quarta-feira, 12 de junho de 2013

Vigorexia: corpo forte, mente fraca

Por fora, eles são brutamontes repletos de músculos, mas, quando se olham no espelho, ainda enxergam um “frango” de academia. O vício incontrolável pela musculação, a vigorexia, pode causar dependência e sérios riscos à saúde


Nas palavras do escritor francês Xavier de Maistre (1763–1852), “o vício tem somente como recompensa o arrependimento”. Quem pensa em “vício” já imagina comportamentos negativos, como fumo, álcool ou drogas ilícitas. Porém, o psiquiatra suíço fundador da psicologia analítica, Carl Gustav Jung (1875–1961) já alertava que “toda forma de vício é ruim, não importa que seja droga, álcool ou idealismo”. Nunca vivemos uma época de tantos exemplos de vícios em atividades aparentemente boas ou saudáveis. Comida, lazer, diversão (como videogame), cuidados com a aparência e, até mesmo, exercícios físicos. É necessário exercitar-se e não há problema algum em frequentar academias, muito menos em gostar do que se vê no espelho. Pelo contrário, nosso corpo deve ser cuidado como a máquina que ocupamos. Sem manutenção e cuidados, qualquer equipamento estraga facilmente com o tempo. O problema, na verdade, é o excesso, pois escraviza quando se torna o centro da vida do indivíduo.


Mesmo coisas essencialmente positivas, como o exercício físico, quando levadas ao extremo, podem ser prejudiciais. O mais preocupante, porém, nem é o excesso em si, mas o que leva a pessoa a esse excesso. O abuso de musculação pode ser um sinal de “vigorexia”, ou “transtorno dismórfico muscular”, desarranjo onde o indivíduo sempre se vê pequeno. Não importa o quanto treine, para ele nunca é suficiente. Indivíduos acometidos por esse transtorno podem até mesmo arriscar sua saúde e sua vida ao abusar de esteroides anabolizantes. O professor de educação física da Universidade Federal de São Paulo, Vladimir Modolo, realizou uma pesquisa sobre o assunto, pelo Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício (Cepe). “Tudo pode começar com o que conhecemos por DE, a dependência pelo exercício, que é um vicio como outro qualquer e pode resultar em diagnóstico de um problema de saúde mental”, explica Modolo. De acordo com o estudo, a dependência acontece porque durante os exercícios são liberados neurotransmissores relacionados ao prazer, como a dopamina e a serotonina. “Quando o atleta termina sua atividade e sente uma incontrolável vontade de treinar em menos de 12 horas, é porque seu organismo sente falta desses neurotransmissores. Ele pode estar se viciando.”


Segundo o psiquiatra do Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, Alexandre Azevedo, a vigorexia é um transtorno caracterizado por uma distorção da imagem corporal. “Seus portadores acham-se fracos e pequenos, quando na verdade são fortes e grandes. E apresentam uma necessidade obsessiva em ganhar massa muscular e promover uma maior definição corporal. Ela é mais frequente em homens jovens entre 15 e 25 anos (idade de início de sintomas), progredindo indefinidamente quando o tratamento não é estabelecido, sendo que 50% desenvolveram o quadro após uso de anabolizantes, que é um fator de risco.” O médico afirma que o comportamento é levado ao extremo: “Os sintomas se evidenciam pela obsessão em se tornar musculoso. É comum se olhar constantemente no espelho. Apesar de musculosos, costumam se ver enfraquecidos ou distantes de seus ideais. Esses pacientes se medem várias vezes (medidas dos braços e coxas, por exemplo) por dia e fazem muitas comparações com outras pessoas. Chega-se a um ponto em que eles se sentem fracassados quando não veem atingidas suas metas, abandonam suas atividades sociais e se isolam em academias dia e noite”, explica.


Mas eles nunca veem atingidas as suas metas, já que suas mentes não enxergam o que o espelho lhes mostra. Nunca estão suficientemente fortes, porque não se sentem suficientemente fortes. A insegurança é tão grande que muitos, quando ficam de cama por conta de uma gripe, por exemplo, cismam que perderam massa muscular pelos poucos dias de repouso e assim que se sentem um pouco melhor, retomam a rotina de exercícios de forma ainda mais intensa, exigindo mais de seus músculos. Dessa forma, é comum que sintam dores frequentes e fadiga constante. Também é comum terem lesões, e nem isso os impede de treinar. Dietas rígidas são sacrifícios comuns e anabolizantes são tentações praticamente impossíveis de resistir, pois permitem um crescimento muscular rápido, o indivíduo atinge uma aparência “inflada” (alguns chamariam de “deformada”) que dificilmente seria possível sem esse recurso artificial. No entanto, os riscos são grandes. Desde infertilidade (por atrofia de testículos) e impotência sexual até disfunções hormonais e câncer no fígado, potencialmente fatal.


