quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A.M.C realiza um café da manhã para as internas,famílias e funcionários da Fundação Casa de Parada de Taipas em São Paulo.




O evento na Fundação Casa de Parada de Taipas começou assim: As senhoras que fazem parte do Grupo AMC, começam a fazer a montagem com todo carinho e amor de tudo que for necessário para dar o melhor para as internas.










As 57 meninas foram recebidas com uma flor no cabelo. Variadas cores contribuiram para alegrar o espaço e as mulheres voluntarias da AMC participaram com muita alegria e sorrisos.









As meninas foram presenteadas com um anel de uma história narrada pela senhora Rosana que é a presidente da AMC e as senhoras que fazem parte do grupo. “O Velho Rei Sábio”. Em toda e qualquer dificuldade existe uma chance de abraçar uma oportunidade muito melhor, pois existe sobre o dia um Céu que está em todo lugar em cima da nossa cabeça e Deus jamais se esqueçe dos que o buscam e mudam de atitudes ruins.





O anel foleado dizia: “TUDO PASSA”, e seguro elas tambem abraçará essa oportunidade e buscará refazer a sua vida quando estiver livre para recomeçar











cantora Isis Regina cantou junto com grupo da AMC e as internas.





A Banda GERD parceira da AMC alegrou ainda muito mais o evento foi uma animação completa.














Uma mesa farta e diversificada de salgados e doces. Foram distribuido para as internas funcionários da casa.














Foram distribuido também kites de maquiagem para as internas.


Uma canja de fotos a pedido das internas.





A Oração que é a parte mais essencial desse momento finaliza com as voluntárias que adotaram o ombro, as mãos deixando assim a paz necessaria de um local que nos recebe com muito carinho e gratidão

Cachimbo da doença


Usado principalmente por jovens, fumo de narguilé tem alta concentração de nicotina, pode causar dependência e transmite doenças por via oral


Você já deve ter visto em alguma mesa de bar ou restaurante, em parques e até no meio da rua, pessoas reunidas tragando em mangueiras compridas e soltando fumaça. Todas conectadas a um mesmo objeto, geralmente colorido, cheio de firulas e chamativo. É o narguilé, um cachimbo de origem árabe usado para fumar. Não tem efeito alucinógeno, mas faz mal à saúde, segundo alerta feito pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) em 29 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Fumo.

De acordo com a Pesquisa Especial sobre Tabagismo (PETab), realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tinha 300 mil fumantes de narguilé em 2008. Mas, segundo o pneumologista da Divisão de Controle de Tabagismo do Inca, Ricardo Henrique Meirelles, “podemos supor que o número aumentou porque virou modismo”.

A preocupação do órgão é que – com as duras leis contra o cigarro – a indústria tabagista procure novas formas de atrair o consumidor, principalmente o jovem. “O sabor não irrita tanto e as pessoas desconhecem o mal que pode fazer. Já vi pessoas que são contra o cigarro, mas fumam narguilé, acham normal e, quando explico a verdade, se espantam”, conta Meirelles.

O problema é que mesmo aqueles com consciência dão de ombros. A pesquisa Perfil de Tabagismo em Estudantes Universitários do Brasil (PETuni), também coordenada pelo Inca, verificou que entre o grupo da área de saúde o consumo de narguilé é comum entre mais de 55%. O levantamento foi feito em São Paulo e Brasília, em 2011, e Florianópolis, em 2007. 

“E não muda nada. Com o narguilé, o cérebro também recebe a nicotina e isso pode levar à dependência, inclusive de cigarro”, adverte Meirelles. “A fumaça do narguilé tem maior concentração de nicotina, de monóxido de carbono e de alcatrão. Além do acréscimo da fumaça do carvão em brasa, que queima o fumo e potencializa os riscos de doença”, explica.


O especialista é implacável. Experimentar ou fumar o narguilé esporadicamente não mudam seu diagnóstico. “Mesmo que fume pouco, a pessoa tem chance de adoecimento maior do que quem não fuma nada. Até quem não fuma, mas convive com a fumaça, corre risco. Sem falar nas doenças transmitidas via oral (veja a relação na imagem abaixo)”, avisa Meirelles.

