terça-feira, 20 de julho de 2010

Cupido Traiçoeiro


Segundo a mitologia romana, Cupido, o deus do amor (Eros na mitologia grega), é filho de Vênus, a deusa do amor, e de Mercúrio, o mensageiro alado dos deuses. Logo que nasceu, Júpiter, sabendo das perturbações que Cupido provocaria, tentou obrigar Vênus a se desfazer dele, mas, para protegê-lo, a mãe o escondeu num bosque, onde então ele se alimentou apenas de leite de animais selvagens. Representado por um menino alado que carregava um arco e um estojo com setas, os ferimentos provocados pelas lanças atiradas por Cupido despertavam amor ou paixão fulminante em suas vítimas.

A mitologia romana diz, também, que Cupido poderia, em algumas ocasiões, se desvencilhar da imagem de menino alado e mostrar-se envolto em uma armadura semelhante à usada por Marte, o deus da guerra. Dessa forma, a mitologia sugere paralelos irônicos entre a guerra e o romance, dois conceitos totalmente antagônicos, mas que, ao mesmo tempo, estão sempre presentes na vida dos amantes.

Talvez pela beleza e coerência da narração mitológica, os conceitos por ela expressos permanecem imunes ao tempo. Quem, afinal, nunca colocou a culpa nas costas do menino alado para justificar os fracassos e os erros no amor? Se esta não é uma maneira eficaz de lidar com as próprias frustrações, ao menos atribui a terceiros erros e equívocos surgidos diante da impossibilidade de lidar com as manifestações do coração. A culpa é sempre do Cupido. “Eu não tenho nada a ver com isso”. “A culpa é dele”. E ponto final.

Mas não de deve imaginar Cupido como um anjo torto, incumbido apenas de semear a dor no coração de inocentes. Ele é considerado um dos grandes princípios do Universo e o mais antigo dos deuses. Representa a força poderosa que faz com que todos os seres sejam atraídos uns pelos outros, e pela qual nascem e se perpetuam todas as raças. Cupido, enfim, é um deus ao qual não se pode renegar, se isso fosse possível. Nem deveríamos. Afinal, o amor é um beco profundo e sem saída, mas necessário e belo. Quem o experimenta, dificilmente consegue encontrar o caminho de volta. Uns porque não querem mesmo; outros porque se perdem em suas doces e escuras armadilhas.

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