
O Brasil é o país onde mais se consome crack
no mundo, com 1 milhão de pessoas que já
usaram a substância pelo menos uma
vez, segundo o Levantamento Nacional
de Álcool e Drogas (Lenad), feito pelo
Instituto Nacional de Pesquisa de
Políticas Públicas do Álcool e Outras
Drogas (Inpad) da Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp). A epidemia que atinge
1,4% dos adultos do Brasil revela a ineficiência
das políticas para o combate ao tráfico e à
recuperação de viciados.
“Estamos falando de um fenômeno parecido
ao de usuários de cocaína injetável no passado.
São casos graves e de alto impacto familiar e
com um agravante: agora o crack tem sido
oferecido para indivíduos extremamente
frágeis, vulneráveis, que precisam ser
muito mais protegidos”, observa o psiquiatra
Carlos Salgado, conselheiro da Associação
Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas
(Abead).
Para Salgado, é urgente a necessidade de se agir
para combater a disponibilidade da droga e para
atender o usuário. “O Ministério da Saúde não
tem se mobilizado para abrir leitos para
dependência química e, paradoxalmente, o
Ministério da Justiça tem feito isso, mas são
poucas as oportunidades e está sendo
feito pelo ministério errado. Por outro lado a
Saúde tem investido em agentes de repressão
e não de assistência, fica complicado”, critica
Salgado. “Sem contar o jogo de empurra que a
gente vê nos Centros de Atenção Psicossocial
(Caps) entre a Federação e os municípios,
enquanto o usuário que procurar atendimento
não terá equipamento ou estará sem pessoas
para o atendimento, já que há uma expectativa
de contar com o trabalho voluntário.”
Em São Paulo, onde o problema do crack
começou há mais de 20 anos, antes de
virar uma epidemia nacional, as políticas
públicas para conter o avanço das drogas na
sociedade também têm se mostrado ineficientes,
apesar do esforço feito, segundo comentou
o atual coordenador estadual de políticas sobre
drogas, Luis Alberto Chaves de Oliveira, o Laco,
médico que desde 1985 atua em projetos contra
abuso de drogas e que também trabalhou
para a Coordenadoria Municipal de Atenção às
Drogas, na cidade de São Paulo.
“A questão das drogas é crônica e, sem dúvida,
vem se agravando. O crack foi escolhido como
bola da vez: é uma droga importante,
produz dependência grave muito intensa e
destrói rapidamente a vida da pessoa, gerando
um
série de fenômenos de aparência grotesca, o
uso das drogas nas ruas e a dificuldade das pessoas
em sair dessa situação”, reconhece Laco, que
não vê uma solução a curto prazo para o problema.
“Tem saída, mas não há único modelo de
atenção e tratamento. A perspectiva de reinserção
social vai depender do modelo e da excelência do tratamento. É a mesma coisa do câncer: tem
cura, embora muita gente morra ou não tenha
condições de tratamento eficaz. Vai do
tipo de tratamento e de como vai seguir o
tratamento. Eu conheço modelos de caraterísticas de acolhimento religioso com eficácia de 50% a
60%, e outros modelos mais padronizados,
com ação médica e social, onde há eficácia
menor, de 20% a 30%”, aponta Laco, citando
estudos que indicam a chance de recuperação
em um terço dos usuários – sendo que o
mesmo percentual morre por causas como a
violência.
Apesar de reconhecer o tamanho do desafio,
o coordenador estadual de políticas sobre
drogas
vê um avanço nos trabalhos. “Temos melhor
atenção
do que há 3 ou 4 anos. Acredito que não diminuiu
o problema, mas estamos trabalhando para
diminuir e isso não vai ocorrer de forma imediata,
tem sempre gente nova entrando”, diz o
médico. “Problema de drogas tem que
combater de forma continuada e, mesmo
com investimento e gente boa trabalhando,
tratar problema de drogas faz parte da
história da humanidade”, acrescenta Laco.

O uso de entidades religiosas também foi citado
como auspicioso pelo psiquiatra Jorge Jaber,
presidente da Associação Brasileira de
Alcoolismo e Drogas (Abrad). “Existem
condutas médicas, psicológicas,
condutas de aconselhamento de 12 passos de
narcóticos anônimos e, finalmente, o
tratamento religioso, que acho importante
frisar: é recomendado pela Associação
Psiquiátrica Americana, a mais tradicional e
antiga do mundo. Médicos não podem falar do
ponto de vista religioso, por obrigação ética.
