segunda-feira, 3 de setembro de 2012

CIÚME


Existe o ciúme bom? Esse tipo de sentimento é nocivo para o relacionamento? Ou ele ajuda a manter a paixão acesa? Especialistas apontam os riscos de uma relação doentia





“Por que não encontro alguém com quem possa ter um romance íntimo, profundo e que me cause alegria ao invés de tormentos? Existe o ciúme bom? O ciúme ‘até certo ponto’ é válido?” Diante de tais questionamentos, o psicólogo especializado em relações amorosas Thiago de Almeida investigou a influência do ciúme nos relacionamentos e concluiu: esse sentimento pode ser benéfico, mas é grande o risco de que seja justamente um motivador para as traições.


“Quanto maior é o ciúme, maior é a chance de adesão do outro à infidelidade. Ou seja, com o próprio ciúme a pessoa monta a cama na qual vai se deitar”, resumiu Almeida, que avaliou o comportamento de 45 casais paulistanos. Apesar de apontar que o ciúme pode destruir a relação, o psicólogo diz que, às vezes, ele pode ser bom.


“Existem formas brandas de se manifestar o ciúme. Há quem goste de ver o parceiro com ciúme e até considere desamor por parte de quem não manifesta esse sentimento”, declarou antes de dar pistas do que pode não ser considerado brando. “Não existe regra, mas incomoda uma pessoa que monitora o tempo todo, cobra um retorno rápido. Esse comportamento contribui negativamente com a relação e pode estimular uma traição”, explicou Almeida.


O controle possessivo sobre o parceiro costuma ser crucial. O estudante Daniel Morais Diniz, de 22 anos, só tem lembranças ruins quando pensa em ciúme. “Acho que é falta de confiança em você mesmo”, comenta Diniz, que completa: “Só gera briga desnecessária para os dois. Um desconfia e é aí que o outro fica desconfiado também.”


O receio da traição pode desenvolver um sentimento de posse. A estudante Meire Manhães, de 33 anos, tem as roupas controladas, está proibida de criar perfil na internet, não tem mais celular e sequer pode conversar com homens ou mulheres nas ruas. “Finjo que fico triste e aí ele cede um pouco, mas só depois que fico chateada”, conta Meire. 


Esta não é a primeira vez que ela se envolve com um homem ciumento. Seu ex-marido, com quem foi casada por 17 anos, não aceitou o final do relacionamento e chegou, inclusive, a invadir a casa de Meire. “Meu ex-marido nem demonstrava ciúme, mas não aceitou a separação, e quase me matou. Chegou até a invadir minha casa por não aceitar a separação”, contou a estudante. 


Apesar dessa experiência traumatizante, Meire acredita no amor atual e confia na possibilidade de amenizar o ciúme do novo marido. “Eu vou moldando. É porque ele só tem 23 anos”, acredita ela, que vê o ciúme controlado como algo positivo. “Ciúme moderado e ocasional relembra o casal que um não deve considerar o outro como totalmente conquistado e submisso. Pode encorajar casais a fazer com que se apreciem mutuamente e façam um esforço para garantir que o parceiro se sinta amado”, diz a psicanalista Taty Ades, que define cinco tipos de ciúmes (veja abaixo). 


O estudante Jonatan Godói, de 18 anos, também entende o ciúme como algo natural. “É normal cuidar bem de algo que considero valioso. Mas não pode ser doentio e nem ter sentimento de posse. O ideal é evitar os extremos e buscar o equilíbrio”, filosofou Godói, citando o que busca a também estudante Caroline Fontana, de 18 anos, que saiu há pouco de um namoro de 3 anos. “Gosto de cuidar do que é meu. Mas esse medo de ser trocada ajudou a gente a se separar. Na próxima vez, vou tentar limitar o espaço de cada um para o ciúme não atrapalhar”, disse Caroline, que ainda tem ciúme do antigo namorado, com quem pretende reatar.


Ciúmes e tragédia


Veja quatro casos em que o amor virou obsessão e acabou em assassinato


CASO PIMENTA NEVES – Após uma relação de 4 anos, marcada por confusões, o jornalista Antonio Pimenta Neves matou com dois tiros, em 20 de agosto de 2000, a ex-namorada e também jornalista Sandra Gomide, de 31 anos. Ele constantemente suspeitava de traição e até contratava pessoas para perseguir a namorada. Após o fim do romance, chegou a invadir o apartamento da vítima. Ele confessou o crime.




CASO ELOÁ – Inconformado com o fim do namoro, Lindemberg Alves Fernandes matou com um tiro na cabeça e outro na virilha a ex-namorada Eloá Pimentel, de 15 anos, em 13 de outubro de 2008, após mantê-la refém por mais de 100 horas, no mais longo cárcere privado de São Paulo. Amiga de Eloá, Nayara Rodrigues também foi feita refém e levou um tiro no rosto, mas sobreviveu.


CASO MÉRCIA – O fim do namoro seria o motivo da morte da advogada Mércia Nakashima, em 23 de maio de 2010, segundo a família da vítima. O ex-PM Mizael Bispo de Souza é o principal suspeito de matá-la. O corpo de Mércia foi achado numa represa. O vigia Evandro Bezerra da Silva é apontado como cúmplice. Os dois foram denunciados por homicídio triplamente qualificado. Ambos negam o crime.


CASO YOKI – Elize Matsunaga contratou um detetive que flagrou o marido dela, Marcos Matsunaga, dono da Yoki, com uma amante. Inconformada, ela passou a cobrá-lo. Casados havia 3 anos, as brigas passaram a ser frequentes. Na última discussão, em 19 de maio deste ano, quando revelou ao marido que sabia da traição, Elize afirmou ter sido desafiada e xingada antes de atirar, degolar e esquartejar o empresário.

Um comentário:

  1. Que Deus abençoe este trabalho, muitas almas tem sido ganhas através do poder de Deus.

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