Para os consumidores, porém, alguns dos pontos listados pelo Inca acabam soando como exagero. Vinicius Herrero Cano, de 20 anos, era fumante de cigarro antes de experimentar o narguilé. Largou o primeiro por pressão da namorada, mas segue com o segundo, de vez em quando, só “em algum churrasco ou viagem”. Para o monitor de bufê infantil, uma coisa não remete à outra. “Porque são gostos diferentes. Só sinto falta do cigarro, quando bebo.”, diz ele.

Raphael Barreiros, de 23 anos, fuma narguilé há 8 anos e conheceu o objeto na casa de um amigo de família árabe. E relata que, antes disso, nunca tinha experimentado cigarro e segue apenas como consumidor de narguilé. “Não tem nem o que comparar. O cigarro é um gosto horrível, tem muitas substâncias tóxicas e o narguilé é composto por só quatro: tabaco, essência, mel e glicerina. Mas nenhum fumo tem alcatrão, como dizem os tais especialistas. Pode pegar a caixinha e olhar, pois todos são analisados e registrados na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).”


O programador de software, diferentemente de quem pouco sabe do assunto, tem consciência dos efeitos. “Não tenho de ser hipócrita. Existem diversas outras coisas que também fazem mal. Mas não há como comparar com o cigarro. Até porque não é uma coisa absurda”, avalia. Para “passar informação a quem tem interesse”, criou o “Blog do Arguile”, que dá dicas de preparo do narguilé e apresenta até resenhas de fumos de diversos sabores. Com 14 colaboradores, tem um público de aproximadamente 60 mil visitantes únicos por mês.

Para Barreiros, a resistência ao narguilé realmente existe. “Porque, quando começou a ser difundido, virou modinha, a molecada passou a comprar os chineses, baratinhos, e querendo aparecer, misturando com bebida alcoólica. Eles não têm a mínima ideia da cultura árabe e acabam estragando tudo”, reclama. “E as indústrias tabagista e farmacêutica são muito fortes por isso querem proibir o arguile”.

Os fumos de narguilé, inclusive, estão na mira da Anvisa. A resolução RDC 14/2012, de março deste ano, determina para, em março de 2014, o fim dos derivados de tabaco com aditivos, responsáveis pelos aromas e sabores. A Reality Cigars, uma das duas empresas cadastradas como importadora do produto, estuda opções sem tabaco: fumos herbais e pedras aromáticas. Barreiros não descarta um abaixo-assinado. “Nem tenho vontade de fumar sem sabor. Qual a graça disso? Não fumo por necessidade, mas por prazer. É o meu momento de relaxar e ter prazer”, diz.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O príncipe é um ladrão

Seduzidas por estelionatários, muitas mulheres bem-sucedidas dão dinheiro a "namorados" que conheceram pela internet, até perceberem o golpe


veronica.dantas@folhauniversal.com.br
Verônica Dantas | Arte: Edi Edson
Quando conheceu o americano Andrew pela internet, em junho deste ano, a professora de inglês Maria Cecília achou que sua espera por um novo amor havia terminado. Aos 43 anos, 19 deles dedicados a um casamento que acabou em 2010, ela se sentia pronta para viver aquele romance. “Ele me pegou pelo lado mais fraco”, conta a catarinense. “Dizia acreditar em Deus, ser solitário, sem família, sem amigos, e assim foi ganhando minha confiança.”


Andrew tinha uma história de vida triste, perdeu os pais ainda criança e estava viúvo havia 5 anos. Bem-sucedido profissionalmente, ele agora pensava em passar o resto da vida ao lado de Maria Cecília. O que ela não sabia é que tudo que ele disse e escreveu em quase 2 meses de relacionamento virtual era mentira. As fotos enviadas por e-mail eram roubadas da internet e o nome usado por ele era falso. Só após remessas em dinheiro que totalizaram R$ 20 mil para o suposto Andrew, ela se deu conta de que havia caído num grande golpe – e que o príncipe encantado não existia.



Maria Cecília não é seu nome verdadeiro. Como todas as mulheres com histórias parecidas em várias partes do mundo, ela agora se sente humilhada e tem vergonha de falar sobre o assunto, inclusive para a família. “Eu sou uma pessoa esclarecida, estou na segunda pós-graduação e, mesmo assim, caí na lábia de uma pessoa sem escrúpulos. Isso dói mais que o dinheiro que perdi”, lamenta. 


A catarinense foi mais uma vítima do “romance scam”, termo que é utilizado internacionalmente para identificar um golpe organizado que tem como alvo pessoas cadastradas em sites de relacionamento, emocionalmente vulneráveis e com mais de 40 anos. Em todos os casos, o “scammer” (golpista) usa um perfil falso, computadores públicos e argumentos suficientes para convencer suas vítimas que são europeus ou americanos, viúvos, com filhos e à procura de um relacionamento sério. 





