domingo, 3 de março de 2013

A dor que só os vícios causam


Consumir álcool ou droga não faz mal somente aos usuários. Quem convive com o dependente pode até adoecer se não cuidar primeiro de si próprio

O alcoolismo ou o uso nocivo de drogas é uma doença que afeta não apenas o dependente, mas também seus familiares. Estatísticas indicam, inclusive, que o vício está entre os maiores vilões do casamento, atuando na destruição de diversas famílias. Quem ama e convive com um dependente químico ou alcoólatra muitas vezes esquece de si próprio em função do dependente. A essas pessoas, que deixam a própria vida em segundo plano em prol de terceiros, a psicologia tem uma definição: codependência.


De acordo com especialistas, trata-se de uma disfunção biopsicossocial e espiritual, que, admitem, requer a dimensão espiritual como parte integrante do tratamento. Não são poucas as pessoas que já passaram e que ainda passam por esse tipo de problema. Enfrentam vergonha, dor, preconceito, sensação de impotência, desespero, violência, internações, prisões e até mortes prematuras.


Em casos mais extremos, o codependente se lança em lutas inglórias, anula-se e não vê resultados práticos. “Toda a liberdade individual se esvai no ato de cuidar do outro. É uma relação que se caracteriza pelo tripé amor, ódio e culpa”, explica a psicóloga clínica Cleusa Cezário. “O familiar tem de tomar cuidado para não aprisionar a própria vida”, adverte o bispo Afonso, responsável pelo trabalho evangelístico da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em presídios.


Na avaliação do pastor Jean Madeira, que durante muitos anos esteve à frente do Grupo Jovem da IURD, atuando, entre outras frentes, no trabalho de recuperação de dependentes de drogas e de álcool, tanto usuários quanto seus familiares acabam ficando vulneráveis. “O problema é espiritual e também social. Por ser espiritual, a pessoa fica vulnerável a qualquer coisa que vier sobre ela. Então, é de suma importância que sejam feitos esses dois trabalhos: o espiritual (para que a alma e o espírito sejam fortalecidos), e o social, para dar assistência à pessoa, a fim de que ela se recupere num todo.”


História de sacrifícios




A jornalista Maria de Souza, de 60 anos, preferiu um nome fictício para contar sua história, que na verdade se confunde tanto com a de seus familiares que ela afirma não ter vida própria há mais de 30 anos. Solteira, ela se dedicou à mãe até sua morte, há 4 anos. “Desde criança eu fico feliz se a outra pessoa está bem e até me sinto culpada se isso não acontecer. O outro sempre veio em primeiro lugar na minha vida”, admite.


Maria estava no auge da carreira quando um dos quatro irmãos se separou da mulher e foi morar com ela e a mãe. Três anos mais jovem que ela e alcoólatra, ele passou a ser cuidado pelas duas. “Eu tinha 30 anos e acabei acumulando preocupações.” Depois que a mãe deles faleceu, Maria passou a cuidar dele sozinha e a trabalhar em dobro para manter a casa onde vivem. Sem trabalho e sem qualquer outra atividade além do vício (ele também fuma), leva uma vida ociosa e não vai nem a um supermercado. “Se ele pegar dinheiro, vai beber”, conta Maria.


Como não conta com a ajuda dos outros irmãos, financeira ou como companhia, pois não suportam a ideia de conviver com um alcoólatra, Maria diz se sentir cansada. “Não posso viajar e deixar a casa nas mãos dele sozinho porque não sei como vou encontrar o imóvel ou ele mesmo, já que temo pela sua saúde”, lamenta, reconhecendo não ter lazer na vida.


“É assim, qualquer relação, seja sadia ou com problema, é única e especial e qualquer coisa que se diga vai ser teoria porque na prática pode ser diferente”, diz Cleusa Cezário. “Uma mãe superprotetora acaba desenvolvendo no filho necessidade de ser protegido. No caso extremo, de dependência de droga, a família toda fica doente e o cuidador passa a esconder coisas porque é feio, existe o preconceito e ele não sabe lidar com aquele situação perigosa”, explica.


