sexta-feira, 5 de junho de 2009

A fé e o aborto














Bispo Edir Macedo

Para tratar deste assunto tão polêmico é preciso, antes de tudo, considerar os diversos pontos de vista que são possíveis em sua análise. Podemos, por exemplo, considerá-lo sob o ponto de vista socioeconômico, do ponto de vista da fé ou, ainda, do ponto de vista emocional.
Do ponto de vista socioeconômico, precisamos considerar as seguintes perguntas:
1) Em que camada da sociedade o índice de natalidade é mais acentuado e por quê?
2) A quem interessa a multiplicação desordenada de seres humanos? Quem ganha e quem perde com isso?
3) Por que muitos se mostram contrários ao aborto enquanto o promovem às ocultas?
4) Por que a mesma consciência que condena o aborto despreza as crianças geradas e criadas à revelia?
Do ponto de vista da fé, as perguntas são as seguintes:
1) Quais são as chances de uma criança abortada perder a Salvação de sua alma? A resposta a esta pergunta é: Nenhuma. O Senhor Jesus disse: "Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o Reino dos Céus." (Mateus 19.14)
2) Quais são as chances de uma criança chegar à idade adulta e perder a Salvação de sua alma?
Na Parábola do Semeador, descrita no capítulo 13 do Livro de Mateus, o ensinamento do Senhor Jesus nos leva à compreensão de que em cada 100 pessoas que ouvem a Palavra de Deus, apenas 25 são salvas.
3) "Se alguém gerar 100 filhos e viver muitos anos, até avançada idade, e se a sua alma não se fartar do bem e, além disso, não tiver sepultura, digo que um aborto é mais feliz do que ele." (Eclesiastes 6.3) Por que isso está escrito na Bíblia? Enquanto a criança estiver na idade da inocência, estará salva. Mas, ao entrar na idade da razão, perdendo, assim, a sua inocência, estará na dependência do perdão de seus pecados e da aceitação de Jesus como seu Senhor e Salvador.
Disse o Senhor a Adão e Eva: "Sede fecundos e multiplicai-vos." (Gênesis 1.22) Ao ditar os 10 Mandamentos, Ele disse: "Não matarás." (Êxodo 20.13) Qual a interpretação desses Textos Sagrados? Consideremos os seguintes fatos históricos:
No princípio da humanidade, a Terra estava vazia e precisava ser habitada. A multiplicação dos seres humanos era de extrema necessidade. Por conta disso, se justifica a ordem "sede fecundos e multiplicai-vos".
Como um dos Mandamentos da Lei Divina, "não matarás" trata do direito do ser humano à vida. Não creio que Deus estivesse focando os seres ainda em formação quando proferiu tais palavras. Contudo, isso não significa que a vida de um feto deva ser interrompida indiscriminadamente. Há, porém, situações em que não existe outra alternativa.
Também está escrito: "Quem matar alguém será morto." (Levítico 24.17) Hoje em dia, vivendo numa sociedade civilizada, sabemos que uma morte não é justificada por outra. Mas, naquela época, não havia o conceito de sociedade civilizada.
O Mandamento "não matarás" não se aplica ao aborto de um ser que ainda não está formado. A Bíblia considera o feto como uma "substância informe".
O fato é que os Mandamentos tratavam de leis espirituais e sociais para uma época em que as pessoas viviam numa sociedade sem lei, sem ordem ou qualquer disciplina; em que cada um fazia o que bem entendia.
Não sou contra a concepção, por questão de fé. Mas, pela mesma razão, não sou contra o direito que a mulher tem de interromper o desenvolvimento do feto se suas condições não atenderem às necessidades básicas de uma criança.
É sabido que a promiscuidade é fruto da falta de temor a Deus, mas o aborto não seria um estímulo à sua proliferação? Com ou sem aborto, a promiscuidade continuará a se proliferar cada vez mais aceleradamente por causa da corrupção do ser humano.
Temos, ainda, que analisar o seguinte: A força da lei impede o aborto? Quem mais ganha com a multiplicação de almas, o Reino de Deus ou o reino de Satanás? Qual é a probabilidade de um recém-nascido vir a aceitar Jesus como Senhor e Salvador quando crescer? O que é mais pecaminoso, a relação sexual ilícita ou o aborto?
De acordo com a Bíblia, pecado é pecado, independentemente de ser considerado pequeno ou grande, pois qual é a diferença entre pecadinho e pecadão, se ambos levam à morte eterna?
Do ponto de vista emocional, os argumentos contra o aborto são ainda mais fortes, principalmente por parte daqueles que conseguem criar os próprios filhos de forma adequada, isto é, sem deixar faltar-lhes pão, casa, educação e tudo o mais que é necessário ao desenvolvimento saudável de uma criança.
É muito confortável, para os que têm condições, ser contra o aborto, sem se importar com os que passam fome.
Deus abençoe a todos.

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