terça-feira, 2 de agosto de 2011

Vítimas dentro de casa

Casos recentes nos Estados Unidos e no Brasil escancaram a dura realidade de crianças que são brutalmente agredidas por quem deveria zelar por elas

Talita Boros

talita.boros@folhauniversal.com.br

Elas são chocantes e entristecedoras, mas mesmo assim não param de aparecer nos noticiários. Cenas e casos cruéis de pais, mães e babás que espancam crianças que deveriam proteger são recorrentes no Brasil e no mundo. Além da dor física, a violência doméstica compromete o desenvolvimento pessoal e traz consequências psicológicas graves às crianças e adolescentes. Segundo alguns especialistas, as vítimas podem até se tornar adultos agressivos.


Na semana passada, autoridades do estado de Indiana, nos Estados Unidos, divulgaram cartas do menino Christian Choate, de 13 anos – encontrado morto no mês passado –, em que ele descreve o abuso que sofreu dentro de casa e como vivia trancado em uma jaula de cachorro. Christian teria morrido em 2009, após ter sido espancado e ter sofrido uma fratura no crânio, segundo a autópsia. Seu corpo foi encontrado coberto de cimento em uma cova rasa, depois que a polícia recebeu uma denúncia. O pai e a madrasta de Christian foram acusados de uma série de crimes relacionados à morte do menino.


De acordo com levantamento do Laboratório de Estudos da Criança da Universidade de São Paulo (Lacri/USP) mais de 49 mil casos de violência física contra crianças foram notificados às autoridades no Brasil entre 1996 e 2007. “Estudos recentes apontam que cerca de 63% das crianças que vivem nas ruas fugiram de casa porque eram vítimas da violência praticada pelos próprios pais”, aponta o neuropediatra Saul Cypel, consultor da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, que trabalha para a disseminação de conhecimento sobre o desenvolvimento infantil. Segundo ele, a criança que sofreu violência não se estrutura para enfrentar os desafios do dia a dia. “Ela começa a reagir de forma impulsiva e tem mais chance de se tornar um adulto com alta agressividade, dificuldade de lidar com situações complexas e com outras pessoas”, afirma.


Mas como coibir essa prática? Itamar Gonçalves, coordenador de projetos da organização não governamental Childhood, que atende crianças e famílias em situação de violência, afirma que escuta com frequência a afirmativa ‘aprendi apanhando e agora é assim que eu ensino meus filhos’. “É muito comum isso. Falta informação para as pessoas. Para acabar com essa prática, precisamos trabalhar com prevenção à violência dentro das próprias famílias”, destaca. Para ele, assim como para os outros especialistas, a assistência psicológica é essencial para tratar as crianças que sofreram agressões. “Ela precisa entender que aquele processo a que foi submetida não é natural. Não dá para dizer que, com o acompanhamento, o trauma será apagado, mas a criança pode criar um distanciamento saudável do ocorrido”, explica.



No Brasil, em um caso recente, um lavrador foi flagrado agredindo os próprios filhos, de 7 e 8 anos, com pontapés, em Registro, no Vale do Ribeira, em São Paulo. O espancamento foi filmado pelo outro filho do lavrador, de 17 anos. Ele entregou o vídeo a um tio, que levou para a polícia. A avó dos meninos alegou que o pai deles, que está preso, é alcoólatra.


Mas não são apenas os pais ou parentes os agressores em potencial. Muitas vezes, quem é pago para cuidar das crianças torna-se um vilão do lar. No começo do mês, um vídeo mostrou uma babá agredindo o bebê de 7 meses que cuidava, em Andradina, interior de São Paulo. Ao ser interrogada pela polícia, Neusa Berenguel, de 58 anos, confessou que bateu na criança e alegou que estava em depressão. Ela disse que na época estava sem os remédios para tratar a doença. Neusa chegou a ser presa, mas agora aguarda julgamento em liberdade.


Viviane Nogueira de Azevedo Guerra, pesquisadora do Lacri e autora de 11 livros sobre violência doméstica contra crianças e adolescentes, explica que nem todas as vítimas de agressão serão adultos violentos. “Tudo depende da presença de uma pessoa afetiva, que a proteja e ampare. Muitas vezes este papel é representado por algum amigo da família, madrinha ou padrinho, tio ou tia”, afirma.


