terça-feira, 23 de outubro de 2012

"Nada a Perder"


Em sua primeira participação numa sessão de autógrafos da biografia "Nada a Perder", bispo Edir Macedo visita presídio da capital paulista, relembra passado na prisão e emociona detentos com orações e palavras de fé e motivação



O dia 16 de outubro de 2012 começou com o sol escondido na capital da maior cidade do País. Para muitos moradores, a terça-feira era apenas mais um dia de trabalho como qualquer outro, mas, para os presos do Centro de Detenção Provisória III, no bairro de Pinheiros, na zona oeste da cidade, a data foi especial.


Desde cedo, os familiares dos detentos aguardavam na entrada do presídio o dia de “Jumbo” – termo usado para designar o dia de visita, no qual as famílias são recebidas e, com elas, os alimentos preferidos pelos presos, além de roupas e cigarros, a moeda corrente dentro da prisão. 


O “Cadeião de Pinheiros”, como é chamado o presídio, foi inaugurado em outubro de 2008. Os 4 mil metros quadrados de área construída têm capacidade para abrigar 512 pessoas, mas a atual população é de 1.289 detentos, que cumprem penas em regime fechado ou são presos provisórios. Algumas celas abrigam até 21 pessoas. 


O dia também reservava outra surpresa para os detentos: uma das duas alas do presídio aguardava para receber o lançamento de “Nada a Perder”, a biografia do bispo Edir Macedo. Pela primeira vez um best-seller seria lançado dentro de uma casa de detenção. 


No evento histórico e inédito, cerca de 3 mil cópias do livro – primeiro volume da trilogia que fala sobre a vida do líder da Igreja Universal do Reino de Deus – foram distribuídas aos presos e com um diferencial com relação aos lançamentos anteriores da obra: a presença do bispo Macedo. 




Desde 30 de agosto, quando o livro começou a ser lançado no País, essa foi a primeira vez que um lançamento contou com a presença do autor. A obra, que tem coautoria de Douglas Tavolaro, vice-presidente de jornalismo da Rede Record, já havia sido lançada em 19 cidades brasileiras até terça-feira, e é sucesso de público e vendas em todos os eventos realizados até agora. 


Foi a primeira vez também que um sucesso editorial foi lançado em um presídio. De acordo com o diretor da unidade, Ademir Muniz de França, “Nada a Perder” será a pedra fundamental da biblioteca que está sendo criada no local. “Pela primeira vez um livro chegou ao nosso centro de detenção.”


Vários obreiros e pastores prepararam o espaço para a chegada do bispo Edir Macedo no “Cadeião Pinheiros”. Quem entrasse na ala 1, após passar por um corredor com cinco portas gradeadas, encontrava o pátio tomado de detentos. 


No local, estava uma mesa com os exemplares de “Nada a Perder”, prontos para serem autografados pelo coautor da publicação, Douglas Tavolaro. Os detentos recebiam os livros das mãos de pastores e obreiros da IURD. Antes da chegada do bispo, muitos já folheavam o livro e colocavam seus olhos nas primeiras linhas da biografia. 




A curiosidade em saber sobre a história de vida do bispo era geral. Já de posse do livro, alguns dos presos se escoravam na parede e realizavam a leitura aproveitando o sol que já brilhava mais forte. Outros sentavam no chão e olhavam com atenção as fotos do bispo Macedo em vários momentos de sua vida. 


O presidiário M.J., de 40 anos, disse que iria ler o livro com muito carinho, mesmo não sendo membro da Igreja Universal. Condenado a 229 anos por assalto, sequestro, homicídio e tráfico de drogas, ele não guardava muitas esperanças de sair vivo da prisão. “Espero que o livro possa me ajudar de alguma forma, pois acredito em Deus”, afirmou. Já o detento D. P., de 42 anos, não conseguia disfarçar a emoção em receber o livro e a visita do bispo. “Não estamos esquecidos, alguém lembrou da gente”, falou.


A chegada do bispo




Edir Macedo chegou ao presídio de Pinheiros por volta das 10 horas da manhã e foi aplaudido pelos detentos. Assim que colocou os pés no pátio da detenção, foi rodeado pelos apenados. Sem microfone ou qualquer outro aparato sonoro, falou aos presidiários, que, respeitosamente, fizeram silêncio para ouvi-lo. “Alguns que estavam condenados por muitos crimes, hoje, estão pregando o Evangelho. Deus muda a situação de quem crê. Não importa quem você é ou o que você fez. Se você acredita de verdade em Deus, Ele muda sua vida.”


O bispo fez questão de orar de olhos fechados e mãos dadas com os presos e, lembrando os dias em que esteve preso, afirmou que a Bíblia sempre esteve com ele. Traçando um paralelo para sua visita ao presídio, disse: “Aqui eu não poderia deixar de vir. Alguns já leram um pouco do livro e espero que ele sirva de inspiração. Todos nós passamos por momentos difíceis e espero que esse livro ajude a superar os vendavais pelos quais todos passam”. Antes de ir embora, o bispo ofereceu apoio aos detentos, destacando que eles terão amparo quando ganharem a liberdade. 