Os nigerianos são hoje apontados como os principais golpistas na maioria das denúncias registradas – constatação feita após o rastreamento dos IPs (identificador de origem na internet) usados na comunicação com as vítimas. A fraude, aliás, é admitida pelo governo daquele país africano de 140 milhões de habitantes. Lá esse estelionato se enquadra no golpe do 419 (o 171 nigeriano), conhecido ainda como fraude da antecipação de pagamentos.


Dados do Internet Crime Complaint Center (IC3) – site criado pelo Federal Bureau of Investigation (FBI) e pelo National White Collar Crime Center (NW3C) para receber denúncias de crimes cibernéticos nos Estados Unidos – indicam que só no ano passado mais de 5,6 mil americanos caíram na conversa dos golpistas do amor e cada um relatou ter perdido, em média, o equivalente a R$ 18 mil. 


Um estudo da University of Leicester, apresentado na conferência anual da Sociedade Britânica de Psicologia em abril deste ano, estimou em 230 mil o número de vítimas do “romance scam” na Inglaterra desde 2008, quando a fraude começou a ser aplicada no Reino Unido. A estimativa do levantamento é que o golpe tenha causado a todas as vítimas um prejuízo médio anual de cerca de R$ 120 bilhões.


Em julho, o jornal australiano “The Sydney Morning Herald” publicou uma reportagem sobre “romance scam” e divulgou que as perdas financeiras com o golpe na Austrália foram de cerca de R$ 44 milhões só no ano passado, com um prejuízo médio estimado de R$ 40 mil por vítima.


Embora esse tipo de golpe já tenha causado prejuízos financeiros e emocionais também no Brasil, país que atingiu 82,4 milhões de usuários de internet no primeiro trimestre do ano, segundo o Instituto Ibope, ainda não existem dados que indiquem o número de vítimas por aqui. De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Crimes Cibernéticos (IBCC), Wanderson Castilho, não existem números oficiais, principalmente porque as pessoas sentem vergonha de assumir que caíram em um golpe e, quando assumem, não sabem direito a quem recorrer. “Nossa legislação não acompanha a velocidade da internet. A Lei Azeredo ficou em discussão desde 1999”, critica o perito em crimes cibernéticos, referindo-se ao projeto de lei sobre crimes da internet aprovado em maio último após 13 anos de intensas discussões na Câmara dos Deputados. 


Sabe-se que há um número cada vez maior de pessoas que se envolvem com estelionatários do amor graças, principalmente, à iniciativa de pessoas como a blogueira Meg D., que em 2010 criou o http://meg-golpistasvirtuais.blogspot.com.br com o propósito de ensinar vítimas a se livrar dos “scammers”. Colaboradora de sites anti-scam como o http://www.scamalert4u.com (que registra e-mails de fraudadores), em janeiro ela decidiu postar informações sobre os tipos de mensagens usadas por golpistas e como eles costumam agir. “Hoje o foco maior do blog é publicar o endereço de e-mails de golpistas. É a única arma realmente efetiva no combate aos crimes praticados por eles”, diz Meg, cujo blog recebe, em média, 800 acessos por dia.




Outro blog que se empenha em publicar denúncias contra “scammers” é ohttp://forascammer.blospot.com.br, administrado por Vânia L. Desde que o blog foi criado, há cerca de 1 ano, ela já recebeu quase 500 denúncias, uma delas sobre um golpista que tirou R$ 70 mil reais de uma mineira, em um momento em que ela estava emocionalmente fragilizada: havia perdido o pai e a mãe poucos meses antes de começar a conversar com o golpista. 


Nos dois blogs há links para que as vítimas façam denúncias às autoridades competentes, dentro e fora do País, entre elas a Polícia Federal. A Folha Universal procurou a Polícia Federal em busca de informações sobre o assunto, mas a assessoria de imprensa do órgão informou que a apuração de crimes cibernéticos é competência da Polícia Civil. A divisão de comunicação e jornalismo da Polícia Civil do Distrito Federal, por sua vez, informou não dispor de nenhuma autoridade para atender ao pedido de entrevista.