A Folha Universal teve um exemplo de relação familiar não saudável ao tentar agendar uma entrevista. A mãe de uma moça viciada em cocaína não quis falar, mesmo sob anonimato, por medo de apanhar da filha. “Às vezes, a relação fica tão desgastada que o cuidador pode desenvolver raiva pelo parente, ficar doente e perder o senso de si mesmo por ficar à mercê do poder perturbado do dependente”, comenta Cleusa. “No caso do irmão alcoólatra e da filha dependente química, a relação doentia e de codependência fica muito clara e evidencia-se pelo fato de não haver trocas prazerosas.”


Segundo a psicóloga, a família deve tomar consciência de que ela é responsável por seus membros doentes ou sadios, fáceis ou difíceis de lidar, tendo ou não recursos financeiros para isso. “Na maioria das vezes um único membro da família arca com o problema e o cansaço, desgaste e a perda da liberdade aparecem mais rapidamente. Nesse momento é necessário buscar todas as formas possíveis de ajuda.”


Apesar da dificuldade para manter a relação saudável, especialmente em casos de dependência, melhor do que remediar é já se antecipar e evitar a codependência, acredita a psicóloga Yara Fabricia Pinaffo. “Primeiro a pessoa tem que se amar e ter autoestima alta para estar preparada para amar o próximo, para uma troca saudável. Pode cuidar do outro, mas tem de ter tempo para si.”


Na opinião dela, as relações sadias têm sempre uma troca justa. “Há o momento de dar e de receber, não necessariamente ao mesmo tempo e na mesma quantidade. Por exemplo, um idoso vai precisar de mais atenção, mas pode te dar carinho, experiência.”


Yara lembra que o problema da codependência pode envolver até produtos e exemplifica com uma mãe que tem um filho dependente de computador. “Se a mãe o incentiva a usar para que ele fique quieto no quarto, ela é uma codependente”, exemplifica.


Para falar sobre a importância da troca na relação saudável, a reportagem também conversou com o bispo Emerson, apresentador do programa “The Love School – A Escola do Amor”, na IURD TV, e organizador da “Terapia do Amor” no templo da João Dias, em São Paulo. “Todo mundo está atrás de pessoas que se valorizam”, disse o bispo. “A pessoa tem que se valorizar e não se anular da vida dela, até porque ninguém quer estar ao lado de um chiclete, que se torna até inconveniente”, orientou.


Exemplo de superação


O amor próprio e a autoestima do dependente também ajudam em muitos casos a tornar a relação saudável. O radialista Renato Petkevicius tinha uma vida ativa, praticava esportes e até surfava. Mas, aos 20 anos, em uma festa no interior de São Paulo, sua vida mudou drasticamente. “Foi num sítio. Eu vi uma laje perto da piscina, subi e comecei a pular: no quarto salto eu dei impulso, mas desisti e acabei batendo a cabeça no fundo da piscina”, lembra ele.


Depois do acidente, o jovem ficou tetraplégico, mudou para Brasília (DF) e se aproximou mais da mãe, separada do pai. “Ficamos juntos por 3 meses, período em que pedi licença do meu trabalho”, conta a aposentada Marisa Ferreira Matos, de 59 anos. Segundo ela, o filho sempre fez questão de se manter independente. “Ele quis tomar conta da própria vida. É guerreiro, é batalhador e odeia dar trabalho para os outros.”


“Convivemos com a dependência, mas sempre tentando deixá-lo o mais independente possível, se sentindo autônomo e tomando decisões sobre emprego, faculdade, pós-graduação, especialização, tudo que ele conquistou na vida”, diz, orgulhosa do filho, que hoje trabalha como analista de marketing e nunca deixou de manter uma boa relação com familiares e amigos, independentemente da condição física.


“Em nenhum momento minha vida social parou. Vejo o pessoal em festas, é normal”, conta o rapaz, que voltou a morar em São Paulo, conta com a ajuda profissional de dois cuidadores e gosta de sair para passear com amigos e familiares pela cidade onde nasceu.


