sábado, 23 de outubro de 2010

DROGAS DIGITAIS


Também conhecidas como “e-drugs” e “i-doses”, as chamadas drogas digitais são arquivos musicais, geralmente no formato MP3, que podem ser baixados licitamente em diversos sites na internet. Quando ouvidas por meio de fones de ouvido, essas músicas prometem sensações parecidas às provocadas por drogas químicas, como a maconha, a cocaína, o LSD, etc. Depois de desembarcaram em países como França e Estados Unidos, onde elas seduziram os jovens, agora são os pais e as autoridades brasileiras que estão preocupados com a “novidade”. A grande procura por essas drogas digitais tem levado alguns sites a oferecerem um variado cardápio a preços sugestivos. E quem já “experimentou” esses arquivos diz que os enviados por encomenda produzem efeitos mais fortes que os disponíveis gratuitamente na rede. Por isso, o comércio nessa área anda competitivo, tanto no Brasil como no exterior. “As drogas já não precisam ser injetadas, ingeridas ou fumadas, pois agora podem ser ouvidas, em doses digitais”, afirma um site brasileiro especializado, que vende frequências sonoras de 15 a 30 minutos. “Experimente sensações fortes e alucinações”, completa a propaganda digital. O site conta com 1,4 milhão de downloads gratuitos solicitados. Semanalmente, o endereço registra cerca de 18 mil vendas. De acordo com os psiquiatras e os neuropsicólogos, essas “drogas tecnológicas” se baseiam na técnica de pulsações auriculares binaurais, ou seja, são a emissão de dois sons muito similares, mas de frequências diferentes, um em cada ouvido, o que tem por efeito alterar as ondas cerebrais. “O fenômeno neurológico pode produzir uma espécie de hipnose sonora”, dizem os especialistas. “Mas é preciso condicionar o cérebro, não é apenas ouvir e experimentar as sensações. Com o condicionamento, pode também surgir o vício nessas drogas”, completam. Em resumo, o uso de uma “i-dose” não tem efeito, a não ser que o indivíduo treine para experimentar as sensações. Os sons binaurais, que são uma espécie de princípio ativo das drogas digitais, são conhecidos desde os anos 1830, mas apenas em 1970 foram popularizados, devido aos avanços tecnológicos. É o que confirmam os neurologistas do Hospital das Clínicas de São Paulo. “A relação entre o som e o cérebro já é estudada há muito tempo, mas não há qualquer respaldo científico na ideia de que os efeitos sonoros influenciem o comportamento de quem quer que seja”, dizem. A história mais popular, segundo os médicos do HC, é aquela que diz que bebês que ouvem música clássica no ventre da mãe seriam mais inteligentes. “Isso também não tem respaldo científico nenhum”, completam.

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