domingo, 29 de julho de 2012

Universitários “analfabetos”

Dos 6,5 milhões de estudantes matriculados em curso superior, 38% não leem ou escrevem plenamente, revela estudo



O País tem cerca de 6,5 milhões de universitários e de todos que chegaram ao ensino superior no Brasil, somente 62% são plenamente alfabetizados. Isso significa que 38% ainda não dominam a leitura e a escrita, nem estão preparados para cálculos complexos. Essa estatística faz parte do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado este mês pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e pela ONG Ação Educativa.


De acordo a consultora do IPM, Fernanda Cury, os dados indicam a necessidade de investimentos no ensino. "A qualidade da educação não acompanhou a abertura de vagas no ensino básico e na universidade." As matrículas nas faculdades cresceram 110% em uma década, segundo o Censo da Educação Superior de 2010.


Para a professora da Universidade de Brasília (UnB), Stella Bortoni, o problema não está no ensino superior. "A escola não está cumprindo o papel básico de ensinar a ler e o professor não é capacitado para lidar com as diferenças sociais dos alunos", diz. "A alfabetização é um processo que segue durante toda a vida e a família deve incentivar o jovem", acrescenta Stella.


O Inaf ainda aponta que o número de analfabetos caiu de 12% para 6% em uma década. Os analfabetos funcionais, que conseguem ler apenas informações simples, somam 27% dos brasileiros. Entre os que têm de 50 a 64 anos, o analfabetismo funcional atinge 52%. Isso ocorre porque muitos não tiveram acesso ao ensino quando estavam em idade escolar.


A população com nível básico de alfabetização foi a que mais cresceu, chegando a 47%. Entretanto, o percentual dos que alcançaram o nível máximo de leitura ficou quase inalterado, em torno de 25%. "As políticas públicas devem estimular os alunos a concluírem o ensino fundamental e médio", defende Fernanda Cury.


O Ministério da Educação informou à reportagem que o resultado do Inaf é "reflexo da exclusão histórica das classes populares à educação". Hoje, mais de 1 milhão de jovens e adultos estão matriculados no Programa Brasil Alfabetizado.

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