terça-feira, 23 de abril de 2013

Cirurgia íntima?


Em busca de um padrão de beleza imaginário, até mesmo crianças são submetidas a cirurgias estéticas genitais. Procedimento é invasivo e perigoso, dizem especialistas


A ditadura de padrões de beleza fora da realidade chegou a regiões que sequer são mostradas em público. O apelo da vez tem sido a realização de cirurgias íntimas femininas. Informações da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica revelam que mais de 9 mil cirurgias plásticas de regiões íntimas em mulheres foram realizadas no Brasil em 2011.

Se esse número já chama a atenção, o que dizer sobre a quantidade de meninas que estão sendo submetidas às operações com o consentimento dos próprios pais? No Reino Unido, crianças de 9 anos já passaram pelo bisturi. Cerca de 340 garotas com 14 anos de idade ou menos fizeram cirurgias íntimas naquele país nos últimos 6 anos, segundo estudo do University College Hospital. A pesquisa aponta que as pacientes não tinham problema de saúde e que o motivo das intervenções seria somente estético.

A “moda” do Reino Unido lembra a mutilação genital que ocorre em alguns lugares da África e da Ásia, prática que leva milhares de meninas à morte por sangramento ou infecções. Enquanto países considerados atrasados recebem críticas de organizações de direitos humanos, pais e mães do Ocidente acham normal permitir que suas filhas também recebam modificações desnecessárias em seus corpos.

A ginecologista do HCor, Luciana Crema, alerta que algumas mulheres se enganam ao pensar que a cirurgia íntima vai solucionar dificuldades pessoais. “Quando uma pessoa procura a operação, precisamos confirmar se é um problema anatômico ou se tem outras questões por trás. Muita gente acha que vai salvar o casamento, mas uma cirurgia não resolve a vida de ninguém”, avalia. Crema ainda salienta que as consequências de uma intervenção malfeita são permanentes. “A paciente pode ficar com a sensibilidade reduzida na região, além do perigo da anestesia”, acrescenta ela.

Em artigo publicado no início de março no The Sidney Morning Herald, a terapeuta em saúde sexual, Matty Silver, afirma: “Há uma grande quantidade de dinheiro neste negócio. Algumas jovens mulheres que procuram cirurgia plástica estão deprimidas e as operações 
são vendidas sem acesso preliminar para alternativas de terapias psicológicas”. De acordo com Silver, a cirurgia pode ter efeitos prejudiciais como infecção, falta de cicatrização e dor durante as relações sexuais, além de destruir as terminações nervosas do local. “É uma operação bem dolorosa e exige muito repouso, pois há risco de haver inchaço no local”, destaca o presidente da 
Comissão Nacional Especializada em Uroginecologia e Cirurgia Vaginal da Febrasgo, Fabio Leal. O ginecologista afirma que a estética não pode ser o principal motivo para uma intervenção. “Não existe um padrão único de genitália, ele é individual para cada mulher, mas há casos específicos em que o excesso de pele provoca desconforto e a cirurgia pode ser necessária”, resume.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

MACACO LADRÃO PM 1