Era uma vez uma chácara no interior de Minas Gerais onde moravam um gordo peru e um belo galo. Os dois companheiros viviam na calma, na vida mansa daquela pequena propriedade onde a rotina era semelhante à vida no mar. O lugar era mesmo maravilhoso. Eles gostavam de todas as tardes subir na jaqueira e ficar empoleirados no galho. Dali dava para visitar os campos plantados, os caminhos, os animais no pasto, a estrada que sumia no horizonte e onde, vez por outra, o ronco do motor de um velho caminhão cortava o silêncio. Eita vida boa do galo e do peru!
Só que tinha um problema, o peru era desconfiado demais e não aproveitava as coisas como deveria. Um dia, uma raposa viajante, dessas que invadem o galinheiro das fazendas, avistou as aves no puleiro. Ela se aproximou sorrateiramente e começou a lamber os beiços de satisfação. Seus olhos brilhavam, enquanto ela arreganhava a boca mostrando os dentes afiados. A sua cara ficou assustadora.
O galo nem deu bola. Sabia que a raposa não podia subir na árvore e logo, logo o dono da fazenda ia passar por ali, como sempre fazia, e iria colocar a raposa ladra pra correr. Firmou- se bem, como era seu costume, e aproveitou para tirar uma soneca.
Mas o peru, muito desconfiado, ficou vigiando, não tirava os olhos da raposa, seguindo o seu movimento o tempo todo. A raposa ficou circulando ao redor da árvore tentando encontrar uma maneira de pegá-lo, com isso, sem perceber, o peru de olhos arregalados deu tantas voltas em torno de si mesmo que ficou tonto e caiu do galho. A raposa, que não passava de um filhote, teve o banquete que não merecia.
Quando o galo acordou com o barulho da tragédia pensou: “Pobre do meu amigo peru, de tão desconfiado que era, acabou cavando a própria sepultura.”
Há uma lição nesta fábula. Tem gente que desconfia de tudo e todos, vive com medo e acaba causando a própria desgraça. Excesso de cuidados às vezes esconde uma terrível falta de fé.
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