Segundo Viviane, a psicanalista suíço-alemã Alice Miller analisou a biografia de grandes tiranos da humanidade, como o líder da Alemanha Nazista, Adolf Hitler, e de artistas, como o poeta Paul Celan, que foram barbaramente espancados na infância, mas tiveram uma vida adulta totalmente diferente. O fator decisivo foi ter um apoio. “É preciso analisar também o contexto sociocultural que permitiu a essas pessoas se tornar o que se tornaram”, diz.


Decadência precoce.

Com uma carreira de sucesso meteórica, a cantora inglesa Amy Winehouse morre aos 27 anos viciada em álcool e drogas

Raquel Maldonado

raquel.maldonado@folhauniversal.com.br

“A morte dela era apenas uma questão de tempo”, disse Janis Winehouse, após ser avisada da morte precoce de sua filha, a cantora britânica Amy Winehouse, de 27 anos, no último dia 23. Assim como a família da artista, os fãs também não foram pegos de surpresa. Afinal, ultimamente ela era notícia não mais pela voz potente, comparada às das grandes divas do jazz, e suas músicas contagiantes, mas por seu envolvimento com álcool e drogas e pelos frequentes escândalos que estampavam a capa dos tabloides ingleses. Amy foi encontrada morta em seu apartamento em Londres, Inglaterra. A polícia aguarda o resultado dos exames toxicológicos, que devem sair em até 3 semanas, para confirmar a causa da morte, embora especulações apontem para overdose.


A decadência de sua brilhante, porém curta, carreira era evidente. Em 2007, Amy foi hospitalizada por causa de uma suposta overdose de cocaína, heroína, quetamina, ecstasy e álcool. Na época, ela também foi flagrada fumando crack. Um ano mais tarde, a cantora foi presa duas vezes por posse de drogas e agressão. Em junho deste ano, ela suspendeu a turnê que fazia pela Europa, pois não conseguia concluir as apresentações. Durante os shows, esquecia as letras, ficava sem voz e, em alguns momentos, não conseguia nem ficar em pé. “Isso é resultado de muitos anos de uso contínuo de drogas cada vez mais pesadas e da falta de um tratamento correto e do apoio da família. Ela começou a ganhar muito dinheiro e a gastá-lo todo para manter o vício que ia crescendo a cada dia”, afirma Leonardo Gonzalez, acompanhante terapêutico. “No caso da Amy, como no de tantos outros artistas, a indústria cultural teve papel fundamental para esse desfecho”, completa.


Amy Winehouse – que em janeiro deste ano fez cinco shows no País – começou cedo na música. Aos 16 anos, já cantava profissionalmente nos pubs londrinos. Aos 19, lançou seu primeiro álbum “Frank”. Mas foi com seu segundo trabalho, “Back to Black”, que ela alcançou a fama e o reconhecimento internacional, ganhando, em 2008, seis prêmios Grammy.


Entrevistas com familiares nos últimos anos evidenciavam o temor com relação à morte precoce de Amy. O pai dela, Mitchell Winehouse, chegou inclusive a afirmar, em 2007, após ela ser internada por consumo excessivo de drogas, que tinha pronto o discurso fúnebre para homenagear a filha.


A “maldição dos 27”


Amy Winehouse entrou para a lista de ídolos da música que morreram de forma trágica coincidentemente aos 27 anos. Conheça alguns deles:


Jimi Hendrix (1942 - 1970): Um dos maiores guitarristas da história. Morreu após tomar anfetaminas e sedativos e se sufocar em seu próprio vômito enquanto dormia.


Kurt Cobain (1967 - 1994): O ex- vocalista e guitarrista da banda Nirvana se matou com um tiro na cabeça após consumir heroína.


Janis Joplin (1943 - 1970): A cantora morreu de overdose depois de misturar álcool com heroína.


Jim Morrison (1943 - 1971): O ex-vocalista da banda The Doors foi encontrado morto na banheira após sofrer uma overdose de heroína.

Mais meninas infratoras

Número de adolescentes na Fundação Casa, a antiga Febem de São Paulo, dispara. Avanço do tráfico e rigidez de juízes explicam fenômeno

Kátia Mello

katia.mello@folhauniversal.com.br


“A escola aqui é mais legal. Lá fora, não te dão muita atenção”, diz Tatiane*, de 17 anos, internada há 5 meses por tentativa de homicídio. “Mas é que lá fora tem tanta coisa pra fazer além de ir para a escola”, completa Fernanda*, de 16 anos, há 8 meses na Fundação Casa, a antiga Febem de São Paulo, por tráfico.


