terça-feira, 3 de agosto de 2010

Problema pessoal que atinge o lado profissional



Problema pessoal que atinge o lado profissional

Como uma pessoa deve agir quando questões ou conflitos pessoais afetam sua saúde física e emocional e, consequentemente, seu rendimento no trabalho

Colaborou Carlos Gutemberg
carlos.gutemberg@arcauniversal.com

Quando algo errado é detectado em uma máquina ou equipamento de uma empresa, normalmente, equipes especializadas são acionadas para contornar a situação o mais rápido possível. Entretanto, nem sempre as organizações sabem que procedimentos adotar nos casos em que um funcionário ou colaborador apresenta problemas, sejam eles de saúde, particulares ou mesmo afetivos, que prejudiquem seu rendimento profissional.

Hoje, o mercado de trabalho está cada vez mais exigente. As empresas exercem certa pressão com relação ao desempenho dos seus empregados, esperando que eles saibam equilibrar bem a vida pessoal e coorporativa. Todavia, são frequentes os relatos de estresse decorrente das cobranças do dia a dia nas corporações, o que tem colocado o sistema de saúde de alguns países em estado de alerta.

Segundo dados divulgados pela Federação Francesa de Saúde no Trabalho, entre 300 e 400 pessoas se suicidam por ano na França, devido a pressões sofridas no ambiente corporativo. Estima-se que o país gasta entre 2 e 3 bilhões de euros, anualmente, no tratamento de pessoas com estresse em decorrência do trabalho.

A entidade International Stress Management Association aponta o Brasil como o segundo país do mundo onde os executivos apresentam uma forma severa de estresse chamada de “burnout”, atrás apenas do Japão. O termo, em inglês, quer dizer “estar esgotado”, tomado por um desejo opressivo de se livrar da carga de pressão e responsabilidades. Aqueles que apresentam um quadro desse tipo não têm possibilidade de reduzir a jornada de trabalho ou de desligar-se de certas atribuições.

“No caso do Brasil, nossa origem latina é um fator a se considerar, visto que temos dificuldade em separar razão de emoção. Assim, problemas afetivos externos à empresa ou mesmo surgidos no local de trabalho podem sim afetar nossa produtividade, caso não sejam tratados adequadamente”, observa a psicóloga Daniela Levy, especialista em psicologia do trabalho.

Principais causas dos problemas

São inúmeros os fatores que podem desencadear problemas pessoais e, por consequência, influenciar negativamente o rendimento de uma pessoa no trabalho. Dívidas e casos de doenças, além de desavenças familiares já causam preocupação dos gestores de recursos humanos das empresas. Por conta disso, muitas companhias têm implantado programas de qualidade de vida para seus funcionários.

“Algumas ações promovidas costumam oferecer sessões de massagem, planos de atividade física e de orientação nutricional. Incluem também a contratação de profissionais para orientar na gestão de carreira e no exercício de liderança,” explica a psicóloga.

Ela orienta que as empresas devem procurar checar o estado de saúde clínica e psicológica de seus funcionários, como o objetivo de detectar precocemente todo tipo de disfunção. “Isso pode ser feito por meio da aplicação de questionários médicos e de qualidade de vida, por exemplo. Com os resultados em mãos, as ações podem ser planejadas e direcionadas de forma mais efetiva e preventiva”.

Com isso, é possível reduzir o afastamento dos funcionários, por motivos de saúde, além de possibilitar a retenção de profissionais talentosos por mais tempo no quadro de colaboradores. “Entidades que adotam esse tipo de programa relatam ter, ainda, redução com os custos dos convênios médicos e, sobretudo, aumento significativo de produtividade”, atesta Daniela.

A empresa pode ajudar

Funcionário de uma empresa de assessoria administrativa de São Paulo, o advogado Júlio Nakandakari, de 48 anos, é um bom exemplo disso. Especialista em direito tributário, responde pela conta de importantes empresas sediadas no Japão e com filiais no Brasil, e está acostumado a trabalhar de 2 a 14 horas por dia. Há algum tempo, foi diagnosticado com hipertensão, glicemia e com taxa de colesterol bem acima do desejável.

A primeira reação do advogado diante da situação, evidentemente, foi de muito nervosismo. Entretanto, ele passou a ter orientações nutricionais e a fazer um programa de condicionamento físico, acompanhado por especialistas, na própria empresa em que trabalha. Também recebeu dicas com base na psicologia positiva, que lhe garantiram suporte emocional para lidar com o problema.

“Com essa atitude, a empresa manteve em seu quadro de colaboradores uma pessoa imprescindível para suas atividades. Certamente, esse advogado é, hoje, um funcionário ainda mais leal e comprometido com os objetivos da corporação”, destaca Daniela.

Ela ressalta ainda que, muitas vezes, uma boa conversa pode ser a solução ou o começo dela. E a empresa pode colaborar bastante nesse sentido. Por outro lado, o funcionário também tem parte importante na resolução dessa equação.

Como lidar com os conflitos pessoais

A empresa Carevolution – prestadora de serviços voltados à promoção e ao tratamento da saúde física e emocional sob o aspecto corporativo e familiar – dá algumas sugestões práticas de como o funcionário deve se comportar diante de conflitos pessoais, aparentemente insolúveis:

– Aja com cautela, sem procurar o isolamento ou se expor demais;

– Trate seus assuntos pessoais reservadamente; não deixe que presenciem suas conversas ao telefone ou vejam suas trocas de e-mail;

– Compartilhe seus problemas com os mais próximos; isso pode aliviar a pressão e evitar possíveis mal-entendidos;

– Relate sua situação ao superior hierárquico, mesmo que de maneira superficial, mas diga também como pretende lidar com ela e resolvê-la;

– Procure ajuda; em caso de problemas financeiros, considere a possibilidade de pedir um adiantamento ou realizar um empréstimo; se for problema de saúde, inicie um tratamento;

– Se o problema é persistente e a solução não é tão simples ou parece demorada, talvez seja necessário um afastamento do trabalho, por férias ou licença. Em casos mais graves, vale até desligar-se da empresa, para que sua imagem profissional não seja afetada negativamente.

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