sexta-feira, 14 de setembro de 2012

PREGUIÇA

Todo mundo sabe que fazer exercícios 

físicos 

faz bem à saúde. O que a maioria 

desconhece

 é que o sedentarismo mata mais 

de 3 milhões 

de pessoas por ano


Usar elevador, ir à 
padaria 
de carro, trabalhar 
no 
computador e
 pedir 
comida por 
telefone 
tornam a vida 
contemporânea 
menos 
cansativa. 
Aparentemente 
inofensivos, os 
minutos 
poupados em tarefas 
cotidianas contribuem 
para o crescimento 
acelerado do sedentarismo. Mais de 
3 milhões de pessoas morrem por ano 
por causa da inatividade física, e o risco 
de todas as causas de mortalidade sobe 
até 30% para pessoas insuficientemente 
ativas, segundo a Organização Mundial da
 Saúde (OMS). 


Estudo publicado em julho no periódico
 “The Lancet” mostra que o sedentarismo 
pode ser tão mortal quanto o tabagismo, 
fato que o tornaria uma nova “pandemia”
 mundial. A pesquisa, comandada por 
I-Min Lee, professora de epidemiologia da 
Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, 
concluiu que a falta de movimentação 
causou uma em cada dez mortes por 
doenças cardíacas, diabetes e câncer 
em 2008, o que corresponde a 5,3 milhões 
de óbitos no mundo. Para se ter uma 
ideia, o cigarro mata 5 milhões de 
pessoas todos os anos. 


O cardiologista Carlos Alberto Machado,
 diretor de Promoção da Saúde 
Cardiovascular da Sociedade Brasileira 
de Cardiologia (SBC), concorda com 
a avaliação. “O problema é muito grave, 
estamos diante de uma epidemia. A 
vida em grandes centros urbanos, com 
longas jornadas de trabalho, faz com 
que as pessoas deixem de se movimentar.”
 Segundo a SBC, 49% dos brasileiros 
não praticam nenhum tipo de atividade física. 
A pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, 
aponta que 49% dos adultos estão com 
excesso de peso e a obesidade atinge 16%
 deles. 


Machado lembra que exercitarse 
regularmente ajuda a prevenir o 
corpo de doenças cardíacas, além
de controlar a pressão arterial
e ajustar os níveis de colesterol
e açúcar no sangue.
"A pessoa que faz atividade física
está reservando um tempo para
sí, tornando-a mais comprometida com
a qualidade de vida"





























A gerente de comércio exterior Cristina 
Gonçalves, de 32 anos, conhece as 
vantagens dos exercícios e até chegou 
a se matricular em academia, mas confessa
 que sempre tem uma desculpa para 
evitá-los. “Não é prioridade, acho um 
tédio correr na esteira”, explica, 
acrescentando que há 4 anos fez 
cirurgia para retirar a glândula tireoide e, 
por isso, está acima do peso. Agora, 
pretende investir em hidroginástica, 
atividade que considera mais prazerosa. 




Para o fisioterapeuta e educador físico 
Marcio Marega, responsável pelo 
programa Anti-Sedentarismo do 
Hospital Albert Einstein, Cristina 
tem chances de sucesso. “Quando há
 prazer, consegue-se mais regularidade. 
Uma dica é criar um diário e comemorar 
as pequenas metas alcançadas, além de 
contar com o suporte de familiares”, ensina.


A falta de tempo não pode ser 
empecilho. Segundo Marega, é 
preciso criar oportunidades de movimento,
 como estacionar o carro mais distante e 
caminhar até o destino final, preferir escadas
 e não ficar muito tempo no sofá. “Qualquer 
atividade que envolva gasto de energia
 além do necessário para a sobrevivência, 
durante 30 minutos por dia, pelo menos 
cinco vezes por semana, tira a pessoa do 
sedentarismo.” (veja mais dicas nos
 infográficos espalhados pela página). 


Para as crianças, o ritmo das atividades
 deve ser de moderado a intenso, pelo
 menos 60 minutos por dia. “Elas estão
 em fase de crescimento e precisam 
gastar mais energia”, argumenta Marega.
 Iago de Oliveira, de 18 anos, aproveita a 
bicicleta para ir à escola e ao trabalho. 
“Gosto de pedalar, até nos fins de semana”, 
conta. 


O envelhecimento da população brasileira 
também reforça a importância de hábitos 
saudáveis. Em 50 anos, o percentual de idosos 
mais que dobrou no País, segundo o Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 
“Precisamos começar agora. Se houver 
um grande número de idosos doentes daqui
 a alguns anos, não vai existir sistema de 
saúde capaz de suportar”, analisa Machado. 


O futuro foi o estímulo que levou o 
empresário brasiliense Claudio Garbi, de 
38 anos, a se livrar de mais de 60 quilos e 
da obesidade mórbida em apenas dois anos. 
Com 1,94 m de altura, ele pesava 180 quilos
 quando marcou cirurgia de redução de 
estômago. No entanto, após dez dias em 
um spa e 8 quilos mais magro, Claudio 
cancelou a operação e decidiu mudar o 
estilo de vida radicalmente. 
