No local havia exemplos de pessoas que tinham sido presas e hoje estão em liberdade, após se converterem para viver uma nova vida. Marcos Cézar Datri, de 39 anos, era um deles. Ele contou que o primeiro contato com o crime foi aos 9 anos, quando assaltou a casa de um policial e acabou sendo pego. 


Porém, foi aos 18, depois que a família dele perdeu tudo, que se envolveu com o tráfico de drogas. “Fui gerente de cassino clandestino e cheguei a cometer mais de 800 crimes. Fiquei preso por 10 anos.” Segundo contou, ele passou por várias casas de detenção em São Paulo, até conhecer a Palavra de Deus. “Depois de fugas e novas prisões, eu pedi perdão pelos meus crimes a Deus e resolvi mudar de vida.” Datri hoje está livre e pagou pelos crimes que cometeu. É obreiro da Igreja Universal e ajuda nos trabalhos realizados nos presídios. 




O empresário Douglas Nascimento, de 44 anos, conhece bem a realidade dos presídios do Estado de São Paulo, pois viu boa parte de sua vida passar atrás das grades da penitenciária do Carandiru – presídio desativado, conhecido pelo massacre de 111 detentos, em 1992. 


A violência e brutalidade sempre estiveram presentes na vida de Nascimento. Aos 9 anos de idade, ele foi vítima da fúria do próprio pai, que, embriagado, o perfurou várias vezes com um garfo, jogando-o depois em um poço. Ele só sobreviveu graças à ajuda da mãe, que chegou a tempo de socorrê-lo da agressão. 


Mesmo revoltado com a própria vida, ele tentou não se envolver na criminalidade, muito presente na comunidade onde morava, na zona leste da capital paulista. Trabalhou como feirante por um tempo e, depois, sua aptidão com o conserto de veículos o levou a montar uma oficina mecânica. 


Em 1996, um amigo pediu a ele para guardar um automóvel no local. O que o empresário não imaginava era que esse simples favor, futuramente, iria lhe custar muito caro. Dias depois, em uma batida policial, 63 quilos de cocaína foram encontrados no interior do veículo. 


Sem saber como explicar o mal-entendido, Nascimento foi parar nas capas dos principais jornais de São Paulo. O assunto também foi amplamente explorado pelos telejornais e programas policiais em várias emissoras de tevê. 




“Fui preso sem provas e condenado a 4 anos e 8 meses de prisão, em 1997. O juiz não aceitou as alegações dos próprios policiais a respeito da minha inocência e eu fui levado para o Carandiru para cumprir pena”, relata. 


Dentro do presídio, ele foi tomado por uma descrença na Justiça. Revoltado, passou a praticar contravenções e criou inúmeros inimigos, em virtude de rixas e desentendimentos, tentou matar um deles. Por conta disso, foi condenado a mais 18 anos e 3 meses de prisão.


Desesperado com a nova condenação, ele chegou a tentar o suicídio dentro da cela, amarrando um cinto no pescoço para se enforcar. Não morreu porque a fivela do cinto arrebentou. 


Após a tentativa frustrada de acabar com a própria vida, Nascimento conheceu o trabalho da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) dentro da prisão. “Um obreiro chegou até mim e disse: ‘Você precisa perdoar.’ O que mais me chamou a atenção nas pessoas da Igreja foi a alegria diferente que elas tinham. E eu queria esta alegria para mim”, conta. A partir de então, foi ajudado pelos pastores e obreiros da IURD, que o evangelizaram e o levaram a conhecer a Palavra de Deus. 


Em 2001, após cumprir parte de sua pena, foi liberto da prisão. “Ao sair de lá, fiz um propósito com Deus para evangelizar e ajudar outros presos a conhecerem a Palavra d’Ele”, ressalta. 


Hoje casado, Nascimento vive feliz ao lado de sua família. Trabalha e é proprietário de uma oficina mecânica. Após trilhar uma longa jornada, é um homem totalmente reintegrado à sociedade. E não se esqueceu de seu propósito: juntamente com um grupo da IURD, evangeliza pessoas que vivem o que ele viveu um dia.


Trabalho da IURD 




Desde os primórdios de sua criação, há mais de 35 anos, a Igreja Universal sempre manteve um trabalho nos presídios. Com o objetivo de evangelizar e levar uma palavra amiga aos que necessitam e estão apartados da sociedade, a IURD conta com o auxílio de bispos, pastores e obreiros. 


Este ano, são 2 décadas desde o massacre do Carandiru. O fato ainda está muito presente na memória de todos, o que representa mais um motivo para que a Igreja Universal reforce o trabalho que já está sendo feito nos presídios brasileiros (leia mais aqui). 


Desde o início do ano, a IURD consagrou um homem para cuidar exclusivamente dessa área: o bispo Afonso da Silva, responsável pelo trabalho evangelístico nos presídios brasileiros. Ele também compareceu ao lançamento da publicação no “Cadeião de Pinheiros” e considerou o lançamento do livro “Nada a Perder” no presídio uma grande vitória para todos. “O bispo Edir Macedo é um só. Com o livro, ele é multiplicado por mil e consegue passar o seu exemplo de conquista.” 


Ao final do evento, o bispo Afonso pediu a todos os presos que fizessem um círculo para realizar uma oração. “Deus, por favor, abençoe todos os presentes, e que esse livro do bispo Edir Macedo possa servir de inspiração e orientação para todos aqui. Amém!.”

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