segunda-feira, 20 de agosto de 2012

“Tive crises de abstinência”

A menina preparou-me um banho com sais de alfazema. Eu amo o perfume de alfazema. Minha roupa estava em cima da cama, roupa limpa e cheirosa. Limparam as minhas unhas, cortaram e pentearam meus cabelos. Sentei-me à mesa para tomar a sopa.


Tudo estava diferente, eu não entendia nada. Naquela casa havia paz. Havia um perfume de amor no ar... Eu não entendia. Minha cabeça doía, meu corpo ainda estava fraco. Nenhuma palavra saía da minha boca, tinha medo de falar; tinha medo, muito medo.

A menina dormiu do meu lado. Eu olhava para ela e via uma menina, não mais uma "coisa". Era tão carinhosa comigo... Eu não entendia por que o meu ódio por ela ainda existia. Mesmo assim não lhe dirigi nenhuma palavra.

Noite difícil, sentia falta da droga. A abstinência faz nosso corpo entrar em transe, parece que não vai ter fim. Eu queria muito sair daquela vida, mas sozinha seria impossível.

Tinha vontade de chorar, não conseguia dormir, meu corpo tremia muito. Algo me dizia para me matar, dizia que eu não iria conseguir, que para mim não tinha jeito.

Quero ajuda, preciso de ajuda... Vontade de gritar, muito choro. Levantei-me e fui ao banheiro. Fiquei horas lá dentro chorando muito.

A menina se levantou e ficou ao meu lado, me deu um abraço. Fiquei parada sem saber o que fazer, entrei em pânico.

Os dias foram passando e minha tia e a menina frequentavam uma igreja; então era por isso que elas eram diferentes. Parecia que não tinham medo, eram confiantes. Confiantes em quem ou em quê? Também queria aquela confiança.

Preciso de drogas, preciso de ajuda... Ao mesmo tempo que quero sair e mudar de vida, não tenho forças... Uma grande confusão em minha cabeça!

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