“Tenho dois filhos, precisava dar o exemplo”, 
relembra. Ele começou com caminhadas 
de 6 quilômetros por dia, que logo evoluíram para 
corridas. Quando ganhou a primeira medalha, ficou 
empolgado e desde então já participou de 115 provas, 
incluindo uma maratona de 42 quilômetros “A 
vontade de viver cresceu, o sono 
melhorou, a pressão arterial está 
controlada. O impossível não 
existe, basta tomar a iniciativa”, acredita. 



A esposa Evandra e os filhos Cauê, de 
7 anos, e Giovana, de 9, além de amigos 
dele, foram influenciados e também 
participam de eventos esportivos. O próximo 
desafio de Claudio Garbi é a Maratona de 
Amsterdã, marcada para outubro.


O ex-triatleta Fernando Diefenthaeler, doutor 
em ciências do movimento humano e 
professor da Universidade Federal de 
Santa Catarina, compara o corpo a um 
carro que não pode ficar parado na garagem.
 “Para as engrenagens funcionarem, elas 
devem estar em movimento. O exercício 
diminui o risco de obesidade, acelera o 
metabolismo e os ossos recebem 
impactos que estimulam a formação de cálcio”, 
explica.


A atividade física traz benefícios em qualquer 
idade, e não é necessário ser atleta nem 
ter muito dinheiro para se mexer. Vale reunir 
os amigos para uma caminhada, procurar 
associações de bairro e utilizar praças e 
faixas para bicicletas, sugere Fernando 
Diefenthaeler, que conseguiu convencer a 
própria mãe a iniciar um programa de 
caminhadas aos 70 anos.


Orientação é fundamental


Quem já conseguiu sair do sedentarismo 
ou deseja resultados mais rápidos deve procurar 
a ajuda de médicos e profissionais de educação
 física. Os “atletas de fim de semana”, que se 
esforçam muito sem preparo adequado, 
correm mais riscos, diz Diefenthaeler. “É como 
se uma pessoa pegasse um avião sem 
nunca ter pilotado. Ela pode sofrer lesões, 
passar mal e até ter uma morte súbita.”


Para Nilo França, professor da academia 
Companhia Athletica, de São Paulo, os praticantes
 devem usar roupas leves, que 
permitam a movimentação e a transpiração, 
e calçados confortáveis. Além de corrida, 
natação e musculação, há outras opções para 
melhorar o condicionamento físico. “Pilates, 
lutas e escalada trazem os mesmos ganhos. 
O exercício deve ser frequente e de 
intensidade moderada, o suficiente para 
elevar a frequência cardíaca e produzir 
sudorese, mas cada caso deve ser
 avaliado individualmente.”


A nutricionista Carolina Carnevalli, especialista
 em Fisiologia do Exercício, afirma que a boa 
alimentação é aliada na luta contra o 
sedentarismo. Comer pelo menos cinco
 porções de frutas, verduras e legumes 
diariamente e aumentar a ingestão de produtos 
integrais é um bom começo. “É importante
 beber bastante água e nunca se exercitar em 
jejum”, diz ela. Outro estímulo para cuidar 
do corpo pode ser conseguido com a 
redução de alimentos gordurosos ou com 
muito sal e muita açúcar. “O desafio é fugir 
da gordura escondida em cada prato”, ensina.


O cardiologista Carlos Alberto Machado explica 
que, em 2011, o Brasil participou de 
assembleia da Organização das Nações Unidas
 (ONU) para o combate do câncer, diabetes e 
doenças cardiovasculares. As metas preveem
 que a diminuição da mortalidade por essas 
enfermidades seja alcançada a partir de quatro 
eixos: o combate ao tabagismo e ao uso 
abusivo de álcool, o aumento do consumo 
de frutas, verduras e legumes e a 
redução do sedentarismo. Machado acredita 
que essas mudanças ajudariam a reduzir as 
mais de 300 mil mortes por doenças 
cardiovasculares todos os anos no País.


Agita SP é referência mundial


Lançado em 1996 para combater o 
sedentarismo no Estado de São Paulo, o Agita 
São Paulo espalhou o princípio de acumular 
30 minutos de atividade física, cinco vezes 
por semana. O projeto converteu-se em referência 
para a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 
2002. “Existiam outras iniciativas, mas elas
 eram acadêmicas”, avalia Luis Carlos de Oliveira,
 um dos coordenadores. Hoje, o Agita SP faz 
parcerias com órgãos públicos e privados
 para disseminar a ideia, e a rede Agita Mundo 
tem mais de 60 países. “A grande sacada foi 
transformar a atividade física em algo 
simples e acessível”, resume Oliveira. 

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