Wanderson Castillho, que também preside a empresa de segurança da informação E-Net Security e já atendeu mais de 30 vítimas do “romance scam” nos últimos 3 anos, conta ter identificado os golpistas em todos os casos para os quais foi contratado. “Mas eu não pude fazer nada porque não sou autoridade. Além disso, eles não acatam decisões que não sejam do país deles.”


Procurada pela reportagem, a Embaixada da Nigéria no Brasil admitiu que o golpe virtual por meio de namoro online é realidade no país, mas não apenas nele. “A insinuação de que a fraude é peculiar apenas na Nigéria ou perpetuada a partir da Nigéria não é senão falácia”, informou, por e-mail, o Ministério de Informação e Educação da embaixada em Brasília (DF). “Embora reconhecendo o fato de que poucos nigerianos podem ter essa forma ilegal de ganhar a vida, deve-se notar que um grande número de nigerianos é igualmente vítima desse crime organizado”, diz em nota oficial.


Ainda de acordo com a embaixada, a Nigéria colabora com a United Nations Office on Drug and Organized Crimes para combater fraudes na internet e mantém, desde 2003, uma comissão de crimes econômicos e financeiros para investigar casos de extorsão na internet, o Economic and Financial Crimes Commission (EFCC). Em julho, o órgão divulgou a foto de Bike John Niye (veja imagem na página 16), um estelionatário de 22 anos condenado a 1 ano de prisão após ter deixado pistas de seu golpe. Usando nome falso, o rapaz convenceu a americana Laura Wallmam, que conheceu num site de namoro, a lhe entregar o equivalente a mais de R$ 100 mil. 


O golpista se apresentou à vítima como um empresário que precisava da “ajuda” dela para comprar bens. Por orientação dele, a americana enviou pelo correio um pacote com um ursinho de pelúcia e um tipo sofisticado de celular. Dentro do ursinho havia dinheiro e uma fotografia da vítima. O pacote, endereçado a Toby Encore (nome falso) no subúrbio de Lagos, capital da Nigéria, tinha um número de telefone, o que acabou levando a polícia nigeriana ao golpista. 


As investigações revelaram que o nigeriano havia recebido várias somas em dinheiro por meio da Western Union, empresa de transferência de valores com 480 mil pontos de atendimento espalhados por mais de 200 países. Para receber o dinheiro, o golpista usava documento falso, que destruía após sacar a quantia enviada. 


Em fevereiro deste ano, o tabloide britânico “Daily Mail” publicou uma história parecida sobre envio de dinheiro. Vicky Fowkes, de 59 anos, também foi enganada por um falso namorado que conheceu pela interntet e entregou a ele suas economias da vida inteira. Um suposto engenheiro civil que dizia se chamar John Hawkins e vivia na Inglaterra estaria na Nigéria a trabalho. Quando disse que retornaria à Inglaterra e poderia encontrá-la, teria sido impedido de sair do país por dever impostos. A quantia que ele pediu à Vicky Fowkes foi o equivalente a mais de R$ 100 mil.


No caso da catarinense Maria Cecília, citada no início desta reportagem, a verdade só veio à tona quando, depois de esperar o suposto Andrew durante horas no Aeroporto de Navegantes (SC), ela recebeu o contato de um homem se dizendo advogado de Andrew e informando que ele não havia embarcado em Johannesburgo, na África do Sul, porque tinha pego, por engano, uma mala com cocaína e, por isso, estava detido na imigração. “Mesmo depois de eu ter enviado quase R$ 20 mil, continuam tentando me convencer de que estão falando a verdade”, revolta-se ela.


Um estudo da University of Exeter School of Psychology, encomendado pelo Escritório de Comércio do Reino Unido, revelou que pessoas que já foram vítimas de golpe estão propensas a cair em um novo, dos mesmos fraudadores. Um truque usado pelos golpistas, diz o estudo, é o contato de um suposto advogado, funcionário do governo ou da polícia do país do golpista oferecendo algum tipo de solidariedade.


A paulistana Ana Cláudia, de 44 anos, não chegou a enviar dinheiro ao “pretendente virtual” que conheceu no Facebook em julho, mas acreditou que estava conversando com um viúvo de Londres que se chamava John Webb e dizia ser engenheiro naval. Acreditou também quando ele disse que viajaria para a Austrália. E teria acreditado mais se a história inventada não fosse tão mirabolante (veja trechos das mensagens enviadas nesta página). 




