quinta-feira, 25 de março de 2010

Perigo escondido.



Perigo escondido
Por Guilherme Bryan guilherme.bryan@folhauniversal.com.br O sal em excesso é um dos maiores vilões da saúde, tão perigoso quanto o cigarro, segundo estudo divulgado em janeiro pelas universidades norte-americanas Stanford e Columbia. De acordo com a pesquisa, deixar de comer 3 gramas (o equivalente a uma colher de chá) por dia de sal evitaria entre 44 mil e 92 mil mortes por ataque cardíaco por ano no país e provocaria uma economia de US$ 24 bilhões (R$ 42,9 bilhões) em gastos com saúde. Por sua vez, cientistas da Universidade de Nápoles, na Itália, avaliaram que reduzir em 5 gramas o consumo diário de sal diminuiria em 23% o risco de acidente vascular cerebral (AVC) e evitaria mais de 1 milhão de mortes anuais no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de até 2 gramas de sódio por pessoa por dia, o que equivale a cerca de 5 gramas de sal de cozinha (cloreto de sódio). Nos Estados Unidos, porém, os homens ingerem em média 10 gramas diárias e as mulheres, 7 gramas. Esses altos índices levaram o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, a liderar uma campanha para retirar, em 5 anos, 25% da substância dos alimentos industrializados e de comidas servidas em restaurantes, responsáveis por cerca de 80% do consumo de sal dos norte-americanos. No Brasil, um estudo da Universidade de São Paulo (USP), baseado em dados do IBGE, indicou que, em 2002, cada pessoa consumia 4,5 gramas diárias de sódio, mais de 10 gramas de sal. Atualmente, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo, tentam atualizar esses dados. “O objetivo é conhecer o consumo das pessoas e promover ações continuadas de educação nutricional, como orientar sobre a importância da leitura dos rótulos dos produtos e, para facilitar a leitura deles, pedir a troca da divulgação da quantidade de sódio (como exige a legislação atual) pela de sal”, explica Daniel Magnoni, chefe de Nutrição Clínica do Instituto Dante Pazzanese e coordenador do selo de aprovação da SBC. “Se fosse seguido o que determina a OMS, as pessoas rejeitariam a comida por a considerarem sem sal. O hábito alimentar é muito difícil de ser modificado e a saída é ter uma alimentação saudável desde a infância. Também é importante saber que o consumo de sódio se dá mais pelos alimentos industrializados do que pela adição de sal à comida. Até achocolatados, dietéticos e refrigerantes podem ter alta concentração de sódio”, alerta Manuela Dolinsky, coordenadora do grupo de pesquisa em Nutrição Funcional da Universidade Federal Fluminense. “Outro problema grave é que a legislação brasileira permite que, para criar o rótulo, empresas utilizem a média de sódio existente na composição do alimento em vez de usar a dosagem exata usada naquela fabricação”, completa Manuela. Embutidos, como bacon e linguiça, e conservas, como azeitona e palmito, além de queijos e sopas prontas estão entre os maiores vilões (veja a concentração média de sódio de alguns alimentos na tabela da página 16).Por conta de um problema no rim, o publicitário Caio Abreu Braga, de 23 anos, controla o consumo de sal na alimentação há 10 anos e sempre fica atento aos rótulos. “Não coloco sal no prato e, se necessário, uso a versão light. O maior problema é comer fora de casa, porque daí não há como controlar. Evito outros condimentos que possuem alto índice de sódio em sua composição, como o ketchup. Nesses produtos é que está boa parte do nosso consumo de sal e a gente nem sabe”, conta. “Uma maneira prática de saber se há ingestão em excesso de sal é verificar quanto tempo dura um pacote de 1 quilo da substância. Numa casa com quatro pessoas comendo 6 gramas por dia, ele deve durar mais de 1 mês. Pessoas com insuficiência cardíaca ou renal, assim como as mais sensíveis ao sal, caso de negros e idosos, devem consumir uma quantidade menor. Mas a exclusão total de sal na dieta pode aumentar o colesterol ruim e o nível de triglicérides (tipo de gordura)”, explica Décio Mion, nefrologista chefe da Unidade de Hipertensão do Hospital das Clínicas de São Paulo. Pesquisas da Faculdade de Medicina da USP avaliaram que sal em excesso pode provocar o crescimento na quantidade de angiotensina (molécula responsável pela pressão arterial e pela regulação da excreção renal de sódio) no organismo. “Já se sabia que o consumo elevado da substância estava associado ao aumento da pressão, das chances de AVC e de insuficiência renal. Porém, verificamos que ele também se associa ao crescimento anormal do músculo cardíaco, promovendo redução na circulação sanguínea do miocárdio (músculo responsável pela contração do coração), podendo, com isso, comprometer a função do coração”, descreve Joel Claudio Heimann, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP. Por outro lado, as pessoas que realizam uma dieta com menos sal e mais frutas e vegetais têm redução quase duas vezes maior da pressão arterial. É o que aponta estudo da Universidade de Harvard e do Instituto Nacional do Coração, Sangue e Pulmão, nos Estados Unidos, divulgado em 2001. “Consumir mais de 6 gramas de sal por dia faz com que o corpo retenha mais líquido e modifique a reatividade dos vasos, aumentando a pressão em hipertensos e fazendo com que a população tenha mais chance de se tornar hipertensa”, acrescenta Fernando Nobre, presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão.

Um comentário:

  1. Bacana essa materia..eu ja estou diminuindo o sal na minha dieta. Um abraço.

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