MULTAS DE TRÂNSITO HÁ UM EXAGERO, SÃO NECESSÁRIAS PARA EDUCAR OU O MAU MOTORISTA NÃO SE INTIMIDA? Em janeiro deste ano, o Jornal da Tarde noticiou em primeira página um novo recorde, batido em 2009: o das multas de trânsito, que atingiram a impressionante soma de R$ 473 milhões, ou quase meio bilhão. Esse resultado já era esperado desde a divulgação dos dados relativos ao primeiro semestre do ano passado, quando se constatou que o número de multas aplicadas havia chegado a 3,1 milhões, aumento de 40% em relação ao mesmo período de 2008. As estatísticas divulgadas pelo Jornal da Tarde, portanto, mostram que, na capital paulista, uma nova multa é aplicada a cada 5 segundos. Para que seja possível aplicar tantas multas em intervalo de tempo tão pequeno, a quantidade de radares espalhados pela cidade teve de crescer no mesmo ritmo: de 180 em 2004 para 456 em meados do ano passado. A arrecadação, portanto, passou de R$ 328 milhões em 2004, para R$ 350 milhões em 2005, R$ 391 milhões em 2006, R$ 391,8 milhões em 2007, um pequeno e excepcional recuo em 2008 (R$ 386 milhões) e chegou a R$ 473 milhões em 2009. E um novo recorde será batido em 2010, com R$ 532 milhões, se as previsões da Prefeitura de confirmarem. Mesmo assim, o crescimento exponencial de arrecadação e aplicação de multas não tem evitado a morte de quase 40 mil pessoas no trânsito, todos os anos. Em números absolutos, tem-se verificado que a quantidade de mortes em acidentes cresce continuamente desde a década de 60, quando 51.125 pessoas perderam a vida em decorrência direta ou indireta do trânsito. Na década de 70 esse número subiu para 139.689 mortos, e na década de 80 foram registradas 229.254 mortes. Já entre 1992 e 1995, o número de acidentes nas rodovias federais brasileiras aumentou 50,4% , o de feridos cresceu 38,2%, e o número de mortos registrou crescimento de 21,4%. Ironicamente, a capital paulista, hoje a que mais aplica multas no trânsito em todo o País, é também a que mais registra acidentes: um a cada 3,2 minutos. E a cada 7 horas um pedestre morre atropelado.
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