Comentários como estes se repetem nos corredores da Casa Guarulhos Feminina, unidade visitada pela reportagem da Folha Universal. São cada vez mais meninas internadas em São Paulo: de 236 garotas com restrição de liberdade em 2006, a Fundação Casa passou a abrigar 415 este mês.


Desde que se alinhou ao Sistema Nacional de Atendimento Sócioeducativo (Sinase), a Fundação Casa reinsere seus internos na escola, dá cursos de qualificação básica, promove atividades culturais e artísticas e até festas temáticas. Nos quartos e áreas comuns da unidade visitada,flores, desenhos e frases preenchem as paredes, que vêm ganhando demãos de tinta rosa e lilás. Apesar das melhorias, é impossível esquecer a privação de liberdade. “A gente sente saudade de tudo: de casa, dos amigos, das minhas irmãs, de usar a internet, das festinhas. É complicado”, diz Beatriz*, de 13 anos, também internada por tráfico, que, atrás das grades, tornou-se coreógrafa da turma nas apresentações de dança.


Entre os motivos de jovens como Beatriz acabarem atrás das grades está o tráfico de drogas. “Vemos um envolvimento maior das meninas, seja por influência de namorados, para protegê-los, ou para subsidiar o consumo próprio. Nos anos 90, a infração mais comum era roubo ou furto”, diz Berenice Gianella, presidente da Fundação Casa desde 2005, quando o tráfico era causa de 22,5% das internações femininas. Hoje, é de 56,1%.


O aumento do número de adolescentes internados é um problema nacional e não apenas das unidades femininas ou de São Paulo. De acordo com os dados mais recentes da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, de 2010, houve um aumento de 4,5% nas internações de ambos os sexos, passando de 16.940 em 2009 para 17.703 no ano passado. Em todo o País, são 915 meninas internadas. Elas ainda são minoria, 5%, apesar do aumento do número de casos. Entre os fatores que ajudam a entender esse crescimento está o envolvimento com drogas.


Além do tráfico, o aumento, diz Berenice, se deve à resistência de juízes em conceder sentenças mais brandas, como medidas socioeducativas sem restrição de liberdade e prestação de serviços.


Mesmo entre as adultas, a participação de mulheres no crime é pouco significativa. “Elas desempenham papel pequeno no tráfico e não representam perigo para a sociedade. Poderiam ser inclusas em políticas de reinserção social”, afirmou a socióloga Julita Lemgruber, no Encontro Nacional sobre Encarceramento Feminino.


Há ainda outros aspectos que explicam o crescimento do número de adolescentes envolvidas com o crime. “O que observamos é a influência do mercado de consumo no comportamento dos jovens. Eles seguem o raciocínio do ‘ter para ser’. O tráfico é uma maneira de conseguir o dinheiro e poder, pois o fornecedor passa a ser bem relacionado”, analisa o advogado Ricardo de Moraes Cabezón, presidente da Comissão de Direitos Infanto-Juvenis da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo.


“Hoje, há o incentivo exacerbado do consumo, a efemeridade dos relacionamentos afetivos – quase sempre descartáveis –, e uma nítida necessidade de anestesiamento frente às dificuldades cotidianas. Desta forma, as relações de intolerância, processos de criminalização da pobreza, falta de oportunidades, miséria, violência, abandono, falta de atenção, envolvimento com drogas, entre outros, contribuem para a ampliação da criminalidade”, complementa a psicóloga Adriana Ridão, uma das autoras do estudo “Mulheres no crime: análise psicossocial dos contextos de vulnerabilidade de adolescentes do sexo feminino de classes populares no cometimento de atos ilícitos”.


*Os nomes foram trocados para preservar a identidade das adolescentes

Viciado em Xbox morre após maratonas de jogos

Viciado em Xbox morre após maratonas de jogos

O inglês Chris Staniforth, de 20 anos, morreu de uma trombose venosa profunda causada pelo vicio em vídeo game. Ele jogava Xbox por, pelo menos, doze horas sem descanso. A TVP é um coágulo no sangue que está geralmente associada a longos períodos de inatividade, como sentar em um voo de longa distância.

Chris passou mal durante uma entrevista de emprego. Ao sair do local, ele teria se abaixado para pegar um pacote de goma de mascar, caiu para trás e começou a sofrer espasmos. Um amigo que o acompanhava chamou a ambulância, mas o jovem não resistiu e morreu a caminho do hospital.

