Professor de Oxford avisa que, se não mudarmos de comportamento, a resposta é... “sim”. O risco da extinção da humanidade não deve vir de fenômenos da natureza, mas do próprio homem
Se fizermos as coisas de maneira errada, este pode ser o último século da humanidade. A previsão é de gente séria. Saiu da boca do sueco Nick Bostrom, professor da Faculdade de Filosofia da Universidade de Oxford, uma das mais renomadas do mundo. Ele também é diretor fundador do Instituto do Futuro da Humanidade, alocado na Oxford Martin School, uma iniciativa que, desde 2005, reúne acadêmicos de diferentes áreas para estudos interdisciplinares capazes (esperam eles) de enfrentar os maiores obstáculos da nossa existência nas próximas décadas.
Físico, especialista em neurociência computacional, lógica matemática e filosofia, Nick Bostrom é conhecido principalmente por ter criado este conceito de “risco existencial”, daquilo que “ameaça a extinção prematura da continuidade da existência de vida inteligente no planeta Terra ou a permanente e drástica destruição do potencial desejável para um desenvolvimento futuro”.
A afirmação foi feita para a BBC inglesa, em matéria do dia 24 de abril, mas sintetiza o artigo que rodou – e abalou as certezas do mundo – nas últimas semanas: “Prevenção do Risco Existencial como Prioridade Global”. O estudioso explica, logo de cara, que o fato de ser difícil quantificar a probabilidade de algum risco não significa que o risco é desprezível. Diz que, pensando em fim do mundo, “mesmo uma pequena probabilidade de catástrofe existencial pode ser altamente significativa”.
Diferentemente do que podemos imaginar, as piores ameaças não devem vir de algum fenômeno da natureza, como terremotos, erupções vulcânicas, explosões de raio-gama; nem de fora do planeta, como asteroides e meteoros. Tudo isso, avalia Brostom, tem um risco “extremamente pequeno numa escala de tempo de um século ou mais”. Pelo raciocínio do professor, como já sobrevivemos a milhares de anos de guerras, doenças, fome, enchentes, predadores, perseguições e mudanças ambientais, neste sentido, as chances ainda estariam do nosso lado. Ainda bem! No entanto, isso não nos deixa livres de problemas.
O grande inimigo do homem, acredite, é o próprio homem. De uma forma pouco paradoxal: com o fruto de nossas atividades nos avanços tecnológicos. Nós estamos produzindo, de forma cada vez mais acelerada e avançada, tecnologias que proporcionam conforto, segurança, agilidade, mais saúde, maior tempo de vida. E são exatamente essas tecnologias, o conceito por trás delas, as pesquisas nos níveis mais avançados de diferentes áreas (biologia, física, química, medicina, ciência da computação) que podem, justamente, se voltar contra os “feiticeiros”.
Tecnologias novas sendo exploradas sem que se saiba de suas consequências em longo prazo podem causar catástrofes por acidente ou propositalmente.
Estamos falando do que pode acontecer com falhas de grandes magnitudes numa manipulação genética, por exemplo. Ou cientistas inescrupulosos usando a nanotecnologia para fins bélicos. Ou computadores rebelando-se, por meio de inteligência artificial ou de sistemas computacionais, para dominar o homem [veja mais nas ilustrações]. Parece filme de Frankenstein, James Bond e Matrix, mas “não é ficção científica, doutrina religiosa ou papo de fim de noite no bar”, avisa Bostrom. “Não há qualquer motivo plausível para esse assunto não ser levado a sério.”
É justo aí, porém, que reside o problema propriamente dito. Nem mesmo os teóricos sobre o assunto estão realmente preocupados. Existem mais estudos sobre snowboarding do que sobre o fim do mundo! O que, para o estudioso sueco, atrapalha é a multidisciplinaridade do tema, o aprofundamento científico, dados precisos e em larga escala e até questões psicológicas – afinal, quem quer estudar, ou melhor, pensar que tudo vai acabar? As pessoas comuns, parecem ainda mais alheias. O professor entende que quando confrontadas com números altos, aparentemente distantes, difíceis até de imaginar, essas pessoas desistem de entender e, inclusive, se engajar a este assunto.
Ainda assim, o estudioso não é um pessimista. Encara seu artigo como uma oportunidade, fala da necessidade de uma postura pró-ativa e de um engajamento coletivo das nações. Dizer que sim, é um cenário nebuloso, mas faz considerações finais encorajadoras usando seus próprios argumentos: de que os conceitos-chave dessas novas tecnologias são... novos! E, por isso, o risco propriamente dito ainda não pode existir enquanto estas tecnologias não se concretizarem em... risco! Embora, obviamente, quando o risco se concretizar, será tarde demais. Apesar das poucas pesquisas sobre o tema, comenta um leve aumento de artigos nessa área e da conscientização geral dos impactos da atividade humana no planeta. Para ele, toda essa evolução no pensamento, aliado ao tecnológico, também podem diminuir os riscos.
Motivado pela seriedade de seu trabalho, quer crer que toda sua explanação servirá não só como alerta, mas também como um forte guia de orientação para “preocupações utilitárias” e uma nova maneira de se pensar um ideal de sustentabilidade. “Este é um dos jeitos mais importantes de fazer a diferença”, torce Bostrom. Melhor acreditar.
Em contraponto aos recursos apresentados pelos cientistas para nossa sobrevida, Stephen Hawking, um dos maiores físicos e cosmólogos do mundo, voltou a alertar, durante palestra em Los Angeles e divulgada pelo Los Angeles Times, que a extinção da raça humana pode estar próxima, a menos que alguém descubra uma maneira de sobrevivermos no espaço.
Segundo ele não devemos sobreviver mais de mil anos, graças ao tratamento que damos à Terra, um planeta muito delicado.
Nanotecnologia
A manipulação dos átomos e suas estruturas mais básicas, dependendo da área em que for usada e com que fim, pode produzir estruturas destrutivas, para guerra de nível atômico ou molecular. E até na dermatologia nanopartículas de óxido de zinco e dióxido de titânio têm sido usadas em fotoprotetores. No longo prazo, qual será o resultado disso tudo?
Inteligência artificial
Computadores e robôs que raciocinam (com dados e regras lógicas) aprendem (inclusive com os próprios erros) e reconhecem padrões (até do cotidiano humano) podem “ultrapassar” o homem e, por que não, subjugá-lo algum dia.
Manipulação genética
Utilizada para buscar soluções para problemas de saúde e no combate a doenças, quem garante que também não servirá para criações bizarras, como em filmes mesmo, ameaçadoras para o ser humano? Até ovelhas que brilham no escuro já foram criadas pelo homem!
Sistemas computacionais
Deixando tudo a cargo de sistemas, de uma máquina, apesar do sossego e da segurança que conhecemos, podemos ter de confrontar, em algum momento, uma pane gigante, ou perdidos em informações, manipulados por aquilo que criamos
Guerras
Tudo o que envolve um conflito, com destruição, fome e perseguições; ainda assim devemos ser sobreviventes. Não seria isso a dizimar o homem, segundo os estudiosos do instituto. Nem mesmo uma bomba como a que destruiu Hiroshima, no Japão.
Ameaça espacial e desastres naturais
Asteroides, terremotos, erupções vulcânicas e outros fenômenos têm chances extremamente pequenas de acabar com a humanidade
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