A designer gráfico Bianca, de 39 anos, também desconfiou da história triste do engenheiro civil com sobrenome brasileiro que morava em Londres e não enviou os US$ 900 (R$ 1,8 mil) que ele queria para uma “emergência”. Mesmo assim, Bianca fez uma denúncia à delegacia de crimes cibernéticos em São Paulo. “A mulher que me atendeu disse que, se fosse eu, não mexeria com o assunto. Fiquei com medo”, diz a moça, que conheceu o golpista no site de namoro EBDA, voltado ao público evangélico. 


A amazonense Renata, 40 anos, também conheceu um golpista em um site evangélico, o Amor em Cristo. Dizendo ser divorciado, sem filhos e interessado em casar, o suposto americano convenceu Renata a enviar dinheiro. “Tinha muitas dúvidas sobre o que ele dizia e, mesmo assim, acreditei”, arrepende-se ela, que tirou tudo o que tinha na poupança (R$ 300) e fez um empréstimo bancário de R$ 1,7 mil, que vai pagar em 24 parcelas.


Ela ‘caça’ golpistas


A tentativa de golpe que um suposto russo tentou aplicar em Márcia, de 50 anos (foto ao lado, escurecida a pedido), a incentivou a virar caçadora de “scammers”. A abordagem foi feita pelo Facebook em fevereiro e a troca de mensagens durou 37 dias. “Na segunda mensagem já comecei a achar muito amor para quem só tinha fotos. Peguei parágrafos e joguei no Google para descobrir de onde tirava tantas palavras apaixonadas.”


A partir do que leu sobre “scammers”, Márcia ficou esperando que ele anunciasse a tal viagem à África. O golpista pediu US$ 2 mil (R$ 4 mil). “Como não enviei, o amor acabou naquele dia mesmo”, diverte-se, dizendo que é muito fácil identificá-los. “São sempre viúvos e com filhos, a esposa morreu de câncer ou acidente, os pais também morreram, geralmente são filhos únicos e não têm amigos.”


Cadastrada no site de relacionamento Par Perfeito, ela costuma rastrear e-mails suspeitos e faz buscas de imagens no Google. Os IP’s, diz ela, são normalmente do Reino Unido, dos EUA e da África.


Fragilidade exposta


O envolvimento amoroso em um momento onde há fragilidade emocional pode propiciar dificuldade de discernir o certo e o errado, o bom e o ruim, o saudável e o patológico. A afirmação é do psiquiatra Luiz Cuschnir, idealizador e coordenador do Gender Group do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Segundo ele, a carência afetiva, quando em uma dimensão maior do que a possibilidade de reflexão, leva a uma cegueira.


“Se há um terreno fértil com essa fragilidade e se superpõem fantasias que fazem parte do mundo interno emocional da pessoa, ela pode perder-se e agir de uma forma sem o controle necessário para não fazer o que não deve de acordo com seus valores e possibilidades”, diz Cuschnir, criador do Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher (Iden), ao comentar sobre o fato de muitas pessoas enviarem dinheiro aos golpistas.


A perda do dinheiro, no entanto, é apenas um detalhe nas histórias das vítimas. No estudo da University of Leicester, apresentado na Conferência Anual da Sociedade Britânica de Psicologia em abril, depressão, culpa, vergonha, constrangimento, raiva e medo foram apontados como os principais efeitos que aparecem depois de um golpe emocional. “A pessoa que foi vítima de um golpe romântico deu tudo de si”, disse ao jornal australiano “The Sydney Morning Herald” o psicólogo forense Donald Thomsom, da Deakin Universtity Australia. 


A experiência traumática, analisa Cuschnir, pode servir de aprendizado. “Dar outros valores à vida amplia os horizontes e indica caminhos novos que podem ser de muita valia para quem sofreu essas perdas”, analisa o psiquiatra. Na opinião de Erica Queiroz, especialista em relacionamentos e autora do livro “O amor está na rede”, a internet ainda é o melhor lugar para se encontrar alguém quando a juventude já ficou para trás. Ter sido vítima de um golpe, segundo ela, não significa que a pessoa tenha de desistir de sua busca pela felicidade. “É só não acreditar que existe príncipe encantado.”


Erica observa que existem golpes em todos os lugares, não só na internet. “O problema é que a vítima, na maioria dos casos, está com baixa autoestima e se apaixona por uma ilusão.” Uma maneira de se proteger, diz, é não se relacionar com estrangeiros. “Se já é difícil checar informações aqui, imagine de fora.”

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