência de um trabalho fixo ainda são os mais pobres e principalmente as mulheres. Mulheres de 21 a 40 anos, com renda familiar per capita de até meio salário mínimo (o equivalente R$ 232 para cada integrante da família) e pelo menos 11 anos de escolaridade são a maioria dos desempregados das regiões metropolitanas de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife. É o que indica estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) baseado em levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho de 2009. Naquele mês, enquanto 60% dos desempregados possuíam de 21 a 40 anos, 55,2% deles eram do sexo feminino, 56,1% tinham estudado por 11 anos ou mais e 34,5% estavam entre os mais pobres. A promotora de lojas Maria Rosa Cerqueira Sampaio faz parte desse grupo: tem 30 anos, cursou o ensino médio (o equivalente a 11 anos de estudos), mora na periferia de São Paulo e está há 2 meses sem emprego. “Hoje, parece ser mais fácil para uma pessoa com 15 anos conseguir um emprego, em função do incentivo do Governo ao primeiro emprego, do que para quem já passou dos 30. Você se sente desvalorizada”, diz ela, que confirma o preconceito dos empregadores contra os mais pobres: “Muitas pessoas preferem nem colocar o próprio endereço no currículo, com medo do preconceito.” Esse preconceito na contratação de pessoas pobres foi destacado pelo economista Marcio Pochmann, presidente do Ipea: “Os pobres melhoram a escolaridade, mas não conseguem se inserir no mercado de trabalho. ” Segundo ele, isso se deve ao fato de a ampliação da escolaridade ser mais acelerada do que a criação de vagas. Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), tem opinião semelhante: “Nos últimos 10 anos, foi destacada a necessidade das pessoas se capacitarem para conseguir um emprego. Mas, depois do esforço para se formar, muitas delas não encontram vagas para exercer a profissão. Outro problema é que, num mercado de trabalho tão defasado, os jovens acabam sendo mais contratados do que as pessoas de mais idade.”
Por Guilherme Bryan guilherme.bryan@folhauniversal.com.br Ainda que o Brasil tenha enfrentado a crise com menos turbulências que boa parte do mundo, há um dado sobre o desemprego que ainda estarrece e preocupa. Quem sofre com a ausência de um trabalho fixo ainda são os mais pobres e principalmente as mulheres. Mulheres de 21 a 40 anos, com renda familiar per capita de até meio salário mínimo (o equivalente R$ 232 para cada integrante da família) e pelo menos 11 anos de escolaridade são a maioria dos desempregados das regiões metropolitanas de Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife. É o que indica estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) baseado em levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em julho de 2009. Naquele mês, enquanto 60% dos desempregados possuíam de 21 a 40 anos, 55,2% deles eram do sexo feminino, 56,1% tinham estudado por 11 anos ou mais e 34,5% estavam entre os mais pobres. A promotora de lojas Maria Rosa Cerqueira Sampaio faz parte desse grupo: tem 30 anos, cursou o ensino médio (o equivalente a 11 anos de estudos), mora na periferia de São Paulo e está há 2 meses sem emprego. “Hoje, parece ser mais fácil para uma pessoa com 15 anos conseguir um emprego, em função do incentivo do Governo ao primeiro emprego, do que para quem já passou dos 30. Você se sente desvalorizada”, diz ela, que confirma o preconceito dos empregadores contra os mais pobres: “Muitas pessoas preferem nem colocar o próprio endereço no currículo, com medo do preconceito.” Esse preconceito na contratação de pessoas pobres foi destacado pelo economista Marcio Pochmann, presidente do Ipea: “Os pobres melhoram a escolaridade, mas não conseguem se inserir no mercado de trabalho. ” Segundo ele, isso se deve ao fato de a ampliação da escolaridade ser mais acelerada do que a criação de vagas. Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), tem opinião semelhante: “Nos últimos 10 anos, foi destacada a necessidade das pessoas se capacitarem para conseguir um emprego. Mas, depois do esforço para se formar, muitas delas não encontram vagas para exercer a profissão. Outro problema é que, num mercado de trabalho tão defasado, os jovens acabam sendo mais contratados do que as pessoas de mais idade.”
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