terça-feira, 5 de junho de 2012

Escrevendo contra a fobia


Blogs funcionam como uma "terapia da tecla", ajudando jovens que sofrem desse transtorno. Permitir que os leitores comentem as publicações potencializa resultados


Transformar sentimentos em palavras escritas é para cientistas que desenvolvem estudos sobre "expressive writting" (expressão pela escrita) um modo eficaz de lidar com traumas e experiências dolorosas, como medos, brigas e até doenças crônicas. Em tempos de internet, relatar os sentimentos num blog é um remédio tão ou até mesmo mais eficiente do que contar as angústias num diário de papel.


Cientistas da Universidade de Haifa, em Israel, dividiram 161 adolescentes que sofriam de fobia social, ansiedade e timidez em grupos. Durante 10 semanas, alguns dos jovens que suavam frio só de pensar em se expor aos outros escreveram sobre suas angústias e experiências em blogs, alguns abertos a comentários dos leitores, outros não. A automedicação "da batida das teclas" resultou em adolescentes mais confiantes, com mais autoestima e mais à vontade em situações sociais que antes eram evitadas. "Os blogs podem ajudar as pessoas que gostam de escrever, e ser uma forma de tratamento ou de acompanhamento ao tratamento tradicional. Nem todas as pessoas gostam de escrever ou podem escrever de uma maneira expressiva, e nem todos gostam de usar computadores para isso. Mas se alguns gostam de se comunicar por computador, os blogs podem ser um modo eficiente de ajudá-los", afirma Azy Barak, um dos autores do estudo.


Os resultados foram melhores entre adolescentes que abriram seus blogs para comentários dos leitores. "Pessoas socialmente ansiosas geralmente são socialmente isoladas. Os blogs podem ser um caminho para desenvolver contatos interpessoais e relacionamentos, pois é muito menos ameaçador para eles", diz Barak. Compartilhar os sentimentos e emoções pode trazer benefícios imediatos para quem busca alívio e compreensão. "A comunicação é essencial para nosso crescimento. A escrita terapêutica ajuda a enxergar melhor quem somos, o que sentimos e porque um momento nos marcou tanto", diz Solange Pereira Pinto, dinamizadora de percursos criativos e terapêuticos, que oferece oficinas de escrita em Brasília. Mas, em alguns casos, o acompanhamento de um especialista é necessário. "Dependendo do nível de complexidade e impacto da situação ou traumas, um mediador é importante para ajudar a pessoa a analisar e propor condutas curativas", diz.

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