O pai de Chris, David, disse ao jornal The Sun que o filho vivia para o Xbox e não imaginava que jogar video game poderia fazer mal ao filho. “Quando ele ganhava um jogo poderia jogá-lo por horas e horas a fio, às vezes 12 horas sem parar", disse ao The Sun.

A Microsoft recomenda que os jogadores deem um tempo para pausas e exercícios e que tenham outras atividades.
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TRÁFICO DO PRAZER


TRÁFICO INTERNACIONAL DE MULHERES PARA FINS SEXUAIS MOVIMENTA CERCA DE US$ 30 BILHÕES AO ANO; MAIS DE 85% DESSE VALOR É GERADO NA AMÉRICA LATINA E CARIBE, MOSTRA RELATÓRIO DA OMI



DADOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIA DE IMIGRAÇÃO (OMI) divulgados no final de 2010 revelam que o tráfico de mulheres movimenta, no mundo todo, cifras superiores a US$ 30 bilhões. Desse valor, 85% são gerados na América Latina e no Caribe, locais que fazem, juntos, mais de 100 mil vítimas todos os anos.

O DOCUMENTO MOSTRA TAMBÉM que as vítimas são, majoritariamente, mulheres de classe baixa e de pouca ou quase nenhuma escolaridade, que vivem em famílias instáveis e desestruturadas. Tais características inibem a oferta de trabalho a essas mulheres e as estimulam a se aventurar em diferentes esquemas, em busca de dinheiro e qualidade de vida.

METADE DAS MULHERES NÃO TEM CONSCIÊNCIA DE SEU ESTADO DE VÍTIMA

AS VÍTIMAS DAS ORGANIZAÇÕES geram lucro líquido de US$ 13 mil para seus exploradores, que Sa vendem para uma rede de exploração sexual por entre US$ 100 e US$ 1.600. Argentina, Chile e Uruguai são os principais polos exploradores. Nesses países, ainda não existe uma rede de proteção às vítimas, uma vez que essa prática não é considerada crime, e os exploradores, portanto, precisam ser julgados por outras causas. Além dessa agravante, o fato de 50% das mulheres não terem consciência de seu estado de "vítima" dificulta ainda mais a contenção do crime, informa o relatório.

CHILE: O MAIOR RECEPTOR DAS AMÉRICAS

As pesquisas mostraram, ainda, que o Chile é o principal receptor das vítimas da exploração sexual. Em 2007, o país recebeu 40% das argentinas, 25% das peruanas, 24% das colombianas, 5% das chinesas e 2% das equatorianas, dominicanas e brasileiras exploradas pelas redes de tráfico humano do planeta.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Por quê?

Por quê?

Fanatismo, intolerância religiosa, racismo e preconceito. Como entender o delírio que levou norueguês a matar mais de 70 de pessoas em 1 dia

Gisele Brito e Kátia Mello

redacao@folhauniversal.com.br

A Noruega tem o maior Índice de Desenvolvimento Humano do mundo: 0.938, em uma escala que vai de 0 a 1. Tem, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), índices de criminalidade baixíssimos. Em 2010, foram 34 roubos para cada 100 mil habitantes e 6 homicídios para cada 1 milhão. O país tem sediado organizações não governamentais e associações importantes na construção de mecanismos para estabelecer a paz mundial e reduzir os índices de violência globais, tais como a Iniciativa Norueguesa sobre Transferências de Armas Leves (Nisat, da sigla em inglês).


Foi em Oslo, capital deste país considerado pacífico, que, às 15h20 da sexta-feira (22), um carro-bomba explodiu em frente ao prédio de 17 andares onde funciona o gabinete do primeiro-ministro do governo Jens Stoltenberg. Oito pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. Foi o suficiente para que toda força policial e de emergência da capital, uma cidade com pouco mais de 500 mil habitantes, fosse direcionada para o local a fim de tentar evitar mais explosões, encontrar os responsáveis e ajudar os feridos.


Enquanto isso, numa balsa rumo à ilha de Utoya, seguia o autor da explosão, Anders Behring Breivik. O norueguês de 32 anos aportou às 17h na ilha vestido de policial e seguiu direto à colônia de férias da juventude do Partido Trabalhista. Lá, fez um teatro para ganhar a confiança dos adolescentes e em alguns minutos alvejou 68 vítimas. O policial que fazia a segurança também foi morto. Breivik se entregou à polícia sem resistir às 18h30 no local em que cometeu o massacre.


