JOVENS DA CLASSE MÉDIA NO CRIME E NAS DROGAS:RESULTADO DA CRIAÇÃO RECEBIDA, DA IDADE OU DA SENSAÇÃO DE IMPUNIDADE? O envolvimento de indivíduos das classes média e média-alta em atos de delito está cada vez mais comum no Brasil, como têm provado as estatísticas. No entanto, para o coordenador do programa de pós-graduação em Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), isso não deve ser encarado como motivo de alerta, já que é um grande erro associar determinada classe social como mais ou menos propensa ao crime. “Assim como a pobreza não faz de ninguém criminoso, ser da classe média também não faz de ninguém honesto. É muito mais comum encontrar um delinquente por conta da vontade própria e da necessidade de consumo. Tem gente que ainda acredita na inocente ideia de que bandido é morador de favela”, diz. Segundo o acadêmico, tudo indica que há prevalência de estímulos externos ao meio social, que acabam por favorecer a entrada do jovem de vida estável no crime. Dentre os mais comuns, cita ele, pode-se destacar a necessidade que esses indivíduos têm em ser o “centro das atenções”, uma vez que grande parte da imprensa brasileira transforma criminosos potenciais em celebridades marcantes e até invejadas. “A mídia tem o poder de transformar assassinos, traficantes, prostitutas e outros tantos mais em heróis nacionais”, explica. Bom exemplo de tal teoria é o caso do ‘famoso’ Maníaco do Parque. O assassino em série já distribuiu autógrafos pelas ruas do País feito artista de Hollywood. Bruna Surfistinha, ex-garota de programa, após publicar livro que conta sua trajetória “profissional”, passou a ser vista com frequência em programas de entrevista com um falso ar de intelectualidade estampado no rosto. Um chamariz e tanto para muitos jovens, dispostos a seguir os mesmos caminhos que a celebridade do sexo. Outra linha de raciocínio, defendida por profissionais da psicologia, sustenta que essa propensão ao crime seja um “traço de personalidade do indivíduo”, algo a ser discutido muito mais pela genética que por sociólogos. Os opositores de tal teoria se defendem e colocam a responsabilidade sobre os pais. “A família pode agir como dispositivo que aciona ou desarma a ambição criminosa do filho. Em alguns casos, pode até mesmo criá-la, mesmo que o indivíduo não tenha nenhuma propensão ao crime.”
Tal discussão é advento de tempos remotos, a certeza da impunidade, o envolvimento com drogas, a falta de empregos que também atinge a classe média, e a ausência da estrutura familiar são os principais motivos. Tive oportunidade de visitar alguns presídios aqui no Estado e em Estados vizinhos e percebi que de uns anos para cá, os presídios no Brasil vêm passando por uma modificação do tipo de presos. Antes, havia um determinado segmento da população que era normalmente detido. Hoje, nós vemos grande volume de jovens de classe média nos presídioso motivo, que pude perceber, está dentro de casa. Hoje As famílias deixaram de educar. Não em termos materiais, mas em termos estruturais, psicológicos. E isso gera na sociedade brasileira uma violência urbana alta, acredito que a certeza da impunidade é outro fator importante. Visto que a porcentagem de crimes esclarecidos em todos os níveis no Brasil é baixíssima comparada a outros países do mundo. Isso cria uma cultura de que não é só possível, como está se tornando desejável tirar vantagem.
ResponderExcluirComo estudante de direito, defendo também que o caminho da contravenção aparece como possibilidade quando os jovens de classe média, apesar de sustentados pelos pais, enfrentam dificuldades no mercado de trabalho. Eles(os jovens) não conseguem trabalhar. Moram com os pais, ganham mesada, mas não tem emprego. A contravenção aparece como possibilidade de uma relativa autonomia.
Vale salientar pra finalizar que o crime e a violência das camadas médias sempre existiram. Basta nos lembrar o caso do índio pataxó Galdino de Jesus, que morreu com o corpo queimado em 1997 enquanto dormia em um ponto de ônibus de Brasília.
Abraço,
Juliana Barros.