“A situação do Renato é diferente. Ele tem a limitação física, mas se banca emocionalmente e tem condições de decidir que não quer ser um peso na vida da mãe, e ela pode vivenciar o amor por ele sem reservas”, compara Cleusa Cezário.


Atuação da IURD


O trabalho com dependentes de drogas e de álcool sempre foi um dos alvos da Igreja Universal. “Acredito que seja a instituição que mais atua nesta área, auxiliando tanto os dependentes quanto seus familiares”, comenta o vereador Jean Madeira (PRB-SP). “São inúmeras as pessoas, sobretudo jovens, que conseguimos recuperar e reinserir no convívio social”, acrescenta ele, que está instituindo o Projeto de Lei 0039/2013 para estabelecer uma semana para prevenção e combate às drogas no calendário da cidade de São Paulo.


"Familiar não pode se aprisionar junto"


Além de problemas psicológicos, de saúde e de dependência química, a relação de codependência é comum nos presídios do Brasil afora, em razão de familiares, companheiros e amigos passarem a se dedicar exclusivamente para a quem está na cadeia. “O familiar tem que tomar cuidado para não aprisionar a própria vida junto com a do preso e esclarecer que isso também não ajuda, já que o preso não quer sentir ainda mais culpa”, comenta o bispo Afonso, responsável pelo trabalho da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em presídios. “Não dá pra saber onde o sofrimento é maior, se é dentro da cadeia ou na fila, na porta, mas temos o trabalho de conversar com presos e também familiares, que precisam dividir esse fardo com Deus”, diz o bispo.


Sobre o trabalho da IURD nas detenções, Douglas Moraes (à esquerda) é só elogios. Ele diz ter percebido mudanças no irmão Deivid Edson Moraes (à direita), preso em Guarulhos, na Grande São Paulo. “É muito bom quando a IURD entra lá. O jornal (Folha Universal) também ajuda com informações e vejo que ele já está bem melhor. A gente temia que ele piorasse, mas foi o contrário. Agora nem tem mais ansiedade, ele sabe que está colhendo o que plantou, mas está disposto a pagar”, comemora.


Douglas se diz grato e espera poder retribuir um dia o que está sendo feito pelo irmão. Casado e pai de duas crianças, ele diz se esforçar para cuidar da família sem deixar de dar atenção ao irmão. Semanalmente ele o visita, ajudar a cuidar da sobrinha e até contribui com advogados para cuidar do caso.





A.M.C realiza um café da manhã para as internas,famílias e funcionários da Fundação Casa de Parada de Taipas em São Paulo.


O evento na Fundação Casa de Parada de Taipas começou assim: As senhoras que fazem parte do Grupo AMC, começam a fazer a montagem com todo carinho e amor de tudo que for necessário para dar o melhor para as internas.










As 57 meninas foram recebidas com uma flor no cabelo. Variadas cores contribuiram para alegrar o espaço e as mulheres voluntarias da AMC participaram com muita alegria e sorrisos.









As meninas foram presenteadas com um anel de uma história narrada pela senhora Rosana que é a presidente da AMC e as senhoras que fazem parte do grupo. “O Velho Rei Sábio”. Em toda e qualquer dificuldade existe uma chance de abraçar uma oportunidade muito melhor, pois existe sobre o dia um Céu que está em todo lugar em cima da nossa cabeça e Deus jamais se esqueçe dos que o buscam e mudam de atitudes ruins.





O anel foleado dizia: “TUDO PASSA”, e seguro elas tambem abraçará essa oportunidade e buscará refazer a sua vida quando estiver livre para recomeçar











cantora Isis Regina cantou junto com grupo da AMC e as internas.





A Banda GERD parceira da AMC alegrou ainda muito mais o evento foi uma animação completa.














Uma mesa farta e diversificada de salgados e doces. Foram distribuido para as internas funcionários da casa.














Foram distribuido também kites de maquiagem para as internas.


Uma canja de fotos a pedido das internas.





A Oração que é a parte mais essencial desse momento finaliza com as voluntárias que adotaram o ombro, as mãos deixando assim a paz necessaria de um local que nos recebe com muito carinho e gratidão




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