Nos dias posteriores ao atentado, peças do quebra-cabeça que compõem esse cenário de terror começam a se juntar. Um manifesto com mais de 1,5 mil páginas contra a “islamização da Europa” e o “marxismo cultural”, chamado “2083: A Declaração Europeia de Independência”, publicado na internet horas antes dos atentados, evidenciaram sua posição política de extrema-direita e de intolerância religiosa. Católico, ele se denominava da “Ordem dos Cavaleiros Templários”, os fanáticos da época das Cruzadas que promoveram verdadeiros massacres a pretexto de difundir a religião.


As mensagens também deixaram evidente um forte sentimento xenófobo, ou seja, de ódio contra estrangeiros. No seu delírio, Breivik defendeu “o uso do terrorismo como meio de despertar as massas” e declarou esperar ser sempre lembrado “como o maior monstro nazista desde a Segunda Guerra Mundial”.


O crime, que vinha sendo planejado desde o final de 2009, visava matar 5 mil pessoas. “Não existe outra explicação para esse tipo de atitude a não ser um estado mental alterado, seja por um distúrbio psicológico, seja pelo fanatismo”, afirma a psicóloga Marlene J. de Alcântara, doutora pela Universidade de São Paulo.


“Crimes deste tipo visam chamar a atenção para a causa do grupo terrorista e quase sempre terminam em suicídio. Não existe padrão psicológico no perfil destes homens e são várias as classificações de seus crimes”, complementa o psiquiatra forense Daniel Martins de Barros. Ataques como o ocorrido têm sido temas de estudos e de livros como o “Assassinato Extremo: Entendendo os Assassinatos em Série e em Massa” (escrito em inglês e sem tradução para o português ainda).



Na obra escrita pelos sociólogos criminalistas James Alan Fox e Jack Levin em 2005, nos Estados Unidos, são apontados três tipos de vingança motivacionais para assassinos em massa: a “específica”, em que as vítimas escolhidas seriam parte “culpadas” pelo sofrimento do terrorista, como é o caso dos estudantes atiradores do Instituto Columbine, ocorrido em 1999 nos Estados Unidos; a “por categoria”, em que grupos são o alvo de ataques por conta de gênero, raça ou religião; e a “contra o mundo”, com vítimas escolhidas ao acaso, como é o caso dos ataques às Torres Gêmeas em 2001.


“É mais comum o assassino não ter uma doença psiquiátrica associada do que ter. Quanto mais indiscriminadas as ações, mais próximo da insanidade está o algoz”, aponta o psiquiatra Barros, que fez um estudo sobre o caso de Wellington Menezes de Oliveira, o atirador de Realengo que matou 11 crianças (leia mais).


“O Wellington era catatímico, que é quando o paciente entra em estado delirante, com rigidez marcante e fica inacessível ao raciocínio lógico. A crise catatímica pode se externar em massacres. Mas este terrorista de Oslo não me pareceu catatímico”, analisa. “Os casos são diferentes, pois o massacre promovido por Wellington não configura terrorismo”, separa o médico.



O ato do norueguês é classificado como terrorismo porque visa provocar medo em setores específicos da população e sugerir que haja mudança de comportamento no governo local – ele deixa isso claro em seu manifesto contra a esquerda e ao falar da preocupação com uma suposta “invasão islâmica” na Europa.


“O terrorismo é um método que usa a violência para atemorizar. As vítimas têm função simbólica. Os atos são usados para servir de exemplos a outras pessoas”, esclarece o professor Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo.


Segundo estudo realizado pela Universidade de Flinders (Austrália), que controla o Banco de Dados de Terrorismo Suicida, a maioria dos ataques de homens-bomba tem fundo político mais exacerbado que o religioso. Ainda segundo o estudo, estes homens não têm nada de loucos: são psicologicamente saudáveis, ligados às suas comunidades e religião e com vida social normal, como era o caso de Breivik. O norueguês foi filiado ao conservador Partido do Progresso e costumava escrever sobre política e economia mundial, demonstrando profunda ignorância em relação a diversos problemas mundiais. Ao falar em um de seus textos sobre o Brasil, por exemplo, ele relacionou a pobreza e desigualdade à “mistura de raças catastrófica”.


“Esses assassinos em massa acreditam na figura do mártir, acreditam que serão uma figura admirável por defender os interesses de uma parcela da população, do seu povo”, fala Marlene. “O que me impressiona é que ele usou o mesmo artifício que seus ‘inimigos islâmicos’ usam”, completa.


