segunda-feira, 13 de maio de 2013

A escolha é sua!




15 de outubro de 1988


Momentos antes do acidente, André pega o carro do pai para darmos um passeio. Ele não tem carteira de motorista, mas vamos apenas passear bem rapidinho, portanto não há problema. Ele está correndo e ultrapassa um caminhão... Batemos nele de frente, em alta velocidade.


23h48


– Conseguimos!! Tiramos a garota das ferragens do carro. Coloque-a na ambulância. O médico vai junto. A pulsação dela está fraca.


– É um milagre essa menina estar viva, não sobrou nada do carro – diz o paramédico.


– Temos de correr contra o tempo!


23h49


Volto ao meu corpo, vejo vultos perto de mim. Os médicos lutam para me dar a vida de volta. Começo a sentir o cheiro de enxofre novamente, o calor do inferno está chegando de novo em mim.


“Meu Deus, socorro! Eu entrego minha alma ao Senhor neste momento, como nunca fiz, com toda a minha força. Eu me coloco em Suas mãos! Me salve, eu creio no Senhor!” Adormeço.


10 dias depois


Acordo no hospital, estou com agulhas por todo lado. Minha mãe, coitada, está passando a mão sobre meu rosto.


– Meu amor, você voltou do coma. Deus me deu você novamente.


– Mãe, eu fui até o inferno. Quero dizer que sempre a enganei, tudo o que eu falava era mentira.


Ela coloca as mãos em meus lábios e sorri para mim.


Neste momento, começo a chorar. Tento me levantar, mas é impossível... Perdi minhas duas pernas. Elas ficaram presas e foram esmagadas nas ferragens. Tudo culpa minha...


Há uma cadeira de rodas ao lado da cama. Meu pai a comprou para mim. Nesta semana, completo 17 anos e passo meu aniversário em coma. Em vez de ganhar um belo anel de ouro, sou presenteada com uma cadeira de rodas. Peço um espelho para me olhar. Meu cabelo está curto de um lado e do outro estou careca, 19 pontos fechando minha cabeça. Muitos pontos no rosto, quase tirando minha expressão. Parafusos nos braços... Pergunto pelo André.


– Ele morreu no acidente – revela minha mãe.


Minha alma dói sobremaneira. Choro... Não porque sinta sua falta, mas porque sei onde ele está neste momento! Depois de três dias, saio do hospital. Vou até a igreja e passo a entender o que aquele homem fala. Consigo entender também por que as pessoas choram quando entregam suas vidas a Deus. Novamente aquela música é cantada: “Hoje você tem a escolha, qual caminho vai aceitar? Vida ou morte?”


Sei bem o que essa letra quer dizer. Não posso deixar minha alma entregue ao mundo... Um ano após o acontecido, resolvi escrever este livro para alertar você... A escolha é sua!
Fim. 
Clara Cristina

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