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ESPECIALISTA DIZ:HOMENS E MULHERES QUE TÊM UM CORPO, COMO DIZEM, 'LEGAL' E QUE FICAM NA ACADEMIA MALHANDO TÊM TANTOS PROBLEMAS PISÍQUICOS QUANTO QUEM É OBESO. VOCÊ CONCORDA? A psiquiatra e psicanalista inglesa Susie Orbach, 63, é uma das mais respeitadas cientistas da atualidade. E não é para menos. Professora da London School of Economics há mais de uma década, Susie é também autora de onze livros, a maioria deles best-sellers nos EUA e na Europa. O mais recente, “Bodies” (corpos), lançado em 2009, trata da obsessão mundial pelo culto ao corpo perfeito e dos efeitos negativos sobre essa cultura. Susie assina também, há mais de dez anos, uma coluna no respeitadíssimo jornal inglês The Guardian. Durante anos foi a psicanalista particular da princesa Diana. Apesar do respeitado currículo, o que tornou Susie verdadeiramente popular foram seus estudos a respeito da ditadura da beleza imposta na sociedade moderna. Segundo a cientista, atualmente, aquele que não se encaixa no padrão de beleza cultuado é tão ou mais marginalizado que o indivíduo desprovido de documentos como RG ou certidão de nascimento. “A mulher gorda, mais do que o homem, é segregada e anulada”, disse, em entrevista à uma importante revista brasileira. Ao colocar a beleza física como o centro das atenções, responsável por dar às pessoas sucesso e aceitação instantâneos, a teoria defendida eternamente pelo pai da psicanálise, Sigmund Freud, cai por terra, segundo Susie. Isso porque, hoje, o corpo é que comanda a mente, e não a mente que comanda o corpo. “Mas o peso que mais incomoda não é aquele que é registrado na balança, é o da consciência”, afirma. Ou seja, o peso ideal deixou de ser o recomendado pela medicina e passou a ser o estipulado pela sociedade. Desta forma, o corpo passou a ser concebido como mercadoria de consumo, o que acaba por gerar diversas desordens emocionais naqueles que não têm acesso a esse “produto”, seja por motivos financeiros, seja por motivos da própria natureza orgânica. A cultura do corpo perfeito, ainda segundo Susie, já se tornou um fenômeno globalizado. Prova disso é que o governo norte-americano, por exemplo, gasta com dietas quase o mesmo valor que aplica na educação. “Hoje em dia, em Nova Iorque, uma mulher não ter passado por nenhuma cirurgia plástica é quase ilegal. Andando nas ruas, as pessoas parecem ter idade indeterminada”, diz. Pensar, no entanto, que ter um corpo legal é garantia de estar livre de problemas é um grande engano, segundo a cientista. Pesquisas realizadas por Susie indicam que o homem e a mulher que estão nas academias esculpindo suas curvas têm tantos – ou mais – problemas psíquicos quanto os que são obesos.