A maioria dos terroristas tem por trás de suas mentes lavagem cerebral e a crença irracional em algo, em maioria política ou religiosa. “Componentes sociais e econômicos conjugados com elementos psicológicos do indivíduo que comete o ato influenciam a prática terrorista. Hoje, a Europa é um ambiente fértil para arregimentar terroristas porque cresce cada vez mais a rejeição ao imigrante, principalmente o identificado como árabe ou africano e isso chega a ser estimulado pelo Estado”, pontua Nasser.


Com a crise econômica mundial que quebrou diversas potências no Hemisfério Norte em 2008, houve fortalecimento de partidos de extrema- direita. Nos Estados Unidos, tal mudança foi impulsionada pelos opositores ao governo de Barack Obama. Na Europa, por conservadores nacionalistas, xenófobos ou não, mas em maioria contrários ao multiculturalismo (a mistura de culturas). São radicais defensores de conceitos retrógrados como “pureza racial” que usam um discurso de ódio para justificar políticas anti-imigração e têm recebido apoio popular.


“Assassinos em massa têm histórico de frustração e de não saberem lidar com ela, de culpar os outros pelos seus erros. Vivem isolados em seus próprios pensamentos megalomaníacos. A xenofobia é só um dos fatores que mascaram esse comportamento perturbado. O que posso observar deste caso é que ele quis mostrar seu poder contra seus ‘inimigos’, atirando contra eles”, conclui Marlene.

domingo, 31 de julho de 2011

ALTA SOCIEDADE


BRASILEIROS COM MAIS DE US$ 1 MILHÃO EM APLICAÇÕES JÁ SÃO MAIS DE 250 MIL; SE SOMADAS, AS FORTUNADAS DELES REPRESENTAM QUASE METADO DO PIB BRASILEIRO E NÚMERO DE NOVOS MILIONÁRIOS NÃO PARA DE AUMENTAR: EXPANSÃO É MAIOR QUE 46% AO ANO

Segundo critérios estabelecidos pelo BCG (The Boston Consulting Group), milionários são aqueles que têm mais de US$ 1 milhão aplicado no mercado financeiro. No Brasil, de acordo com o grupo de consultoria, aproximadamente 250 mil pessoas ostentam essa cifra. Em 2006, eles eram pouco mais de 130 mil, mas até o final de 2007 já somavam 190 mil. O ritmo de crescimento do número de milionários brasileiros é acelerado, com expansão de até mais de 46% ao ano, informa o BCG.

Se somadas as fortunas dos milionários brasileiros, chega-se ao incrível valor de US$ 675 bilhões, o equivalente a quase metade do Produto Interno Bruto (PIB) do País. Destes sortudos, 65% vivem na cidade de São Paulo. Não por coincidência: é na capital paulista – mais precisamente no Parque Cidade Jardim - que estão à venda os apartamentos mais caros da América Latina.

UM APARTAMENTO DE MAIS DE R$ 140 MILHÕES EM SP

No tradicional bairro paulistano foi vendido recentemente, por R$ 23 milhões, um dos imóveis mais caro da cidade. Ele mede 1.700 m2, tem 21 vagas de garagem e fica na cobertura de um edifício de 25 andares. Lá, o metro quadrado sai por mais de R$ 10,5 mil. Até então, o recorde pertencia a um prédio no bairro de Higienópolis (zona oeste de SP), com R$ 8.354 o metro quadrado, que também não está mais à venda.

Nada que se compare à casa do dono do extinto Banco de Santos. Situado no bairro do Morumbi, zona sul de São Paulo, o imóvel não está à venda, mas é avaliado em torno de R$ 140 milhões, um dos mais caros da América Latina e o mais caro da capital paulista.

MILIONÁRIOS PAGAM PARA SACIAR UMA CURIOSIDADE: SABER COMO É TER UMA "VIDA MODESTA"

Na contramão do luxo, cresce também em todo o mundo o número daqueles que já se cansaram de ser milionários e, agora, estão dispostos mesmo é a levar uma vida mais modesta. Milionários russos, por exemplo, estão preferindo se disfarçar de pobres para se divertirem. Empresários, deputados, altos funcionários e suas mulheres gastam até US$ 10 mil dólares por pessoa para passar uma noite em Moscou prestando serviços de garçom, motorista de táxi ou então sendo vagabundos ou mesmo prostitutas.

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