O personal trainer de 39 anos, Luis Fernando Silvestrini, chegou muito perto do descontrole por conta de sua paixão pelo físico perfeito, mas, felizmente, despertou a tempo, corrigiu a imagem distorcida que tinha de si mesmo e hoje tem um nível de atividade física que pode ser considerado normal. “Já tomei anabolizantes e tive uma experiência muito ruim. Tive ginecomastia (crescimento das glândulas mamárias em homens) e tive de operar sete vezes para corrigir. Cheguei a treinar 20 dias sem parar, sem dar um tempo para recuperação. Fiquei mal. Não tinha informação e cheguei a pesar 92 quilos com 1,80 metro. Não é muito, mas percebi a tempo que alcancei meu limite. Hoje estou com 85 quilos e com muito mais qualidade de vida sem precisar tomar essas porcarias”, diz Silvestrini.


Existem fatores sociais e culturais que podem estar envolvidos no desenvolvimento do transtorno em homens. A pressão da sociedade por um corpo forte e musculoso, como se isso definisse o que é ser homem, é semelhante à pressão por um corpo magro e esquálido que leva tantas mulheres a um transtorno mais conhecido: a anorexia. Não há nada menos viril do que insegurança e baixa autoestima, que o vigoréxico tenta combater com treinamentos pesados. Sem saber como ser homem, os vigoréxicos não percebem que a obsessão com a aparência os afasta cada vez mais da masculinidade.


O tratamento médico desse transtorno é feito usualmente por meio da terapia cognitivo-comportamental, que ajuda o paciente a reavaliar sua percepção de si mesmo e do seu corpo. 


Mudar a forma de enxergar a si mesmo e de interagir com o mundo, desenvolvendo as características do verdadeiro homem é o objetivo do grupo exclusivamente masculino Intellimen. Os participantes investem naquilo que realmente atrai mulheres, amigos, sucesso e segurança: a inteligência. Um trecho do Manifesto Intellimen (disponível no site www.renatocardoso.com) resume o que os homens descobrem quando deixam de olhar o espelho e resolvem olhar para dentro de si: “Ainda que você já seja forte e bem-sucedido em muitas coisas, é preciso entender que: ‘O homem não prevalece pela força’. (1 Samuel 2.9)É preciso mais que músculos para ser homem. Caráter, inteligência e fé são muito mais importantes.”


Principais sintomas da Vigorexia


• Distorção da imagem: o portador se vê menor do que de fato é (ou “pequeno”, como se autodenominam)


• Necessidade de gastar horas de seu dia em treinos de musculação


• Treina mesmo se estiver lesionado, sem intervalos.


• Mudança do comportamento alimentar, com conteúdo rico em carboidratos e proteínas em quantidade superior ao normal


• Abuso de complementos alimentares proteicos e “estimuladores” da hipertrofia muscular


• Uso de anabolizantes hormonais de forma indiscriminada e ilegal


• Necessidade de verificar repetitivamente as medidas de seu corpo


• Comprometimento de outras atividades cotidianas sociais, familiares, profissionais, ocupacionais, preferindo sempre as atividades físicas


Fonte: Alexandre Azevedo, médico psiquiatra do Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP


O segredo da autoimagem positiva


A pessoa se olha no espelho e começa a observar os seus defeitos. Acende uma luz para ficar bem claro e enxergar muito bem. Às vezes enxerga coisas que nem estão lá. Quantas jovens fizeram cirurgias estéticas e acabaram morrendo? Quantos rapazes desenvolvem câncer no fígado pelo abuso de anabolizantes? Essas pessoas se olharam com maus olhos, procurando defeitos, enxergando problemas que ninguém mais via. É a vaidade. Quando a Palavra de Deus fala sobre a vaidade, alerta para que não venhamos a investir no nosso exterior, mas sim, no nosso interior. É o nosso interior que sustenta o exterior, e não o contrário. Por isso, quem está vazio por dentro tenta preencher isso com algo externo, mas nunca consegue. Porque se o seu interior está bem, você vai estar bem em qualquer lugar deste mundo. No entanto, se o seu interior estiver mal, não importa onde você estiver, nem o corpo que você tiver, você vai estar mal. É questão de inteligência.


Bispo Edir Macedo

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