sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Tudo pela prevenção


Tudo pela prevenção
Por Juliana Vilas juliana.vilas@folhauniversal.com.br As estatísticas são implacáveis. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 50 mil mulheres terão câncer de mama só este ano no Brasil. Isso equivale a 137 novos casos por dia. É a principal causa de morte entre as mulheres. Em média, 10 mil morrem todos os anos por causa da doença. Isso acontece porque, em 60% dos casos, o câncer de mama é detectado já em estágio avançado. Descobrir logo, portanto, é a melhor forma de evitar complicações. Se a doença é descoberta no início, as chances de cura chegam a 95%. Cientistas da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, descobriram um gene relacionado a mais da metade dos casos de câncer de mama no mundo, o NRG1 (neuregulina-1). Ou seja, a principal causa da doença é hereditária, mas alguns hábitos podem evitar ou adiar o surgimento de nódulos. Uma pesquisa feita pelo Ibope para a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) aponta que só 17% das mulheres já procuraram algum especialista. Entre as formas de detecção do câncer de mama, o autoexame é citado por 80% e a mamografia por 47%. Em abril, entrou em vigor uma lei federal que obriga a rede pública de saúde a realizar exame mamográfico gratuito e anual em mulheres com mais de 40 anos em todo o Brasil. Este mês, as entidades que trabalham pela prevenção do câncer de mama estão em campanha. É o “outubro rosa”, que começou nas cidades de Yuba e Lodi, na Califórnia. O objetivo é dar visibilidade à doença e conscientizar sobre a importância do diagnóstico precoce. O projeto, que consiste na iluminação de monumentos históricos, tomou proporções mundiais, passando pela Torre de Pisa, na Itália, o Arco do Triunfo, na França, o Corcovado, no Rio de Janeiro, e o Monumento às Bandeiras, em São Paulo. Por causa de campanhas desse tipo, o número de pacientes que chegam aos consultórios e hospitais com suspeitas da doença cresceu, e a maioria delas descobre a lesão no estágio inicial, o que é uma excelente notícia. “O autoexame só detecta o câncer avançado. Para descobrir no começo, é preciso fazer a mamografia. Os estudos mostram que cresceu o número de mulheres com câncer de mama no País, mas isso não é exatamente ruim. É sinal de que elas estão procurando ajuda médica no início da lesão, o que aumenta muito a chance de cura”, comenta o médico Carlos Frederico Lima, vice-diretor do Inca 3, especializado em câncer de mama. Embora muitos estudiosos digam que não existem meios de prevenir o surgimento da doença, Lima garante que alguns hábitos podem aumentar em até 30% as chances de contraí-la. “Não fazer exercícios físicos, fumar ou ingerir mais que duas doses de bebida alcoólica por semana, fazer reposição hormonal sem acompanhamento médico, não ter filhos ou engravidar depois dos 30 anos. Todos esses fatores aumentam o risco, sem dúvida”, diz o médico.Gilze Maria Costa Francisco tem 49 anos e é enfermeira. Nunca fumou, nunca bebeu demais, mas também não fazia exercícios físicos, trabalhava muito e cuidava da casa, do marido e da filha. Há 10 anos, fazendo o autoexame durante o banho, descobriu um nódulo estranho e foi averiguar. Era câncer. E já em estágio avançado. Passou pela cirurgia e retirou uma mama. “Essa doença é traiçoeira porque não tem sintoma. O tumor maligno é indolor. Como podemos desconfiar que ele está ali?”, questiona Gilze. Se pudesse ter feito tudo de maneirta diferente, ela garante que teria levado uma vida menos estressante. “A doença mudou o modo de ver a vida. Hoje, eu sei que é preciso viver da maneira mais feliz possível e não ser tão exigente comigo mesma. A paciência que deveria ter com a vida e não tinha, aprendi a ter com essa doença. Para lidar com o câncer, é preciso aprender, nem que seja na marra”, avalia. Gilze fundou, em Santos, no litoral paulista, o Instituto Neo Mama de Prevenção e Combate ao Câncer de Mama. A entidade nasceu depois que ela criou um site na internet e começou a receber mensagens de mulheres pedindo ajuda, conselhos e palavras de apoio. “Por isso, resolvi abrir o instituto. Para conscientizar quem não teve e unir as mulheres que já viveram isso, fazer com que elas se encontrem, troquem experiências, sejam solidárias. Só quem passa por isso sabe o que é ser mutilada, sentir medo de morrer e ficar com a autoestima detonada”, lembra Gilze, que, com o apoio do marido, de amigos e da família conseguiu recuperar a autoestima e, hoje, faz exames uma vez por ano e leva uma vida mais saudável. “Agora faço questão de ter qualidade de vida”, atesta.

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