ADOLESCENTES: UM PROJETO DE VIDA
Especialistas em comportamento acreditam que, com bom planejamento, jovens podem concretizar sonhos
A adolescência é uma fase de transformações, é a transição da infância para a fase adulta. Ao mesmo tempo em que o pré-adolescente quer crescer, sente medo. Crescer assusta. É uma experiência nova, e o novo é sempre um desafio na vida humana.De acordo com Denise D’Aurea Tardeli, psicóloga, pedagoga e doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP), a ausência de projeto deixa a vida sem sentido e surge o tédio. “Assim é muito fácil cair em depressão ou entrar em situações de risco. Cada jovem reage de uma forma, por isso é importante o apoio para que ele se encontre”, esclarece.Para a pesquisadora, se o jovem nessa idade não tiver pelo menos um projeto em mente que o direcione a alvos certos, acabará sendo gerada nele a cultura do tédio e da desesperança. “O jovem sente necessidade de inserir-se socialmente, e quando por várias razões isto não ocorre, vai acontecendo uma anulação de si, até perder o interesse pelas coisas ou, ao contrário, buscar a sensação de aventura e perigo todo o tempo para preencher o vazio com excesso de adrenalina”, destaca a psicóloga.Tardeli explica ainda que um projeto de vida simples pode estimular e ajudar muito. “O projeto não precisa ser nada grandioso, mas precisa ter um significado para aquele determinado jovem. Precisa ter valor para ele; é isto que o leva para a frente, que lhe dá a direção, que o faz buscar, se aprimorar e ter vontade de envelhecer”, explica.Segundo a psicóloga, a escolha da profissão traz bastante tensão, apesar de hoje quase todos os jovens dos grandes centros urbanos, de uma forma ou de outra, buscarem cursos universitários. “O importante é conhecerem suas habilidades para escolher o melhor caminho”, orienta.A especialista sugere que as escolas criem atividades que envolvam várias áreas. Dessa forma, o adolescente se descobriria numa delas. “Conhecer as suas capacidades é um bom caminho para que ele busque atividades futuras que saiam do âmbito escolar, como trabalhos sociais, atividades artísticas ou esportivas, sem que isto seja uma pressão, mas, sim, oportunidades de experimentar”, defende.
DESEJO E REALIDADEA professora Ivany Pinto Nascimento, psicóloga e doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), pesquisadora do Centro de Educação da Universidade Federal do Pará (UFPA), explica que um adolescente não possui um projeto de vida estruturado por falta de oportunidades nas várias dimensões de vida, como a emocional, a cognitiva e, sobretudo, a social. A psicóloga, que estudou a adolescência na perspectiva da identidade do jovem e a importância dos pais no processo, deixa claro que a questão reside em que todo o sujeito constrói um projeto de vida e luta para a sua realização. “Cumpre observar que, entre o desejo e a realização de um projeto de vida, existem inúmeros fatores que podem facilitar ou dificultar que este projeto se torne realidade”, observa.A professora comenta que alguns jovens vivem superações positivas, ou seja, adequadas com o que é permitido socialmente para realizarem seus projetos. Outros experimentam superações que não são aquelas socialmente aceitas ao assumirem atividades clandestinas ou marginais.“A droga tem funcionado na vida do jovem de várias maneiras: como uma dose de coragem para ir à frente na construção e realização de seu projeto e para esquecer que não possui saída para superar as adversidades que paralisam a realização de seu projeto”, comenta.
ESCOLA E FAMÍLIAIvany esclarece que o que vai direcionar o jovem são as oportunidades que ele encontra, como políticas públicas e sociais que assegurem a ele o desenvolvimento de habilidades de vida, para que haja a superação das dificuldades e dos conflitos. “Acredito que todo sujeito possui um projeto de vida. Pode não estar bem claro, mas ele existe. O grande problema é este: possuir um projeto e não saber como realizar e não haver canais que facilitem isso. Onde está o Estado?”, questiona.Para a doutora em Educação, um projeto de vida indiscutivelmente dá sentido à vida, contudo deve ser dialogado para que o jovem se responsabilize por sua realização. “As políticas públicas para o jovem devem vir nesta direção”, sugere. Na opinião da pesquisadora, não existe um projeto simples; o que há é um planejamento de vida que possui um valor para cada um, dependendo da história e do contexto em que esse jovem vive. “Daí é que a família e a escola possuem um papel fundamental nesta construção”, declara.A professora frisa que, sem políticas públicas nesta direção, não há formação do jovem para a vida. Isso porque o quadro envolve valores, limites e possibilidades.A IURD oferece um programa de apoio à juventude: o “Jovem Nota 10”, que reúne uma série de atividades e cursos gratuitos voltados para o aperfeiçoamento educacional e intelectual de jovens. Ele já beneficiou mais de cinco mil pessoas ao longo dos seus três anos de existência. Presente em vários estados brasileiros, possibilita um melhor desempenho em diversas atividades, além de fazer com que muitos obtenham o primeiro emprego ou o retorno ao mercado de trabalho.
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