quarta-feira, 15 de agosto de 2012

“Crack: o meu grande amor”


Um dia acordei na praia pela manhã, estava toda suja e sem roupas. Meu cabelo estava muito embaraçado, minhas unhas, com sangue e meu corpo, dolorido. Minhas roupas estavam jogadas ao meu lado, meus braços com grandes arranhões, provavelmente eu mesma os tinha feito, estava com uma unha quebrada. A depressão era profunda. Lembrava-me de minha mãe... Coloquei as roupas sujas e fui para casa descalça.

Andei quilômetros para chegar em casa, não sabia como tinha ido parar tão longe, afinal, o ponto que eu ficava era perto e não tão longe.

Tinha uma banheira no banheiro do meu quarto, eu enchi de água e sabão e entrei dentro dela, adormeci.

Depois de algumas horas acordei com muita angústia, uma sensação de vazio imensa, algo parecido com depressão, dava a impressão de que o meu coração havia sido arrancado. Sinto saudades de minha mãe.

Não sei ao certo o que aconteceu. Quando olhei do meu lado, a "coisa" estava lá, me olhando e segurando um copo de leite quente.

– Eu fiquei aqui esperando a senhora, fiz leitinho para agradá-la.

Fiquei sem fala, apenas tomei o leite...

No dia seguinte perguntei para algumas amigas o que tinha acontecido e elas relataram que eu fiquei muito doida. Peguei carona com um homem muito conhecido da rapaziada, que também era usuário, só que ele usava cocaína injetada, o efeito é tão potente quanto o crack.

Disseram que eu saí com ele em seu carro e não voltei mais. Realmente não sei o que aconteceu, não me lembro de nada.

Quando uso o crack, sinto uma euforia, alegria, fico confiante, minha energia aumenta e eu desejo cada vez mais o crack. Daria tudo o que tenho por uma pedra do meu amor, meu grande amor.... o crack.


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