Mas, estatisticamente, pessoas que se
dedicam a atividade religiosa cristã têm
probabilidade maior de recuperação. O psiquiatra
deve indicar a pessoa a procurar entidades
religiosas
que tenham trabalho nessa área”, diz Jaber.
De acordo com o psiquiatra, a utilização da
droga é como descobrir Deus, mas de
maneira contrária. “Quando se descobre a
existência de um poder superior, a pessoa tem
sensação de grande revelação. Com a droga
também, mas falam que é ‘um grande barato’.
É uma sensação forte, de revelação, que
ela quer repetir. Da mesma forma depois que
descobre Deus é muito difícil esquecer e ela vai
querer Deus sempre presente e precisará renovar
essa relação com o poder superior
frequentemente”, compara Jaber.
O médico explica como o crack age para tornar o
usuário dependente. “O pulmão tem muitos
vasos sanguíneos para absorver o oxigênio e
respiramos 16 segundos para manter o
organismo funcionando. O crack vai com a
mesma velocidade do oxigênio para o
cérebro e, rapidamente, o usuário já precisa de
outra dose. Fica uma necessidade vital de
consumir a substância. A sensação que eles têm
é como se ficássemos 1 minuto sem respirar.
Por isso ficam desesperados.”
Esse desespero faz os viciados
se sujeitarem a tudo para
conseguir novas pedras de
crack, como relatam ex-usuárias
da droga. “Eu morei na rua
por 8 anos e fumei crack
por 5. O pico do prazer durava
pouco e eu queria sempre
mais. Depois da euforia vinha
uma dor no corpo,
estômago, depressão e eu
ficava nervosa. Nem me
preocupava com banho ou
comida”, conta Fernanda Alves,
de 33 anos, que chegou a
abandonar a filha e deixou que a
mãe morresse antes de
voltar ao mundo real.
Fernanda saiu de casa aos 15 e buscou apoio
em uma entidade religiosa para se livrar
do vício. Atualmente trabalha para recuperar
viciados e se depara com situações em
que, por exemplo, recolhe pedras e cachimbos
das mãos de usuários em busca de tratamento.
Ao sentir o cheiro da droga, confessa, tem a
sensação de que fumou no dia anterior.
Experiência parecida foi vivenciada por Tatiana
Gomes Martins, de 25 anos. “Com 11 anos
eu saí de casa e aos 12 eu estava no crime, já
viciada em maconha e loló (lança-perfume).
Comecei a traficar e um dia resolvi experimentar
o crack. Foi eu dar uma ‘lapada’ e acabou
a vida”, descreve Tatiana. “Fiquei 6 anos como
se fosse aquele mesmo dia, perdi o sentido da
vida. Fui morar na cracolândia, em São Paulo,
e para conseguir mais pedra cometia delitos
e até cheguei a me prostituir”, acrescenta.
Para deixar as drogas, Tatiana contou com a
ajuda da mãe, mudou de cidade, buscou auxílio
religioso e também trabalha para tirar as
pessoas da dependência química. “Tenho
vontade de dizer a todos os usuários para
acordarem para a vida, enquanto é tempo.
E os pais nunca devem desistir dos filhos.
Minha mãe lutou por mim. Ela acreditava
que eu ia mudar”, diz ela, lembrando que o
desejo do viciado de sair das drogas é o primeiro
e mais importante passo para a recuperação.
BLOCO DE AJUDA AOS DEPENDENTES QUÍMICOS NA
FUNDAÇÃO CASA DE SÃO PAULO.
ESTE PALESTRANTE, SABE ENSINAR COM TIRAR, UMA PESSOA DAS DROGAS LEIA.
Quando jovem aos 13 anos, meus amigos
ofereciam as drogas eu sempre dizia não,
mas chegou um momento por curiosidade
dentro da Escola comprei a cocaína e provei.
Comecei a ficar dependente dadroga e na
seqüência roubar para manter o vicio.Passei
por varias situações durante 10 anos no
mundo do crime e das drogas,as coisas que
não pratiquei no crime , foi matar e seqüestrar
Quando estava drogado sentia-me corajoso, forte
com ar de heroísmo, eu lembro que éramos cinco
na quadrilha 04 morreram eu fui o único que restou
e sem uma parte.
do meu corpo. DEUS livrou minha vida e hoje
pela sua graça estou aqui para dar esta palestra.
Muitas pessoas da Igreja, obreiros me falavam
de JESUS CRISTO, mas.
Eu dizia que o meu DEUS era as duas pistolas que carregava na minha cintura.